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sábado, 29 de dezembro de 2018

História da Filosofia I: Grécia Antiga - A escola de Mileto

I. A Filosofia na Grécia Antiga - Escola de Mileto


Na Grécia antiga os seus habitantes revolucionaram a história da humanidade quando pararam de ver apenas o que tinham para comer ou contra quem iriam guerrear no dia seguinte e passaram a se questionar por que as coisas eram daquela forma ? Quais as regras ou leis que formavam a natureza ? Existia alguma coisa em comum no nascer e por do sol no dia a dia ? Por que existiam períodos para plantar e períodos para colher ? Eram cíclicos os períodos das marés ?      
                                                                                                     
 quadro com dois homens com livros no colo e vários no chão, conversando como discutissem idéias


Os homens davam início a buscar outras explicações além da mitologia. A busca do entendimento da razão de ser de todas as coisas. Essa procura continua até os dias de hoje onde procuramos o entendimento através da unificação e aceitação conjunta da Filosofia, Ciência e Religião. 


Filosofia ?


Filosofia (do grego philos=amor e sophia=sabedoria) significa literalmente «amor pela sabedoria» e pode ser entendida como o estudo das questões gerais e fundamentais relacionadas com a natureza da existência humana; do conhecimento; da verdade; dos valores morais e estéticos; da mente; da linguagem, bem como do universo em sua totalidade. O termo foi cunhado por Pitágoras (570 – 495 a.C).


Resumo histórico



O livre pensar começou na Grécia com a escola de Mileto. Eles no inicio se dedicavam a interpretação e entendimento da natureza. Tales foi um dos expoentes desse primeiro ciclo e é considerado o prímeiro filósofo.  

Posteriormente em Atenas, outro conjunto de pensadores passou a pensar sobre o comportamento humano, a ética e organização da sociedade para uma vida em comum. Nessa área e época, Sócrates, Platão se destacaram.

Um outro ramo seguiu para tentar formalizar o que era um conhecimento válido. Quais fatos e eventos poderiam ser combinados para levar a um estabelecimento de uma verdade que sempre fosse confirmada e nunca contestada. Daí surgiu a lógica, e juntando todas as coisas Aristóteles foi a grande figura desse tempo;

De lá para cá a filosofia foi se especializando e muitos outros pensadores / filósofos surgiram: Tomás de Aquino, Descartes, Hegel, Schopenhauer, Niestche, ...,.

Sem fazer nenhum aprofundamento, vamos procurar apresentar apenas as idéias principais e os personagens de uma determinada linha de pensamento e tentar fazer a sua ligação com a época em que viveram.,


II. - Escola de Mileto


Escola de Mileto ou milésia foi uma escola de pensamento fundada no século século VI a.C.. As idéias associadas a ela são exemplificadas por três filósofos da cidade jônia de Mileto, na costa do Mar Egeu da Anatólia. 


mapa mostrando a área onde ficava Mileto que hoje pertence à Turquia. A área é costeira de frenta para onde hoje é a Grécia. Fica na costa à esquerda de Esmirna
Localização de Mileto, área hoje pertencente à Turquia


Os três filosófos eram:
  • Tales 
  • Anaximandro 
  • Anaxímenes

Esses pensadores introduziram novas opiniões contrárias ao ponto de vista que prevalecia sobre a forma como o mundo era organizado, em que os fenômenos naturais eram explicados unicamente como a vontade de deuses com formas humanas idealizadas. 

Os Milesianos apresentaram uma visão da natureza em termos de entidades metodologicamente observáveis​​ sem levar em consideração os apectos mitólogicos.

Tales considerava a água como a origem de todas as coisas e embora os três filósofos discordassem quanto a substância primordial que constituía a essência do universo, todos concordavam a respeito da existência de um princípio único para essa natureza primordial.
Anaximandro, denominou a energia vital como apeiron ("ilimitado"), uma substância indestrutível da qual a matéria deriva. Acreditava que como tudo na Terra é finito, a origem de tudo deveria estar no infinito.

Anaximenes, o terceiro membro da escola de Mileto,  foi pupilo de Tales e Anaximandro, acreditava que a substância básica da existência era o ar, a que ele denominou de "criador", o ar era onipresente e essencial ao crescimento de todos os objetos naturais.

II.1  - Tales 


Tales foi um foi um filósofo, matemático, engenheiro, homem de negócios e astrônomo da Grécia Antiga. Tales foi o primeiro a explicar o eclipse solar, ao verificar que a Lua é iluminada por esse astro. Segundo Heródoto, ele teria previsto um eclipse solar em 585 a.C.


 foto de um busto esculpido de Tales de Mileto Tales de Mileto iniciou a grande busca pelo entendimento do homem, do mundo, do universo e das leis que governavam cada um bem como da sua relação.



