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sábado, 31 de março de 2018

Domingo da Ressurreição - Eugène Burnand

I. - Domingo da Ressurreição - Evangelho segundo João 20, 1 - 9


"No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos." 

São João, 20 - Bíblia Católica Online

II. -  Eugene Burnand - "Os discípulos João e Pedro correndo para a sepultura ...", 1898


quadro os Apóstolos João e Pedro correndo para a sepultura mostra os dois apóstolos correndo apreensivos para ver o que aconteceu no túmulo do Senhor
           Os apóstolos correndo para o túmulo, Eugène Burnand, 1898, 
                                     Musée d'Orsay, Paris


"Nesta pintura, Eugène Burnand convida-nos a acompanhar Pedro e João quando esses correm para o túmulo vazio na manhã de Páscoa.


Em frente a um resplandecente amanhecer do céu  e atravessando  uma paisagem pastoral, Pedro e João estão correndo em direção ao local do enterro de Jesus. Pedro, barbado, mais velho e usando cores sombrias, tem uma expressão complexa. Em seu rosto está a história de sua experiência da paixão, o choque e a ansiedade, o medo e o desespero, a culpa e o desgosto. Seu rosto está exausto da vivência dessa experiência.


Seu corpo se move em direção ao túmulo, mas seu espírito está em conflito - temendo o pior sobre o corpo perdido, ousando esperar, mas dilacerado pelo fato de ter negado o Senhor. E se o corpo dele tiver sido tomado - quando a tortura desses eventos será interrompida? Mas e se ele tiver ressuscitado? E o que vai acontecer agora? 

Ao lado de Pedro está João, o discípulo amado. Ele é mais jovem e brilhantemente vestido com um rosto de desejo e profunda emoção. Suas vestes brancas transmitem pureza e inocência, bem como nova vida. Como o Discípulo Amado, ele é um símbolo da Igreja, o símbolo daqueles que virão e entrarão na Morte e Ressurreição de Cristo através da fonte do Batismo - a veste branca de João reforça isso. Ele agarra as mãos juntas, incorporando uma esperança desesperada. Sua expressão de anseio mostra a pequena semente de fé crescendo dentro de si para acreditar no inacreditável - que o corpo do Senhor ressuscitou, não foi roubado. 



Depois dos terríveis acontecimentos da Paixão, esse pensamento por si só já é um poderoso movimento de fé. O amanhecer do dia, com o raiar do sol, reforça a ideia dessa fé crescente. Como o brilho do sol nascente, a fé dos discípulos é despertada enquanto eles correm para o sepulcro vazio. Eles são informados de que o corpo foi tomado, mas enquanto eles correm e vêem por si mesmos, sua fé nascente lhes permite começar a entender, começar a ter esperança e começar a sentir a alegria da ressurreição."


Comentário de Daniella Zsupan-Jerome, professora de liturgia na Loyola University New Orleans.


III. - Eugene Burnand



gravura com retrato colorido de Eugene Burnand  Eugène Burnand (30 de agosto de 1850 - 4 de fevereiro 1921) foi um pintor suíço, nasceu no município de Moudon no cantão suíço de Vaud. Antes de se mudar para Paris, em 1872, ele estudou com Barthélemy Menn na École des Beaux-Arts, em Genebra. Em Paris, ele se juntou ao estúdio de Jean-Léon Gérôme.

Burnand foi muito influenciado pelo realismo de artistas como Jean-François Millet e Gustave Courbet. Sendo um pintor realista, suas obras incluem, principalmente, cenas religiosas, paisagens e do campo. Sua pintura mais famosa está no Musée d'Orsay em Paris: "Os discípulos Pedro e João correndo para o túmulo na manhã da Ressurreição.(fonte: wikipedia)

IV. - Mensagem Urbi et Orbi - Papa Francisco 2022


MENSAGEM URBI ET ORBI

DO PAPA FRANCISCO

PÁSCOA 2022

Balcão central da Basílica Vaticana
Domingo, 17 de abril de 2022

[Multimídia]


Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!

