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domingo, 19 de maio de 2024

Siracusa, o berço grego da Sicília, períodos grego e romano.

1. -  Introdução


Siracusa, é uma cidade muito rica em história e cultura, que se localiza  na costa sudeste da Sicília. Ela é um verdadeiro testemunho das civilizações que se sucederam no Mediterrâneo. Fundada por colonos gregos em 734 a.C., tornou-se uma das cidades-estado mais influentes da Grécia Antiga, conhecida por sua riqueza, poder e magníficas construções. Siracusa floresceu durante o período da Grécia Clássica. Posteriormente, ao longo dos séculos, Siracusa foi palco de inúmeros eventos históricos, sob o domínio de romanos, bizantinos, árabes e normandos, cada um deixando sua marca indelével na cidade.

Visão geral de Ortigia, centro histórico de Siracusa, foto de 

2. - Resumo Histórico - Pré história, gregos e romanos


2.1 - Pré-história (3.000 aC a 734 aC)

A região onde Siracusa foi fundada já era um centro de atividade humana muito antes da chegada dos gregos. Os Sicani, Sículos, Elímios e as culturas de Castelluccio e Thapsos deixaram um rico legado arqueológico que pode ser visto nas coleções do Museu de Siracusa. Esses povos contribuíram para o desenvolvimento cultural e tecnológico da região, criando uma base sobre a qual os gregos construíram a próspera cidade de Siracusa.

2.1 Fundação e Era Grega (734 a.C.-212 a.C.)


Siracusa foi fundada por colonos gregos liderados por um nobre coríntio chamado Arquias. Rapidamente prosperou, graças à sua posição estratégica e à fertilidade de suas terras, tornando-se uma das cidades mais poderosas do mundo grego. Durante este período, destacou-se pela sua cultura, economia e força militar, chegando a rivalizar com Atenas e Cartago.


Siracusa foi a segunda cidade da Sicília fundada pelos gregos em 734 a.C., logo depois de Naxos em 735 a.C. Outras cidades foram Catânia, Leontinoi, Megara Hiblaea, Zancle, Selinunte, Himera, Gela e Agrigento.

Durante todo o período de sua fundação até ser conquistada pelos romanos Siracusa foi uma cidade estado independente. 

Mapa Siracusa - Corinto

Os principais personagens dessa época foram  Arquias (fundador), Dionísio, o Velho (tirano), Platão (filósofo que visitou a cidade).

2.1 - Os principais eventos da era grega em Siracusa


O Contexto geral

Os século V e IV aC, também chamada de era clássica, foi o tempo em que os gregos se uniram e derrotaram a tentativa de invasão da Pérsia,  e que Atena era uma grande potência e influenciava muitos povos gregos ao redor com o seu modo de vida, com o desenvolvimento da sua Democracia, as escolas filosóficas, ...,. Esse período foi o tempo de Péricles, da construção do Pathernon, período em que viveu Sócrates, Platão e Aristóteles. 

Entretanto, esse período trouxe a tona a rivalidade com Esparta, as disputas entre as ligas de Delos (cidades lideradas por Atenas) e peloponeso (cidades lideradas por Esparta). Essa rivalidade acabaria em uma guerra de 31 anos, também chamada de guerra do Peloponeso e que seria o início do declínio de Atenas e todo o mundo o grego.

Nessa época começavam os crescimentos e tentativas de expansão de Cartago para a Europa, e de Roma em oposição em direção à Asia e África.

Do ponto de vista de Siracusa podemos apontar como eventos importantes:
  • Batalha de Himera (480 a.C.): Siracusa derrotou a frota cartaginesa, marcando o auge de seu poder militar na antiguidade.
  • Batalha de Siracusa (415 aC a 413 aC) - Na guerra do Peloponeso, principalmente disputa entre Atenas (Liga de Delos) contra Esparta (Liga do Peloponeso), Atenas que estava sofrendo muitas derrotas resolveu atacar Siracusa pensando em expandir o seu poder. Atenas foi fragorosamente derrotada na guerra contra Siracusa. Siracusa era aliada de Corinto que por sua vez era da Liga do Peloponeso. Atenas achou que era uma ótima oportunidade e subestimou a capacidade de Siracusa.
  • Cerco e conquista de Siracusa (213-212 a.C.): A cidade resistiu ao cerco romano por quase dois anos, no meio da 2a guerra púnica, destacando-se pela genialidade de Arquimedes em defesa da cidade. No final Siracusa foi derrotada e Arquimedes foi morto. 

2.2 - A história de Dionísio e Platão em Siracusa



Dionísio I, também conhecido como Dionísio, o Velho, foi tirano de Siracusa de 405 a.C. até sua morte em 367 a.C. Sua governança ocorreu em um período crítico da história grega, marcado por conflitos internos e externos, e sua liderança teve um impacto significativo na propagação das ideias e da civilização grega, especialmente no contexto da Sicília e do Mediterrâneo ocidental.

Nessa época (405 a.C. a 380 a.C.) Atenas entava em um período de transição e recuperação,  tentando reconstruir sua influência após a derrota na Guerra do Peloponeso. A cidade estava sob um regime democrático, com uma política externa focada em equilibrar o poder na Grécia e resistir à hegemonia espartana.