É certo que o homem, desde que ele é homem no sentido da palavra, buscou entender as suas raízes. Entretanto, por um grande período, as explicações estavam sempre entregues ás intervenções divinas e além das compreensões humanas. 



Tales, começou a tentar entender o mundo através dos elementos que o cercava. Água, terra, fogo, céu, ...,.


Tales e a Eletricidade


Foi também Tales que descobriu que uma resina fóssil petrificada, chamada âmbar, esfregada com pele e lã de animais, adquiria a propriedade de atrais objetos leves como palhas, penas e fragmentos de madeira. 

O nome em grego para ãmbar é elektron e dessa descoberta de Tales originou-se o estudo de uma nova ciência que entretanto teve um desenvolvimento muito lento.

Foi apenas a partir de 1600 que o Médico inglês Willian Gilbert estudou mais profundamente esses fenômenos e denominou esse evento de atração como eletricidade.  
 

II.2 . Anaximandro  


Anaximandro foi um geógrafo, matemático, astrônomo, político e filósofo discípulo de Tales, seguiu a escola jônica. 

Ele estudou muito e a Anaximandro atribui-se a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do Gnômon (relógio solar) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). 



fragmento de um quadro representando Anaximandro  Anaximandro acreditava que o princípio de tudo (o arkhé das coisas) era o ápeiron, isto é, uma matéria infinita da qual todas as outras se cindem. Esse á-peiron é algo insurgido (não surgiu nunca, embora exista) e imortal.

Além de definir o princípio, Anaximandro se preocupa com os "comos e porquês" das coisas todas que saem do princípio.

Ele diz que o mundo é constituído de contrários, que se auto-excluem o tempo todo. O tempo é o "juiz" que permite que ora exista um, ora outro.


Por isso, o mundo surge de duas grandes injustiças: primeiro, da cisão dos opostos que "fere" a unidade do princípio; segundo, da luta entre os princípios onde sempre um deles quer tomar o lugar do outro para poder existir.

Ideias do Anaximandro

Algumas de suas ideias são muito semelhantes a opiniões e teorias da Física atual:


foto de uma galáxia em espiral no  céu noturno


  • Sua ideia de um mundo que sustenta-se por um equilíbrio de forças é muito semelhante à gravidade e à força centrípeta, forças que mantêm a Terra girando em torno do Sol;
  • Sua ideia de que a ação do Sol faz surgirem as criaturas de estrutura simples na água, que depois migram para a terra e adquirem estrutura mais complexa se parece com a teoria da evolução das espécies;
  • Sua ideia dos opostos se parece com a teoria de que o vácuo produz partículas (se supõe que, logo depois do Big-Bang, o vácuo tenha produzido pares de partículas e anti-partículas que se exterminavam ao se encontrarem, pois o espaço ainda era muito pequeno e os pares sempre se encontravam); 
  • Para Anaximandro, os contrários revezam-se no tempo, e para os cientistas, os pares se auto-exterminavam - pois eram como +1 (matéria) e -1 (anti-matéria) e, ao se encontrarem, precisavam "saldar" sua dívida de energia.

Se pode sempre supor que Anaximandro tenha chegado, em sua época, às mesmas conclusões a que muitos cientistas chegaram hoje, ainda que por meios diferentes (pois Anaximandro dispunha apenas de sua observação e de sua reflexão); assim como se pode supor que tais teorias físicas tenham sido inspiradas na leitura, por parte dos cientistas, de Anaximandro. Em qualquer das hipóteses, pode-se notar que o filósofo era uma pessoa notável.

II.3.  Anaximenes


 foto de um busto de Anaximenes Anaximenes nasceu em Mileto, aproximadamente em 588 AEC, seu pai era Eurístrato. Foi discípulo e companheiro de Anaximandro, sendo cerca de 22 anos mais novo que este.


Enquanto que os seus predecessores, Tales de Mileto e Anaximandro, propuseram que o arqué ou arkhé (princípio da vida), a substância primária, era a água e o ápeiron respectivamente, Anaxímenes afirmava ser o ar a sua substância primária, a partir da qual todas as outras coisas eram feitas. 

Enquanto a escolha de ar possa parecer arbitrária, ele baseou as suas conclusões em fenômenos observáveis na natureza, como a ficção e a condensação.


Segundo menciona Plínio, o Velho na sua obra Historia Natural (Livro II, Capítulo XXVI/126), Anaxímenes foi o primeiro a analisar geometricamente aspectos das sombras para medir as partes e divisões do dia, e desenhou um relógio de sol que denominava Sciothericon.