Jesus, o Crucificado, ressuscitou! Veio ter com aqueles que choram por Ele, fechados em casa, cheios de medo e angústia. Veio a eles e disse: «A paz esteja convosco!» (Jo 20, 19). Mostra as chagas nas mãos e nos pés, a ferida no lado: não é um fantasma, é mesmo Ele, o mesmo Jesus que morreu na cruz e esteve no sepulcro. Diante dos olhos incrédulos dos discípulos, repete: «A paz esteja convosco!» (20, 21).

Também os nossos olhos estão incrédulos, nesta Páscoa de guerra. Demasiado sangue, vimos; demasiada violência. Também os nossos corações se encheram de medo e angústia, enquanto muitos dos nossos irmãos e irmãs tiveram de se fechar nos subterrâneos para se defender das bombas. Sentimos dificuldade em acreditar que Jesus tenha verdadeiramente ressuscitado, que tenha verdadeiramente vencido a morte. Terá porventura sido uma ilusão? Um fruto da nossa imaginação?

Não; não é uma ilusão! Hoje, mais do que nunca, ressoa o anúncio pascal tão caro ao Oriente cristão: «Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou!» Hoje mais do que nunca precisamos d’Ele, no termo duma Quaresma que parece não querer acabar. Temos atrás de nós dois anos de pandemia, que deixaram marcas pesadas. Era o momento de sairmos do túnel juntos, de mãos dadas, juntando as forças e os recursos... Em vez disso, estamos demostrando que ainda não existe em nós o Espírito de Jesus, mas existe ainda em nós o espírito de Caim, que vê Abel não como um irmão, mas como um rival, e pensa como há de eliminá-lo. Temos necessidade do Crucificado ressuscitado para acreditar na vitória do amor, para esperar na reconciliação. Hoje mais do que nunca precisamos d’Ele, precisamos que venha colocar-Se no meio de nós e nos diga mais uma vez: «A paz esteja convosco!»

Só Ele o pode fazer. Só Ele tem hoje o direito de anunciar-nos a paz. Só Jesus, porque traz as chagas, as nossas chagas. Aquelas chagas d’Ele são nossas duas vezes: são nossas, porque Lh’as provocamos nós com os nossos pecados, a nossa dureza de coração, o ódio fratricida; e são nossas, porque Ele as traz por nós, não as cancelou do seu Corpo glorioso, quis conservá-las, trazê-las consigo para sempre. São um timbre indelével do seu amor por nós, uma perene intercessão ao Pai celeste para que as veja e tenha misericórdia de nós e do mundo inteiro. As chagas no Corpo de Jesus ressuscitado são o sinal da luta que Ele travou e venceu por nós, com as armas do amor, para podermos ter paz, estar em paz, viver em paz.

Contemplando aquelas chagas gloriosas, os nossos olhos incrédulos escancaram-se, os nossos corações endurecidos abrem-se e deixam entrar o anúncio pascal: «A paz esteja convosco!»

Irmãos e irmãs, deixemos entrar a paz de Cristo nas nossas vidas, nas nossas casas, nos nossos países!

Haja paz para a martirizada Ucrânia, tão duramente provada pela violência e a destruição da guerra cruel e insensata para a qual foi arrastada. Sobre esta noite terrível de sofrimento e morte, surja depressa uma nova aurora de esperança. Escolha-se a paz! Deixe-se de exibir os músculos, enquanto as pessoas sofrem. Por favor, por favor: não nos habituemos à guerra, empenhemo-nos todos a pedir a paz, em alta voz, das varandas e pelas ruas! Paz! Quem tem a responsabilidade das nações, ouça o clamor do povo pela paz. Lembre-se daquela inquietadora pergunta feita pelos cientistas, há quase setenta anos: «Poremos fim ao género humano, ou a humanidade saberá renunciar à guerra?» (Manifesto Russell-Einstein, 09/VII/1955).

Trago no coração todas e cada uma das numerosas vítimas ucranianas, os milhões de refugiados e deslocados internos, as famílias divididas, os idosos abandonados, as vidas destroçadas e as cidades arrasadas. Não me sai da mente o olhar das crianças que ficaram órfãs e fogem da guerra. Vendo-as, não podemos deixar de nos dar conta do seu grito de sofrimento, juntamente com o de tantas outras crianças que sofrem em todo o mundo: as que morrem de fome ou por falta de cuidados médicos, as que são vítimas de abusos e violências e aquelas a quem foi negado o direito de nascer.