Importância na Propagação das Ideias e Civilização Grega

Dionísio I desempenhou um papel crucial na expansão do poder e da influência grega no Mediterrâneo. Ele transformou Siracusa em uma das cidades-estado mais poderosas do mundo grego, rivalizando com Atenas e Esparta em termos de poder militar e influência cultural. Sob seu governo, Siracusa não apenas consolidou seu domínio sobre a Sicília, mas também estendeu sua influência sobre partes do sul da Itália e do Mar Adriático, servindo como um importante centro de difusão da cultura grega.

Dionísio também foi um grande patrono das artes e da literatura, atraindo poetas, filósofos e artistas para a sua corte.

Dionisio I, Tirano de Siracusa


Platão visitou Siracusa, por várias vezes ao longo de sua vida, e essas visitas tiveram um impacto significativo tanto para ele quanto para a história da filosofia ocidental. A primeira visita de Platão a Siracusa ocorreu por volta de 387 a.C., e as razões e consequências dessas visitas são multifacetadas, envolvendo tanto questões pessoais quanto filosóficas.

Estátua de Platão, Atenas, HistoriacomGosto



Razões para a Visita

1. Interesse Filosófico e Político: Platão estava profundamente interessado na aplicação prática de suas ideias filosóficas, especialmente suas teorias sobre a governança ideal e a justiça. Ele viajou para Siracusa com a esperança de influenciar o governo da cidade-estado e implementar suas ideias sobre a "Realeza Filosófica", onde os reis seriam filósofos ou os filósofos se tornariam reis.

2. Convite de Dion: Dion, cunhado e amigo de Platão, era um membro influente da corte de Dionísio I, o tirano de Siracusa. Dion era um admirador das ideias de Platão e acreditava que a filosofia do ateniense poderia melhorar o governo e a sociedade de Siracusa.


Porto de Siracusa, foto dreamstime,


Importância da Visita

1. Tentativas de Reforma: Platão tentou, sem sucesso, aplicar suas ideias filosóficas ao governo de Siracusa, especialmente durante as suas interações com Dionísio I e, mais tarde, com Dionísio II. Suas tentativas de reforma enfrentaram resistência e acabaram falhando, mas essas experiências forneceram a ele uma compreensão prática dos desafios de aplicar ideais filosóficos na política real.

2. Influência sobre Platão e sua Filosofia: As experiências de Platão em Siracusa tiveram um impacto profundo em seu pensamento filosófico. Após suas visitas, ele desenvolveu ainda mais suas teorias sobre a natureza da liderança e da justiça, que foram expressas em diálogos posteriores, como as "Leis" e a "República". A realidade complexa e muitas vezes decepcionante da política em Siracusa pode ter ajudado a moldar sua visão sobre a natureza humana e a sociedade.

Livro "República" de Platão,
quadro de Rafael, Capela Sistina

3. Relacionamento com Dion: A relação de Platão com Dion foi crucial para suas visitas a Siracusa. Após a morte de Dionísio I e a ascensão de Dionísio II, Dion e Platão tentaram influenciar o jovem tirano, mas sem sucesso. A eventual expulsão de Dion e o subsequente conflito político em Siracusa destacaram os desafios de implementar reformas filosóficas em um ambiente político volátil.

4. Legado Filosófico e Político: As tentativas de Platão de aplicar suas ideias em Siracusa são um testemunho de seu compromisso com a ideia de que a filosofia poderia e deveria ter um papel direto na governança e na melhoria da sociedade. Essas experiências reforçam a importância da relação entre filosofia e prática política, um tema que continua relevante até hoje.

Em resumo, as visitas de Platão a Siracusa são um episódio fascinante na história da filosofia, demonstrando os desafios e as complexidades de tentar aplicar ideais filosóficos à prática política. Essas experiências não apenas influenciaram profundamente o pensamento de Platão, mas também oferecem lições valiosas sobre a interação entre filosofia, poder e sociedade.


3 Presença e Importância de Hierão II governante de Siracusa e a genialidade de Arquimedes na Ciência


3.1 - Hierão II

Hierão II de Siracusa: Papel e Importância

Hierão II (c. 306 – 215 a.C.) foi um dos governantes mais notáveis de Siracusa, reinando de 270 a.C. até sua morte. Seu governo é frequentemente lembrado como um período de prosperidade e estabilidade para a cidade. Abaixo, detalho os aspectos mais importantes de seu reinado, suas políticas de desenvolvimento, alianças e sua relação com Arquimedes.

Reinado de Hierão II

Hierão II começou sua carreira como um comandante militar e, após uma série de vitórias, foi proclamado rei de Siracusa em 270 a.C. Ele conseguiu consolidar seu poder e estabilizar a cidade, que havia passado por períodos de turbulência política e militar.


Desenvolvimento Econômico

- Agricultura: Hierão II implementou reformas agrárias que aumentaram a produtividade agrícola. Ele incentivou o cultivo de terras e a construção de sistemas de irrigação, o que levou a um aumento significativo na produção de grãos e outros produtos agrícolas.

- Comércio: Sob seu governo, Siracusa tornou-se um importante centro comercial no Mediterrâneo. Hierão II estabeleceu tratados comerciais com várias cidades-estado e reinos, promovendo o comércio e a prosperidade econômica.