III. - A abordagem do tema no blog


A ideía da apresentação desse tema no blog, é de apresentar a história da filosofia   relacionando o pensamento de cada escola e filósofos, com a história da seu tempo, povo, local, ...,.


foto de um livro aberto com uma montagem de uma árvore brotando do seu centro, rpresentando a árvore do conhecimento


Esse início terá a conexão lógica com a história da Grécia, desde os pensadores pré-socráticos originários de Mileto, Samos, e outros locais, até chegarmos aos filósofos de Atenas, Sócrates e Platão, e depois Aristóteles. 

Em seguida iremos abordando outros filósofos a medida que vamos tratando também da história de sua época.

Como introdução já colocaremos a classificação da filosofia por períodos e por áreas de estudos. 


IV. As divisões da filosofia por períodos



foto da Academia de Atenas
 Academia de Atenas, foto de HistoriacomGosto


  • Pré-Socráticos: Para esses primeiros pensadores, o objeto de maior debate era a physis, isto é, o princípio evolutivo e os fenômenos da natureza; 

  • Filosofia Antiga: Concentrava-se nas dinâmicas políticas, bem como na ética como valor do ser humano. Naquele período, havia ainda uma preocupação com o progresso técnico alcançado até então; 

  • Filosofia Medieval: Tinha como enfoque a relação entre o homem e a fé, pois a religiosidade era uma característica marcante da Idade Média. 

  • Filosofia Moderna: Há um retorno para o empirismo e para a racionalidade por parte dos filósofos modernos; 

  • Filosofia Contemporânea: Campo amplo, que se debruça sobre tópicos variados como dúvidas existenciais, aspectos de linguagem, ciências e artes, ética no uso de recursos tecnológicos.

Fonte: https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-sobre-filosofia/

V. - Divisões por áreas de conhecimento



esquema relacionando filosofia com conhecimento, estudo e educação entre outros


  • Lógica: parte da filosofia estabelecida por Aristóteles que estuda as estruturas, expressões e fundamentos do conhecimento humano; 

  • Ética: tenta compreender o que motiva as pessoas agirem de determinada forma, com apreciações sobre o bem e o mal; 

  • Epistemologia: reflexão acerca sobre as limitações, trajetórias e essência do conhecimento humano; 

  • Metafísica: foi uma subdivisão da filosofia que evoluiu consideravelmente desde a investigação aristotélica. No princípio, a metafísica era a esfera que contemplava o que está além das experiências sensíveis. Já no kantismo, a preocupação é especular acerca de religião, o cosmos e a alma humana. Têm-se assim os pilares para o conhecimento empírico; 

  • Estética: a estética é um domínio da filosofia que pesquisa temas como arte e beleza. Sobretudo, essa área trata das reações e sentimentos que a arte é capaz de produzir nos apreciadores; 

  • Filosofia Política: a filosofia política é um campo que se relaciona à legitimação do Estado e relações de poder.

Fonte: https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-sobre-filosofia/

VI. - Próxima postagem da série


Na próxima postagem abordaremos as escolas de pensamento de Heródoto, Pitágoras e outros pensadores ainda do período pré-socrático.


VII. Referências


Wikipédia: Filosofia / escola de mileto / Tales / Anaximandro / Anaximenes

Filosofia para leigos :


https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-sobre-filosofia/



terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Visitação , Pontormo

1. - A Visitação de Maria a Isabel por Pontormo


Essa é uma pintura a óleo sobre madeira (202x156 cm) do pintor italiano Jacopo Pontormo realizada cerca de 1528-1530 e que se encontra na Igreja dos Santos Miguel e Francisco em Carmignano. Vejam a caractrerização das expressões das mulheres mais jovens e das mais idosas. Muito bonita a pintura.


2. - Descrição da Obra


A Visitação de Maria a Isabel, é enquadrada numa rua escura de cidade, onde se reconhecem alguns edifícios geminados que não estão à escala da representação em primeiro plano (pelo menos na metade da esquerda). As duas mulheres trocam um abraço e um olhar intenso com a presença de duas assistentes por trás delas. Destas, uma é idosa e olha directamente para quem vê o quadro, tal como a segunda, na esquerda, que é mais jovem e olha também em frente com um olhar vago.


quadro A Visitação de Maria a Isabel mostra Maria sendo recebida por Isabel com duas mulheres ao lado
Quadro A Visitação, Pontormo, 1528 a 1530, 
Igreja dos Santos Miguel e Francisco em Carmignano 



As mulheres compõem, portanto, os quatro pilares de uma espécie de paralelípipedo, iluminadas fortemente (ao contrário do fundo) e vestidas com roupas encorpadas de cores extremamente intensas: verde petróleo, rosa e laranja. É original o entrelaçamento dos membros e tecidos, com linhas curvas longas de grande elegância e de volumes amplificados.