- Moeda : Hierão II introduziu uma nova moeda, o "decadracma", que ajudou a estabilizar a economia e facilitou o comércio.

Infraestrutura

- Construções Públicas: Hierão II investiu em grandes projetos de construção, incluindo teatros, templos e aquedutos. Essas obras não só embelezaram a cidade, mas também melhoraram a qualidade de vida dos cidadãos.

- Fortificações: Ele reforçou as defesas de Siracusa, construindo novas muralhas e fortalezas para proteger a cidade contra invasões.

Alianças e Relações Externas

Aliança com Roma

- Primeira Guerra Púnica: Durante a Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.), Hierão II inicialmente apoiou Cartago, mas após uma série de derrotas, ele mudou de lado e formou uma aliança com Roma em 263 a.C. Essa aliança foi benéfica para Siracusa, garantindo a proteção romana e permitindo que a cidade mantivesse sua autonomia.

- Tratado de Paz: O tratado de paz com Roma foi um dos fatores que garantiram a estabilidade e a prosperidade de Siracusa durante o reinado de Hierão II.

Influência no Desenvolvimento de Siracusa

Aspectos Positivos

- Prosperidade Econômica: As reformas agrárias e o incentivo ao comércio levaram a um período de grande prosperidade econômica.

- Estabilidade Política: A aliança com Roma e as políticas internas de Hierão II garantiram um longo período de estabilidade política.

- Crescimento Cultural: O reinado de Hierão II foi marcado por um florescimento cultural, com investimentos em artes, teatro e ciência.

Aspectos Negativos

- Dependência de Roma: A aliança com Roma, embora benéfica a curto prazo, criou uma dependência que eventualmente limitou a autonomia de Siracusa.

- Centralização do Poder: A centralização do poder em torno de Hierão II pode ter limitado a participação política dos cidadãos e criado uma estrutura de governo mais autocrática.

Relação com Arquimedes

Hierão II tinha uma relação próxima e de grande respeito com Arquimedes, o famoso matemático e inventor. Arquimedes era um cidadão de Siracusa e trabalhou diretamente para Hierão II em várias ocasiões.

Contribuições de Arquimedes

- Invenções Militares : Durante o reinado de Hierão II, Arquimedes desenvolveu várias invenções militares, como catapultas e o famoso "raio da morte" (espelhos ustórios), que supostamente usava espelhos para concentrar a luz solar e incendiar navios inimigos.

- Problemas de Engenharia : Arquimedes também ajudou a resolver problemas de engenharia, como a construção de máquinas para levantar grandes pesos e sistemas de irrigação.

- Coroa de Ouro : Uma das histórias mais famosas é a do teste da coroa de ouro, onde Arquimedes utilizou o princípio da flutuabilidade para determinar se a coroa de Hierão II era feita de ouro puro ou adulterada com prata.

Conclusão

Hierão II foi um governante visionário que trouxe prosperidade e estabilidade a Siracusa através de suas políticas de desenvolvimento econômico, alianças estratégicas e investimentos em infraestrutura. Sua relação com Arquimedes não só beneficiou a cidade em termos de avanços tecnológicos e científicos, mas também deixou um legado duradouro na história da ciência. No entanto, a dependência de Roma e a centralização do poder também tiveram suas desvantagens, limitando a autonomia de Siracusa a longo prazo.





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3.2 - Arquimedes - O gênio da física de alavancas, polias e hidrostática.



Arquimedes de Siracusa (287-212 a.C.) é uma das figuras mais notáveis de história da ciência. Nascido em Siracusa, Sicília, então uma cidade-estado grega, Arquimedes é frequentemente considerado o maior matemático da antiguidade e um dos maores matemáticos de todos os tempos. Sua vida e obra tiveram um impacto profundo não apenas em sua cidade natal, mas em todo o mundo antigo e na ciência subsequente.
 

Arquimedes, pintura de Giuseppe Nogari



Vida

Embora detalhes específicos sobre a vida de Arquimedes sejam escassos e muitas vezes baseados em relatos posteriores, sabe-se que ele nasceu em Siracusa e passou a maior parte de sua vida lá. Ele possivelmente estudou em Alexandria, no Egito, onde teve contato com a escola de matemática fundada por Euclides. Arquimedes pertencia a uma família da nobreza local; seu pai, Fídias, era um astrônomo.


3. - Heraça Arqueológica grega e romana em Siracusa


3.1 - Parque Arqueológico de Siracusa ou "Neápolis"

"Neápolis" é uma palavra de origem grega que significa "cidade nova". Ela é composta por duas partes: "néa" (νέα), que significa "nova", e "pólis" (πόλις), que significa "cidade". Este termo foi usado na antiguidade para nomear ou designar partes mais novas ou recém-expandidas de cidades já existentes, ou mesmo para denominar novas colônias urbanas.

No contexto de várias cidades antigas, especialmente aquelas com longos períodos de ocupação e desenvolvimento, como Siracusa na Sicília, "Neápolis" referia-se à parte mais recentemente desenvolvida ou expandida da cidade em contraste com áreas mais antigas, como a "Acrópole" (a parte mais alta, muitas vezes fortificada, da cidade) ou outras regiões estabelecidas anteriormente.

Em Siracusa, a Neápolis é uma das cinco divisões arqueológicas que compõem a cidade antiga. Durante o período grego e romano, essa área era um vibrante centro urbano, repleto de monumentos públicos, teatros, e outras estruturas significativas. Hoje, o Parque Arqueológico da Neápolis em Siracusa é um dos sítios arqueológicos mais importantes, abrigando muitas das ruínas mais famosas da cidade, como o Teatro Grego, o Anfiteatro Romano, a Orelha de Dionísio e o Altar de Hierão II. Este local não apenas destaca a riqueza histórica e cultural de Siracusa, mas também serve como um testemunho da importância da cidade nos períodos grego e romano.










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La cultura de Thapsos


quarta-feira, 8 de maio de 2024

Complexo Convento, Basílica e Museu de Santa Clara em Nápoles

1. - Histórico 


O Mosteiro de Santa Clara, ou Monastero di Santa Chiara, localizado em Nápoles, Itália, é um dos mais significativos e emblemáticos monumentos religiosos e históricos da cidade, destacando-se tanto por sua arquitetura quanto por sua rica história cultural.


Mosteiro com vista do telhado verde da Igreja e do claustro,
foto dreamstime, @Dudlajzov

Fundação e Motivação

O Mosteiro de Santa Clara foi fundado em 1310-1328 por Roberto de Anjou, também conhecido como Roberto o Sábio, Rei de Nápoles, e sua esposa Sancha de Maiorca. A fundação do mosteiro foi motivada por uma mistura de devoção religiosa e o desejo de criar um complexo monumental que servisse como panteão para a dinastia angevina (dinastia d'Anjou). O local escolhido tinha uma importância estratégica e simbólica, situado no coração de Nápoles.

Em 20 de janeiro de 1343, quando o Rei Roberto morreu, ele foi sucedido por sua sobrinha, Joana de Anjou, enquanto Sancha, por vontade expressa de seu marido, foi nomeada guardiã da nova rainha, que tinha dezesseis anos. Neste período de regência fundou o primeiro orfanato da Europa. 

Pouco depois, obrigada a deixar a corte, a rainha Sancha retirou-se para o mosteiro de Santa Maria della Croce, em Nápoles onde, em 1344, fez os votos e tomou o nome de irmã Clara da Santa Cruz.

Expansão e Importância

O mosteiro rapidamente se tornou um dos maiores e mais importantes de Nápoles, crescendo em tamanho e influência ao longo dos séculos. Sua expansão deve-se em parte à generosidade dos monarcas e nobres que o dotaram com ricas doações, e também à importância que o convento adquiriu como centro de vida religiosa e cultural na cidade. Ele serviu não apenas como um local de oração, mas também como um centro de educação para as filhas da nobreza napolitana.


2. - Igreja Basílica - Arquitetura Gótica


A igreja do mosteiro é um exemplar notável da arquitetura gótica em Nápoles. Construída junto com o mosteiro no início do século XIV, a igreja reflete o estilo gótico provençal, adaptado às tradições locais e às necessidades do local. Sua estrutura é marcada por linhas simples, mas majestosas, com um interior que originalmente possuía uma nave única, ampliada posteriormente para acomodar capelas laterais. A igreja foi severamente danificada durante a Segunda Guerra Mundial, mas foi meticulosamente restaurada, preservando muitos de seus elementos góticos originais.


Nave principal da Igreja de Santa Clara, foto Berthold Werner, Wikipedia.it


O interior é de nave única com dez capelas de cada lado. O presbitério é caracterizado pela presença de monumentos funerários da família real angevina. No centro fica o túmulo de Roberto de Anjou criado pelos irmãos Bertini, enquanto os dois túmulos do lado direito, destinados a abrigar os restos mortais de Carlos da Calábria e Maria de Valois, são do grande mestre Tino di Camaino. O túmulo do lado esquerdo, porém, é de Maria di Durazzo, criado por um escultor anônimo, chamado Maestro Durazzesco.

Altar-mor, fonte: https://www.monasterodisantachiara.it


Atrás do altar-mor encontra-se o antigo Coro das Clarissas, ambiente onde as religiosas participavam em funções religiosas. A capela, estruturada em forma de casa capitular cisterciense, é composta por três naves, duas das quais cobertas por abóbadas de cruz. O Coro, hoje Capela da Adoração, é um espaço reservado à oração,


A Virgem Costurando é a única parte do afresco que sobreviveu à destruição da Igreja. Ela representa a Virgem Maria costurando e o Menino sentado ao lado dela. A obra é atribuída à escola de pintura de Siena, mas o autor é desconhecido.

Afresco " A Virgem Costurando" 



A única capela da basílica que manteve a sua aparência do século XVIII alberga actualmente os restos mortais de vários príncipes da Casa de Bourbon Duas Sicílias e, em particular, à esquerda está o monumento funerário do Príncipe Filipe falecido em 1777, filho do Rei Carlos III, executado segundo projeto de Ferdinando Fuga de Giovanni Attigiati, enquanto os querubins são obra de Giuseppe Sammartino.

Capela São Francisco de Assis


Em 1340, a igreja, onde trabalharam grandes artistas da época como Tino di Camaino, os irmãos Bertini e, muito provavelmente, Giotto, foi aberta ao culto.

Na segunda guerra mundial a Igreja foi completamente destruída sendo reconstruída logo depois.