3. - Pontormo


Jacopo Carucci (Empoli, 24 de maio de 1494 – Florença, 2 de janeirode 1557), foi um pintor maneirista italiano da Escola Florentina. Era famoso pelo uso de poses contorcidas, perspectiva distorcida cores marcadamente incomuns e peculiares, que pareciam espelhar seu temperamento neurótico e inquieto.

Jacopo Carucci nasceu em Pontorme, perto de Empoli. Foi aprendiz de Leonardo da Vinci, Mariotto Albertinelli, Piero di Cosimo, e finalmente em 1512, de Andrea del Sarto.

Pontormo pintou somente em Florença, com o patrocínio da Família Médici. Pintou afrescos de pastores e campos, um gênero quase incomum na pintura de Florença. Em 1522, com a peste em Florença, Pontormo partiu para Certosa di Galuzzo, um monastério da Ordem dos Cartuxos, onde pintou uma série de afrescos.

O grande altar construído por Brunelleschi para a Capela Capponi, na Igreja de Santa Felicita, em Florença, é considerada sua obra-prima. A Galeria Uffizi abriga outra de suas obras-primas, a Ceia em Emaús, junto com vários retratos, realizados com proporções Maneiristas.

Seu estilo era semelhante ao de Bronzino, ao mesmo tempo que compartilhava o Maneirismo de Rosso Fiorentino e Parmigianino. De alguma forma, antecipou o Barroco e as tensões de El Greco.


4. - Referências


Texto da Wikipédia - Visitação de Pontormo / Pontormo 

domingo, 16 de dezembro de 2018

Mostar, uma cidade multicultural na Bósnia-Herzergovina

1. - Mostar



Mostar é uma cidade da Bósnia e Herzegovina com cerca de 113.169 habitantes, situada na região da Herzegovina, capital do cantão de Herzegovina-Neretva.

A cidade é caracterizada pela reunião e pela convivência das quatro religiões presentes na região - católica, ortodoxa, islâmica e judia - e esse fator explica grande parte de sua fascinação. Mostar também é uma joia em uma natureza luxuriante e não contaminada, uma paisagem verde, ensolarada e cheia de flores, com clima mediterrâneo e verões longos e quentes. 

Esta cidade é famosa pela sua ponte velha (século XVI) sobre o rio Neretva, situada na parte velha da cidade, que foi reconstruída em 2004 após a sua destruição em 1993 devido à Guerra da Bósnia ocorrida na região


 Vista aérea da cidade de Mostar
Mostar, foto de nomadFra em shutterstock.com

Em 1993 a guerra na Bósnia teve uma guerra civil entre sérvios e muçulmanos em Sarajevo, e em Mostar o conflito foi entre os habitantes croatas e os muçulmanos. 

A reconstrução e reabertura da ponte é tida para os habitantes de Mostar como um sinal de esperança para o futuro de uma cidade dividida entre croatas e muçulmanos, que têm tido uma relação conturbada ao longo dos tempos. A ponte velha e o centro histórico de Mostar foram classificados como Património Mundial da UNESCO em 2005.

É nesta cidade, que se localiza a diocese de Mostar-Duvno, a qual está ligada a paróquia de Medjugorje, o local das supostas aparições de Nossa Senhora de Međugorje. As aparições ocorrem desde 24 de Junho de 1981.



2. - Resumo Histórico 


Como é comum às cidades antigas, Mostar cresceu gradualmente no tempo.  Ela começa a ser mencionada no meio do século XV, quando se fala de uma pequena fortaleza romana acessível por uma ponte suspensa de madeira. O núcleo original era composto por vinte casas situadas em ambos os lados do rio Neretva



foto colorizada da cidade de Mostar de 1912
Mostar 1912, https://albert-kahn.hauts-de-seine.fr/

Os otomanos tomaram posse de suas fortificações por volta de 1500 e então desenvolveram seu transporte e comércio, em torno de sua ponte principal (a nova ponte de pedra foi construída em 1566), cuja presença estratégica sempre determinou a própria alma da cidade. Nas margens do rio foram então construídas duas torres nas quais os guardiões da ponte (chamados "mostari") viveram;


foto da ponte velha da cidade
ponte velha, foto historiacomgosto


Durante a dominação turca (séculos XV-XVIII) muitos monumentos e edifícios em estilo otomano foram erguidos na cidade: pontes, mesquitas, hammam e palácios residenciais, e a partir do século 16, Mostar tornou-se o centro econômico e cultural da Herzegovina. 