Imagem da destruição



3. Porcelanas no Jardim e Claustro


O Claustro das Clarissas, parte do complexo de Santa Clara, é famoso por seu majestoso jardim decorado com majólicas, típicas porcelanas pintadas, uma característica única que o distingue. Essas decorações foram adicionadas no século XVIII, sob a direção de Domenico Antonio Vaccaro, e representam cenas da vida cotidiana, bem como motivos florais e paisagísticos. As porcelanas refletem a influência da cerâmica de majólica na região de Nápoles e são um exemplo esplêndido da arte barroca aplicada a um espaço ao ar livre.

O que são as Majólicas


Majólicas referem-se a uma forma de cerâmica vidrada originária da Itália durante o Renascimento, conhecida por sua rica decoração em esmalte colorido. Este tipo de cerâmica recebeu seu nome da ilha de Maiorca, que era um centro de comércio para a cerâmica no século XV e servia como ponto de transbordo para a exportação de cerâmica árabe para a Itália. As majólicas são especialmente notáveis por suas técnicas de vidrado que permitem uma vasta gama de cores vibrantes e designs detalhados, muitas vezes com cenas mitológicas, históricas, florais ou da vida cotidiana.

colunas de porcelana majólica, foto historiacomgosto


Características Principais:

  • Técnica de Vidrado: A técnica de vidrado envolve a aplicação de uma camada de esmalte opaco branco, conhecido como "bianco di Spagna" ou esmalte estanífero, sobre a qual os desenhos coloridos são pintados. Após a pintura, as peças são novamente levadas ao forno para que o vidrado se funda à cerâmica, criando uma superfície lisa e brilhante.
claustro com colunas de porcelana, foto historiacomgosto

colunas de porcelana majólica, foto historiacomgosto

mosaicos , foto historiacomgosto


  • Decoração: A decoração das majólicas é variada, abrangendo desde desenhos geométricos simples até cenas complexas e detalhadas. Os temas podem incluir alegorias, cenas da Bíblia, mitologia, paisagens, flora, fauna e cenas do cotidiano.


4. - Afrescos do Claustro


visão geral do corredor com afrescos no mosteiro de Santa Clara, foto historiacomgosto


Os afrescos dos corredores do claustro são uma fusão de arte religiosa e cenas do cotidiano, representando uma mistura única de espiritualidade e vida mundana. Eles cobrem as paredes dos corredores que circundam o jardim central do claustro, criando um ambiente de contemplação e beleza.


  • Temática Religiosa: Muitos dos afrescos retratam cenas da vida de Santa Clara e São Francisco de Assis, fundadores da Ordem das Clarissas e dos Franciscanos, respectivamente. Essas cenas narram momentos significativos de suas vidas, como a renúncia à riqueza e a dedicação aos pobres e a Deus.
Santa Bárbara


São Francisco

  • Cenas do Cotidiano: Além das cenas religiosas, os afrescos incluem representações do cotidiano napolitano do século XVIII. Estas cenas mostram uma variedade de atividades sociais e domésticas, oferecendo uma visão da vida na época, desde festividades e celebrações até momentos mais íntimos e cotidianos.
  • Estilo e Técnica: Os afrescos são notáveis por seu uso vibrante de cores e detalhes minuciosos, característicos do período barroco. A técnica empregada nos afrescos permite uma rica expressão de texturas e profundidade, criando uma sensação de movimento e vida que captura a atenção do espectador.
  • Integração com a Arquitetura: Os afrescos não existem isoladamente; eles são integrados harmoniosamente com a arquitetura gótica e barroca do claustro. As colunas, arcos e janelas do claustro complementam e realçam a beleza dos afrescos, criando um espaço coeso que é tanto um lugar de devoção quanto de apreciação artística.


5. - Museu


Dentro do complexo de Santa Clara, há também um museu que abriga uma coleção de arte sacra, artefatos e relíquias que contam a história do mosteiro e de sua comunidade religiosa ao longo dos séculos. O museu oferece aos visitantes uma visão profunda da vida monástica, da arte e da cultura napolitana.

Busto da Rainha Sancha




6. - Importância Histórica e Cultural


No seu auge, o Mosteiro de Santa Clara era um dos centros religiosos e culturais mais importantes de Nápoles. Ele não apenas desempenhou um papel crucial na vida espiritual da cidade, mas também na promoção das artes, servindo como um importante patrono para artistas e artesãos. O mosteiro e sua igreja foram testemunhas de eventos significativos na história de Nápoles e permanecem até hoje como símbolos da rica herança cultural da cidade.

Em resumo, o Mosteiro de Santa Clara é um complexo monumental que encapsula a história, a arte e a espiritualidade de Nápoles. Sua fundação, expansão e as ricas decorações refletem a importância da fé, da cultura e da arte na história napolitana. O mosteiro não é apenas um lugar de beleza arquitetônica e artística, mas também um testemunho vivo da história vibrante e multifacetada de Nápoles.


7. - Referências


Mosteiro de Santa Clara - Livro Nápoles

Mosteiro de Santa Clara - Chat Gpt

Mosteiro de Santa Clara - Wikipedia

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Museu Capodimonte, Nápoles - Uma jóia pouco explorada !