 foto colorizada de Mostar mostrando muitas pessoas na rua parecendo um mercado. As pessoas aparentemente são muçulmanas devido as suas vestes
Mostar 1912 - https://albert-kahn.hauts-de-seine.fr/

Em 1878, a Bósnia-Herzegóvina foi anexada ao Império Austro-Húngaro e para esta cidade, situada em seu rio esmeralda, uma nova ordem econômica e cultural surgiu com a abertura de suas portas para a Europa; 

Após os terríveis anos de duas guerras mundiais, Mostar se expandiu graças à reconstrução do pós-guerra, triplicando sua população, intensificando e modernizando a indústria, a agricultura e o comércio. 

A guerra dos anos 90 (1992-1995), que testemunhou o confronto entre sérvios, croatas e muçulmanos, destruiu profundamente essa terra. Mostar foi seriamente atingida nos atentados de 1993, que danificaram a parte muçulmana da cidade e destruíram a Ponte Velha (reconstruída em 2004). 

Nestes últimos anos, a cidade progrediu lentamente para a normalidade, muitos refugiados voltaram para suas próprias casas e as áreas danificadas foram novamente construídas. A herança multicultural desta vasta herança histórica e artística, suspensa entre o Oriente e o Ocidente, entre o passado e o presente, representa hoje o eterno fascínio de Mostar que, graças à vontade dos seus habitantes e à ajuda internacional, redescobre lentamente a paz e uma maior serenidade. 

Esperamos que na vida cotidiana entre os cidadãos, essa convivência se normalize independente das etnias e religiões. Na origem e no fim somos todos iguais.

3. - Cidade Velha


3.1 - Ponte Velha

A Stari Most ("Ponte Velha") é uma ponte do século XVI que cruza o rio Neretva e liga as duas partes da cidade. A Ponte Velha permaneceu firme por 427 anos, até ser destruída em 9 de novembro de 1993, na Guerra da Bósnia. Logo depois, um projeto foi feito a fim de reconstruí-la, sendo a ponte reaberta em 23 de julho de 2004.



foto da ponte velha e do rio da cidade
ponte velha, foto historiacomgosto


A ponte original foi construída por Solimão, o Magnífico, em 1557 a fim de realocar uma antiga ponte suspensa de madeira, bastante instável. A construção demorou nove anos, sendo terminada entre 19 de julho de 1566 e 7 de julho de 1567. Pouco se sabe sobre os responsáveis, mas acredita-se que seu projetista foi Mimar Hayruddin, um arquiteto otomano.

A responsabilidade da destruição da ponte foi da artilharia de fogo Bósnia-Croata, durante a Guerra da Bósnia.

Reconstrução


Com o final da guerra, planos foram feitos para reconstruir a ponte. O Banco Mundial, a UNESCO, a Instituição Aga Khan Trust for Culture e o Fundo Mundial de Monumentos realizaram uma coalizão para supervisionar a reconstrução da ponte. Fundos adicionais vindos da Itália, Holanda, Turquia, Croácia e do Conselho do Banco de Desenvolvimento Europeu, bem como do governo Bósnio também foram utilizados.

Enquanto não se realizou o trabalho de reconstrução, uma ponte temporária feita de cabos foi providenciada e utilizada.

 foto de uma ponte provisória construída na cidade velha
ponte provisória, foto de Npatm em wikimedia commons

Mergulho



Pular da ponte e mergulhar no rio Neretva é uma tradição entre os jovens da cidade. Como o Neretva é muito frio, isto é muito arriscado e apenas os mais experientes e treinados fazem esta tentativa. 

A prática data de tempos antigos, mas o primeiro pulo registrado é datado de 1664. Em 1968 teve início uma competição de mergulho, que desde então, realiza-se  todo verão.  



pessoas mergulhando no rio. Praticantes do Cliff Diving - Mergulho das rochas
Red Bull Cliff Diving Mostar 2017,  https://www.turizam.mostar.ba/ 


3.2 - Bazar Antigo


Uma das partes mais antigas de Mostar é o bazar antigo (Kujundziluk) que serpenteia ao longo de uma rua pequena e bonita remontando a meados do século XVI com suas lojas de artesanato e restaurantes tradicionais. 

Comércio de Artesanato

 rua do mercado antigo
rua do mercado antigo, foto historiacomgosto


 loja do mercado antigo
mercado antigo, foto historiacomgosto
 loja do mercado antigo mostrando um homem todo de branco e com boné branco
mercado antigo, foto historiacomgosto


Mesmo com as mudanças decorrentes da passagem do tempo, essa rua manteve a sua antiga aparência externa, caracterizada pelas suas sempre presentes mesquitas e pequenas pousadas - e manteve, até agora, alguns dos seus artesanatos mais característicos, como o trabalho de cobre e tecelagem de tapetes. 


loja de artesanato de cobre
artesanato de cobre, foto historiacomgosto


Restaurantes

Juntamente com a Ponte Velha, sem dúvida, a principal atração de todo o distrito, o Antigo Bazar representa um exemplo característico da arquitetura e, ao mesmo tempo, da vida cotidiana de Mostar, como visto na vitalidade das oficinas, no pequenos restaurantes (onde você pode saborear excelentes pratos tradicionais) e nos cafés lotados que caracterizam a atmosfera local.


 restaurante à beira do rio
restaurante, foto historiacomgosto

4. - Outros Monumentos Históricos


4.1 - Residências Otomanas

Para respirar a atmosfera da vida cotidiana durante o período otomano, ainda existem três residencias turcas na cidade. As casas do Biscevic (1635), Kajtaz (século XVIII) e Muslibegovic (final do século XIX). São habitações antigas mas bem conservadas que testemunham o estilo da vida doméstica nesses períodos.

Cada casa é cercada por muros altos para proteger a intimidade dos habitantes. Normalmente existe um pátio interno com vegetação. Essa visita torna realidade aquilo somente imaginamos como deve ser. 


 residencia otomana na cidade nova
residencia de Muslibegovic, foto https://www.turizam.mostar.ba/


4.2 - Prédios Austro-Húngaros

Em Mostar, existem várias construções do período austro-húngaro. Neles podem ser vistos inclusive a mistura de estilos arquitetônicos ociedntais e orientais. 

Entre os mais interessantes estão a Escola Secundária (1898) e os Banhos Públicos (1914).

 foto de construção austro-húngara, escola secundária
foto https://www.turizam.mostar.ba/

 prédio de banhos públicos, comstrução austro-húngaro
foto https://www.turizam.mostar.ba/


Mostar é uma cidade que nos deixa com vontade de retornar porque, com sua complexidade única e original, é um lugar que te encanta com sua história e sua cultura, resultado de um encontro entre Oriente e Ocidente, uma mistura de tesouros e essências que você ainda pode respirar, vagando pelas ruas antigas.

Que essa sua riqueza cultural nunca mais volte a ser ponto de discórdia e que seus habitantes lutem pela união e não pela separação. É disso que precisamos no mundo atual.

5. - Referências


Wikipedia - Mostar / Ponte Velha de Mostar

Historia / fotos Mostar Antiga - https://www.turizam.mostar.ba/

Outras Fotos  - HistoriacomGosto / Shutterstock / Wikimedia Commons


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A História da Civilização Egípcia I - O Nilo e o início das Dinastias

I. - O Rio Nilo - Fonte da Vida



Única fonte de água nessa região ao norte da África, podemos dizer que o Nilo é a fonte que possibilita a existência de vida continuada nessa imensa área. Sem ele não existiria a civilização egípcia e nenhuma outra forma de vida organizada na região.

foto com vista do Nilo e suas margens
Vista do Rio Nilo, foto Historiacomgosto


"Os povos antigos que viveram no Egito eram uma grande mistura de diversos grupos étnicos, com várias origens diferentes. Antes de 5000 a.C. o vale do Nilo não tinha nenhum povo estabelecido, porque a área no entorno tinha uma rica vegetação e era habitada por tribos nômades de caçadores coletores que perseguiam grandes animais, como leões, girafas, e avestruzes, como fonte de alimento.

No entanto devido à mudança climática ocorrida aproximadamente em 5000 a.C., as áreas em volta do Nilo começaram a secar e já não eram capazes de sustentar os grandes animais. Essa mudança fez com que os povos nômades convergissem para o vale do Nilo, pois o rio estava se tornando a única fonte de água da região. 

Como resultado, a primeira população do Egito era um grupo de diferentes tribos nômades, que se integraram umas as outras e criaram uma nova sociedade.

No sul do Egito, mais próximo da Núbia o povo tinha uma pele mais escura. No norte do Egito, mais próximo do Oriente o povo tinha uma pele mais clara.

Por volta de 3100 a.C. no começo do período faraônico da história egípcia, uma cultura totalmente nova se desenvolveu."

fonte: "Os Egípcios antigos para leigos".

O rio Nilo em dados

O Nilo é o rio mais extenso do mundo. Situado no nordeste do continente africano, sua nascente está a sul da linha do Equador e sua foz ocorre no mar Mediterrâneo.