1. - O Museu Capodimonte


O Museu Capodimonte, localizado em Nápoles, é um dos principais museus da Itália, tendo sido criado por Carlos VII a partir de 1738, com o objetivo inicial de servir como uma residência de caça e, como uma galeria para acomodar a coleção de arte dos Farnese, herdada por ele através de sua mãe, Elisabetta Farnese.

Museu Capodimonte, Nápoles, foto HistoriacomGosto



Contexto da Época

No século XVIII, Nápoles era um dos centros culturais mais vibrantes da Europa, sob o governo dos Bourbons. A construção do Palácio de Capodimonte reflete o desejo da monarquia de estabelecer um símbolo de seu poder e sofisticação, bem como de promover as artes e a cultura na região.

Elisabetta Farnese

Elisabetta Farnese (1692-1766) foi uma figura influente na política europeia do século XVIII, conhecida por seu papel como Rainha da Espanha e por ser uma das mais poderosas e astutas rainhas consortes da história espanhola. Sua vida é marcada por alianças estratégicas, intrigas políticas e um legado duradouro nas artes e na política.
Origens e Casamento

Nascida em Parma, Itália, Elisabetta era filha de Odoardo Farnese, Duque de Parma, e Dorotea Sofia de Neuburg. Em 1714, ela casou-se por procuração com Filipe V da Espanha, tornando-se sua segunda esposa. Este casamento foi arranjado como parte de uma estratégia para fortalecer as alianças entre a Espanha e outros poderes europeus, e Elisabetta rapidamente se tornou uma influência significativa na corte espanhola.

Além de sua influência política, Elisabetta Farnese teve um impacto significativo nas artes. Ela foi uma grande patrona, enriquecendo as coleções reais com obras de arte e antiguidades. Sua paixão pelas artes ajudou a formar a base da coleção que eventualmente se tornaria parte do acervo do Museu Capodimonte em Nápoles. Através de sua influência, artistas e obras de arte de renome foram trazidos para a Espanha, contribuindo para o florescimento cultural do país.

Carlos VII / Carlos III da Espanha

Carlos VII, Rei de Nápoles (mais tarde conhecido como Carlos III da Espanha), foi uma figura central na história europeia do século XVIII, marcando significativamente a política, a cultura e a arte na Itália e na Espanha. Nascido em 1716, Carlos era filho de Filipe V da Espanha e de sua segunda esposa, Elisabetta Farnese, cujas ambições políticas desempenharam um papel crucial em sua ascensão ao poder.

Ascensão ao Trono de Nápoles


Carlos tornou-se Rei de Nápoles e da Sicília em 1734, durante a Guerra de Sucessão Polonesa, quando as forças espanholas derrotaram os austríacos, permitindo-lhe assumir os tronos como Carlos VII de Nápoles e Carlos V da Sicília. Sua ascensão foi parte da estratégia de sua mãe para recuperar territórios italianos para a coroa espanhola e garantir reinos para seus filhos.


Principais Coleções

O primeiro núcleo da coleção formou-se graças à iniciativa de Alessandro Farnese (1468-1549), papa com o nome de Paulo III (1534), interessado tanto nas antiguidades (agora preservadas no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles) como no principais personalidades artísticas do período chamaram a retratá-lo (Rafael, Ticiano, Guglielmo della Porta) e a trabalhar nas sedes papais e na fábrica do Palazzo Farnese (Sebastiano del Piombo, Michelangelo, Antonio da Sangallo).

Ao longo do tempo, o Museu Capodimonte enriqueceu suas coleções através de diversas aquisições, doações e heranças. Atualmente as principais coleções incluem:
  • Coleção Farnese: Composta por obras de arte de valor inestimável, incluindo esculturas clássicas, pinturas renascentistas e barrocas de artistas como Ticiano, Parmigianino e Carracci.
  • Coleção Borgia: Reúne peças de arte antiga, incluindo artefatos egípcios, etruscos e romanos.
  • Coleção de Arte Napolitana: Destaca-se pela representação de obras de arte produzidas em Nápoles e região, desde a Idade Média até o século XVIII, com obras de artistas como Caravaggio e Luca Giordano.
  • Coleção de Porcelanas e Maiólicas: Uma das mais importantes coleções de porcelanas e cerâmicas, incluindo peças da famosa fábrica de porcelana de Capodimonte.

Transformação em Museu

Embora tenha abrigado a coleção de artes da família real desde 1738, a abertura oficial do palácio como uma galeria de arte pública, no sentido moderno, só ocorreu muito mais tarde, com a inauguração do Museu Capodimonte em 1957. Antes disso, o acesso às coleções era limitado e destinado principalmente à nobreza e a visitantes distinguidos, não estando aberto ao público geral como um museu até meados do século XX.

Salão de Baile do Palácio Capodimonte


Portanto, enquanto o palácio começou a funcionar como uma galeria de arte da família real logo após o início de sua construção no século XVIII, a sua função como um museu público só foi estabelecida no século XX.


2. - Principais Obras - Pinturas


a) Crucificação por Masácio, 1426

A Crucificação, que tem por medidas 83×63 cm e está presentemente no Museu de Capodimonte, era o painel de topo de um Políptico.