A sua bacia hidrográfica ocupa uma área de 3.349.000 km², abrangendo Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito.  A partir da sua fonte mais remota, situada no "Nyungwe National Park" de Rwanda, o Nilo tem um comprimento de 7 088 km.

É formado pela confluência de três outros rios, o Nilo Branco , o Nilo Azul e o rio Atbara. O Nilo Azul nasce no lago Tana (Etiópia), confluindo com o Nilo Branco em Cartum, capital do Sudão

foto do mapa do Nilo
Mapa do Nilo, google maps

Seis cataratas, decorrentes de acidentes nas rochas do leito do rio, dividem a seção sul do Nilo entre Aswuan e Khartoun. A primeira catarata em Aswan criou uma fronteira natural para o Egito até o novo império (1550 a.C.)

O Nilo flui do sul para o norte. O Egito meridional é chamado de alto Egito porque se encontra mais perto da nascente. O Egito setentrional, perto do Mediterrâneo, é chamado de baixo Egito.

A área do Egito que é cultivável, e também é chamada de vale do Nilo, possue cerca de 34.000 Km2, com pouca variação através do tempo.

Inundações: Sobrevivência e Prosperidade


Todos os anos entre os meses de julho e outubro, o Nilo transbordava cobrindo as terras nas duas margens com mais de meio metro de água. Quando a água baixava, um limo negro muito fértil cobria a terra.

margens férteis (fotos: historiacomgosto)


Outra foto das margens do Nilo com animais pastando


Foto do Nilo, suas margens e embarcações em Aswan


Apesar das inundações serem essenciais para a agricultura, o excesso ou a pouca água em algumas temporadas causava o fracasso da safra e consequentemente fome e morte.

barragens


A partir de 1830 e mais recentemente em 1960 com a barragem de Aswan alta, os egípcios passaram a ter melhor controle das inundações.


foto da barragem de Aswan alta
barragem de Aswan alta, foto historiacomgosto

II. - As dinastias egípcias


A história da civilização egípcia, conhecida também como a história do Egito Antigo, foi melhor organizada por Maneto, um historiador e sacerdote egípcio do terceiro século antes de Cristo. Ele criou o sistema cronólogico baseado nas dinastias. As dinastias começam com o controle unificado do Alto e do Baixo Egito. A história começa a partir dessa unificação.

Paleta de Narmer



A Paleta de Narmer refere-se a uma placa cerimonial egípcia  com inscrições e relevos representando o acontecimento histórico da unificação do Alto e Baixo Egito sob o rei Narmer e que data de, aproximadamente, 3100 - 3200 a.C. contendo alguns dos mais antigos hieróglifos atualmente conhecidos.



foto da Paleta de Narmer



Começando por Narmer, o historiador Maneto dividiu a cronologia da seguinte forma:



Período dinástico inicial
dinastia 0 a 2, por volta dos anos 3150-2686 a.C
Antigo Império
da terceira a sexta dinastia; por volta dos anos 2686 a 2181 a.C.
Primeiro período intermediário
da sétima a décima dinastia, por volta dos anos 2181-2040 a.C.
Médio Império
da 11o  a  12o dinastia por volta dos anos 2040 a 1782 a.C.
Segundo período intermediário
da 13o a 17o dinastia, por volta dos anos 1782 a 1570 a.C.
Novo império
da 18o a 20o dinastia, por volta dos anos 1570 a 1070 a.C.
Terceiro período intermediário
da 21o a 26o dinastia, por volta dos anos 1080 a 525 a.C.
Período tardio
da 27o  a 30o dinastia por volta dos anos 525 a 332 a.C.


Os períodos estáveis do antigo, médio e novo império, são interlaçados com períodos mais conturbados de guerras, tomadas de poder, ...,. Esses períodos são chamados períodos intermediários.


III. - A Organização Social do Reino Egípcio


Os Reis

A  pessoa mais poderosa da sociedade do Egito antigo era o rei. Ele já nascia nessa posição e normalmente era filho ou herdeiro do rei anterior. Como chefe do estado ele era grão sacerdote de todos os templos, chefe do exército, diplomata para tratados comerciais e intermediário entre o povo e os deuses.


foto da Tríade de Menkhalf
A forma clássica da designação dos reis egípcios é composta por cinco nomes: para além do nome que lhe tinha sido dado quando nasceu, os soberanos egípcios assumiam quatro nomes quando se tornavam reis.

O uso dos cinco nomes surge a partir da V dinastia, por volta de 2500 a.C., na época do Império Antigo.

Os cinco títulos que eles tinham seguiam um ordem canónica: nome de Hórus, nome das Duas Damas, nome do Hórus de Ouro, nome do Rei do Alto e Baixo Egito e o nome do filho de Ré. Este último era o nome próprio do rei e ligava-o muitas vezes a uma divindade (a título de exemplo, Amenófis (Amen-Hotep) significa "o deus Amon esteja satisfeito" e Ramsés "nascido de Ré").

Os cinco nomes que um rei assumia no começo do seu reinado podem ser interpretados como definidores de um certo programa e da forma como o rei se situava no plano temporal.

O termo "faraó", habitualmente utilizado para designar os monarcas do Antigo Egito, surge pela primeira vez nas fontes egípcias durante o reinado de Tutmés III (Tutmósis III), monarca da XVIII Dinastia, em cerca de 1400-1450 a.C..


Trabalhadores (agricultura, construção)


A sociedade no Egito antigo era altamente estratificada. Em primeiro lugar vinha o rei, seguido por pequenos grupos de sacerdotes vindos das elites, um grupo um pouco maior da elite dominante como escribas, construtores, ...,. e por fim a classe trabalhadora (trabalhos que exigiam alguma técnica e trabalhos braçais).

A maior parte do povo trabalhava na agricultura envolvidos com a produção de alimentos. 

Existiam também os trabalhadores da construção que como esses envolvidos na agricultura, não eram escravos mas recebiam o seu salário em forma de alimento para eles e suas famílias.


foto de pinturas de parede egípcia


Existe uma lenda que os construtores das pirâmides eram escravos, mas isso não corresponde a realidade. Eles eram trabalhadores do estado e recebiam o pagamento na forma de alimentação e acomodação.

Artesãos

Os artesãos consituiam uma classe de trabalhadores especiais que serviam para fazer as decorações das tumbas e monumentos dos reis. Eles eram entalhadores, carpinteiros, pintores, desenhistas, ...,.

Evidências foram encontradas de vilas especiais montadas para esses trabalhadores em Gizé, Kahun, Amarna, Deir El Medina.


foto de pintura de artesãos trabalhando

O Sacerdócio


O sacerdócio era uma função muito poderosa, especialmente em seus altos escalões. Os sacedortes trabalhavam para o templo e podiam ganhar honrarias riquezas e títulos.


foto de pinturas de sacerdotes


Os templos


Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade, que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo, por isso, muito diferentes dos modernos edifícios religiosos.

Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.


foto da entrada do Templo de Edfu
Templo de Edfu, Egito, foto HistoriacomGosto


Os Nomarcas

Nos reinos antigos e médios, uma grande parte do poder dos reis eram transferidos para os nomarcas, ou governadores. Eles eram responsáveis pelo seu governo na província e controlavam a economia, os impostos, os empregos e a formação dos exércitos.


Exército Permanente


No novo império, o rei não precisava de depender dos nomarcas para recrutar soldados. Nessa época foi instituído um exército permanente liderado por dois generais. Um para o Alto Egito e outro para o Baixo Egito. 


pintura do carro de cobate dos gurreiros egípciosO exército egícpcio utilizava uma  carruagem de guerra diferente em várias formas das carruagens convencionais usadas pelos mesopotâmicos e hititas. A  carruagem egípcia era mais leve, e projetada para carregar , além dos cavalos, dois homens: um responsável por conduzi-la, que também contava com a proteção de um escudo, e o guerreiro, que contava com um arco e flecha ou dardos de arremesso e, caso ambos acabassem, uma lança curta para ataques próximos.


IV - Resumo 



A civilização egípcia se aglutinou em torno de 3 150 a.C.  com a unificação política do Alto e Baixo Egito, sob o primeiro faraó (Narmer), e se desenvolveu ao longo dos três milênios seguintes. 

Sua história desenvolveu-se ao longo de três grandes reinos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, separados por períodos de relativa instabilidade conhecidos como Períodos Intermediários. 

O Antigo Egito atingiu o seu auge durante o Império Novo (c. 1 550-1 070 a.C.), uma era cosmopolita durante a qual, graças às campanhas militares do faraó Tutmés III, o Egito dominou, uma área que se estendia desde a Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo, até ao rio Eufrates, tendo após esta fase entrado em um período de lento declínio. 

O Egito foi conquistado por uma sucessão de potências estrangeiras neste período final. O governo dos faraós terminou oficialmente em 31 a.C., quando o Egito caiu sob o domínio do Império Romano e se tornou uma província romana, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Áccio

V. Referências


Os Egípcios antigo para leigos - Chalotte Booth

Wikipedia - Egito Antigo