Sobre um fundo de ouro, o painel representa a Crucificação de Cristo, e visto de frente, Cristo parece ter a cabeça completamente embutida nos ombros, mas quando estava colocado na sua posição original e, visto de baixo para cima, o pescoço aparece escondido pelo tórax anormalmente protuberante, até mesmo o corpo, com as pernas desarticuladas pelos tormentos, parece compensado pela perspectiva. Em cada lado da cruz está a Virgem Maria e São João Evangelista e aos pés de Cristo está Madalena vista de trás. (Museu Capodimonte)



b) Madonna com o menino Jesus e duas crianças, Botticelli, 1470

A Virgem, vestida com suas tradicionais cores vermelho e azul, está sentada, virada três quartos para a esquerda, segurando o Menino nos braços; encosta-se a um parapeito de mármore, cujo canto se estende por uma coluna voltada para o céu, tendo, ao fundo, uma paisagem íngreme cobrindo um mausoléu, pontilhada de árvores, incluindo ciprestes. Com a mão esquerda ela segura levemente a Criança pelos pés. Esta última é carregada por dois anjos, e ele estende os braços na direção dela. 

A Virgem está finamente penteada, os cabelos presos por um fino véu; suas roupas são adornadas com festões e pérolas de ouro que também podem ser encontradas nos detalhes das auréolas típica de Botticelli que abandonou os exemplares de Verrocchio que usara em trabalhos anteriores. A cabeça da Virgem, com o queixo pontudo, que também pode ser encontrada em Nossa Senhora da Eucaristia , A Virgem da Loggia e a Alegoria da Força , todas datadas dos mesmos anos, bem como a representação volumétrica da Virgem , vêm das influências de Verrocchio.

Madonna com o menino Jesus, Botticelli, 1470


A atmosfera geral da obra, representando figuras sérias e pensativas, absortas em sua própria beleza, é melancólica e contemplativa acentuada pela delicadeza dos tons de claro-escuro nos tons da pele e nas roupas.


c) A Parábola dos cegos guiados por outro cego, Peter Brugel, 1578

A obra retrata a parábola contada por Jesus Cristo, na qual o cego guia outro cego. A passagem bíblica aparece em Mateus 15:14, quando Jesus dirige uma crítica aos fariseus: “Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala.” 

A narrativa é comumente interpretada como uma metáfora para descrever uma situação em que uma pessoa sem conhecimento é aconselhada por outra pessoa que também não tem conhecimento algum sobre determinado assunto. (fonte:wikipedia)


Parábola dos cegos, Peter Brugel "O Velho", 1578



d) Madonna do Amor Divino, Rafael Sanzio e ajudantes, 1516

Atualmente depois do trabalho de restauração onde se teve a oportuniade de ver as diversas fases de concepção e execução da pintura, a Madonna del Divino Amore, vem definitivamente creditada a Raffaello e do seu ateliê.

A Madonna do Amor Divino foi lembrada por Giorgio Vasari em sua "Vida de Rafael (1550)" como uma das mais belas obras do período romano do grande pintor.

Madonna do Amor Divino, Rafael e auxiliares, 1516


e) Maria Madalena - Ticiano, 1550

As informações históricas sobre a pintura são confusas devido à existência de algumas cópias e variantes, por se tratar de um tema particularmente caro a Ticiano , que, tal como as Dânae, aparece diversas vezes no seu repertório.

Na Madalena de Nápoles, a penitência é, portanto, representada com elementos iconográficos mais pertinentes ao tema, ausentes na primeira versão: ao contrário da versão florentina de 1533, a Madalena napolitana já não aparece nua, mas vestida, com a ampola de unguentos inserida no fundo à esquerda, acima da qual está a assinatura do pintor «TITIANVS P.» , enquanto os outros elementos típicos da iconografia introduzidos são o do livro aberto e a caveira como memento mori . A postura e os gestos são quase os mesmos em todas as versões do tema que Ticiano pintou ao longo de sua longa carreira, portanto com a santa olhando para o céu, buscando a redenção dos pecados que cometeu. Contra o fundo rochoso, porém, abre-se uma paisagem típica de Ticiano, que se na versão de Florença parece mais escura e tempestuosa, na versão de Nápoles parece calma e iluminada com um claro embelezamento cromático, que será ainda mais acentuado no Versão de São Petersburgo .

Madalena, Ticiano, 1550


f) Flagelação de Cristo, Caravaggio, 1607 ~1608


Esta é uma das duas versões do episódio bíblico da Flagelação de Jesus que Caravaggio pintou no final de 1606 e início de 1607, após a sua chegada a Nápoles, estando a outra versão da Flagelação de Cristo, também conhecida com o título de Cristo na Coluna, no Museu de Belas Artes de Rouen.

Tal como acontece com muitas outras obras de encomenda pública realizadas neste período, Caravaggio opta por uma solução mais convencional e menos chocante para os cânones da pintura religiosa, aproximando-se da pintura Flagelação de Cristo, sobre o mesmo tema de Sebastiano del Piombo.

Flagelação, Caravaggio, 1607 ~ 1608


É uma representação não convencional da realidade humana e natural, uma maneira nova de fazer pintura, através de contrastes vincados e dilacerantes de luz e sombras, de fragmentos, ou melhor, de pedaços, de corpos em movimento captados no momento de maior e chocante tensão, não só física como especialmente psíquica, emocional, sentimental. Os corpos saem da sombra e os traços físicos são definidos pela luz quase ofuscante sublinhando com grande dramatismo o acontecimento que a pintura representa



g) São José e um devoto, Correggio, 1529

São duas telas, talvez originalmente colocadas em duas portas de um armário ou de um pequeno órgão, e são pintadas com pinceladas largas  que acentuam o movimento das figuras, que, por não estarem definidas por um desenho excessivamente óbvio, tomam posse do espaço. 

A presença de São José levou os críticos a identificarem o outro personagem com o conde Guido da Correggio, devoto do santo falecido em 1528. A obra vem da coleção Farnese. Ferdinando Bologna, em 1957, reconheceu as duas telas como uma obra-prima de Correggio na sua fase madura, datando-as, portanto, entre finais da terceira e início da quarta década do século XVI.



São José e um devoto, Correggio, 1529


h) São Jerônimo e o anjo do Juízo final - Jusepe de Ribera, 1626


Pintada para uma capela lateral do altar da igreja napolitana da Trindade das Freiras, para a qual Ribera também executou o grande retábulo da Trindade, a pintura, assinada e datada de 1626, permaneceu na igreja até 1813, quando, seguindo a supressão dos mosteiros, foi transferido para as coleções do Museu Bourbon.

São Jerônimo e o anjo do juízo final, Ribera, 1626


O santo, grande estudioso e doutor da Igreja, traduziu a Bíblia do grego para o latim, única versão oficialmente reconhecida pela Igreja, durante os longos anos que passou como eremita no deserto. Seus símbolos são a caveira, os livros e o leão: segundo a lenda, de fato, Jerônimo domesticou este último após retirar um espinho de sua pata. 

Na tela, o santo, retratado diversas vezes pelo pintor, é surpreendido, durante a meditação, por um anjo à maneira de Caravaggio que surge de repente nas nuvens, tocando uma buzina talvez para lembrá-lo de seu fim iminente. O leão está na sombra, canto inferior esquerdo. A figura destaca-se contra um fundo escuro e uma mancha de céu muito claro se abre à esquerda, iluminando toda a cena. Peças da mais alta qualidade, como a caveira, os pergaminhos enrolados, o tinteiro, são reproduzidos com vigoroso naturalismo, mas comparados ao tenebrismo das primeiras obras napolitanas, notamos passagens de claro-escuro mais delicadas, cromatismos mais preciosos e drapeados mais ricos, típicos das obras do mestre a partir da terceira década do século. (fonte: Museu Capodimonete))

3. Principais Obras - Esculturas


a) Ad Muraenas - Luigi de Luca 

O tema do imponente alto relevo é retirado de um escrito intitulado "Pompeia" de Luigi Conforti (Torino 1854 - Nápoles 1907), poeta e crítico literário, fundador da revista "Napoli Nobilissima" e filho do jurista Raffaele.

“Jovem e bonita, ela foi jogada na prisão por bandidos. Deitadas no chão nu, a maré sobe e as moreias agarram-se àquele corpo divino, causando um tormento hediondo. Alimentadas pela carne jovem da vítima, e por isso ficando mais saborosas, aquelas moreias passarão então a deliciar, entre risos, as mesas dos glutões glutões. É claro que outra infeliz teve que morrer ali a mesma morte horrível: o crânio restante, a última relíquia do martírio, assim o diz" (retirado da revista "L'illustration Italiana" de 4 de outubro de 1891). 




Perturbadora e sensual, a figura de Cestilia de Ad Murenas, em linha com a literatura erótica da época e as teorias decadentes sobre a dor, enquadra-se plenamente na “escultura dos sentidos”. Provocando admiração e perturbação, ela é a verdadeira heroína simbolista que melhor encarna aquela ideia de uma mulher jovem e bela dilacerada pela dor e com o corpo intacto. O gesso premiado em Nápoles e depois em Palermo foi fundido em bronze na fundição Ciampaglia de Nápoles e entrou nas Coleções Capodimonte em 1949, graças a uma compra do Ministério da Educação.


b) "Camillus" - Guglielmo della Porta

"O nome Camillus era comum na Roma Antiga e significa “sacerdote nos sacrifícios”, por essa razão, um dos significados deste nome é “sacerdote” ou “clérigo”. Além disso, o cognome Camillus era comum aos jovens que realizavam serviços religiosos. (fonte? Charlies-names.com)

Camillus, Guglielmo della Porta 


c) Madonna com il Bambino - Autor desconhecido


Madonna com o Menino Jesus


d) Bustos

Cabeça de Afrodite, século III a.C.


Jovens Pastores, terracota,
Rafaelle Belliazzi, 1873


As Quatro estações, "Inverno", Mármore,
autor desconhecido,fim do século VIII



4. - Comentários


O Museu Capodimonte representa um pilar da cultura italiana e napolitana, refletindo a riqueza histórica, a diversidade artística e a profundidade cultural da Itália. Ele não apenas preserva tesouros artísticos de valor incalculável, mas também promove a compreensão e a apreciação da arte e da história italianas em um contexto global.

Essa postagem tem a finalidade de divulgação cultural do Museu e de suas obras e também a de ser uma fonte de consulta para aqueles que já tiveram a oportunidade de conhecer. 


5. - Referências

Wikipedia - Museu Capodimonte

ChatGpt - Elisabetta Farnese e Carlos VII

https://charlies-names.com/pt/camillus/ - Significado de Camillus