No meio da angústia da guerra, não faltam também sinais encorajadores, como as portas abertas de tantas famílias e comunidades que acolhem migrantes e refugiados em toda a Europa. Que estes numerosos atos de caridade se tornem uma bênção para as nossas sociedades, por vezes degradadas por tanto egoísmo e individualismo, e contribuam para torná-las acolhedoras com todos.

Que o conflito na Europa nos torne mais solícitos também perante outras situações de tensão, sofrimento e angústia, que tocam demasiadas regiões do mundo e que não podemos nem queremos esquecer.

Haja paz no Médio Oriente, dilacerado por anos de divisões e conflitos. Neste dia glorioso, peçamos paz para Jerusalém e paz para aqueles que a amam (cf. Sal 121/122): cristãos, judeus e muçulmanos. Possam israelitas, palestinenses e todos os habitantes da Cidade Santa, juntamente com os peregrinos, experimentar a beleza da paz, viver em fraternidade e gozar de livre acesso aos Lugares Santos no mútuo respeito pelos direitos de cada um.

Haja paz e reconciliação para os povos do Líbano, da Síria e do Iraque, e, de modo particular, para todas as comunidades cristãs que vivem no Médio Oriente.

Haja paz também para a Líbia, a fim de encontrar estabilidade depois das tensões destes anos, e para o Iémen, que sofre com um conflito esquecido por todos mas com vítimas contínuas: a trégua assinada nos últimos dias possa devolver esperança à população.

Ao Senhor ressuscitado, pedimos o dom da reconciliação para Myanmar, onde perdura um cenário dramático de ódio e violência, e para o Afeganistão, onde não diminuem as perigosas tensões sociais e onde uma dramática crise humanitária atormenta a população.

Haja paz para todo o continente africano, a fim de que cessem a exploração de que é vítima e a hemorragia causada pelos ataques terroristas – particularmente na região do Sahel – e encontre apoio concreto na fraternidade dos povos. Que a Etiópia, atribulada por uma grave crise humanitária, reencontre o caminho do diálogo e da reconciliação e cessem as violências na República Democrática do Congo. Não falte a oração e a solidariedade pelas populações do leste da África do Sul, atingidas por enchentes devastadoras.

Cristo ressuscitado acompanhe e assista as populações da América Latina, que, em alguns casos, viram piorar as suas condições sociais nestes tempos difíceis de pandemia, agravadas também por casos de criminalidade, violência, corrupção e tráfico de drogas.

Peçamos ao Senhor ressuscitado que acompanhe o caminho de reconciliação que a Igreja Católica no Canadá está percorrendo com os povos autóctones. Que o Espírito de Cristo ressuscitado cure as feridas do passado e disponha os corações na busca da verdade e da fraternidade.

Queridos irmãos e irmãs, cada guerra traz consigo consequências que envolvem toda a humanidade: do luto ao drama dos refugiados, até à crise económica e alimentar de que já se veem os primeiros sintomas. Perante os sinais perdurantes da guerra, bem como diante das muitas e dolorosas derrotas da vida, Cristo, vencedor do pecado, do medo e da morte, exorta-nos a não nos rendermos ao mal e à violência. Irmãos e irmãs, deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível, a paz é um dever, a paz é responsabilidade primária de todos!


V. - Referências


https://www.loyolapress.com/our-catholic-faith/liturgical-year/lent/arts-and-faith-for-lent/cycle-b/arts-and-faith-easter-sunday-ii



quarta-feira, 21 de março de 2018

Uma forma sublime de amor - You've Got a Friend

I. -  Carole King  


Na década de 1970 Carole King  era uma compositora prestigiada que havia criado alguns sucessos como "The Locomotion" e "Will you love me tomorrow" junto  com seu parceiro musical e marido Gerry Goffin. Em 1969 Carole  separou-se Gerry Goffin iniciando a seguir uma parceria musical com James Taylor.


foto de Carole King sentada no parapeito de uma janela para o disco Tapestry de 1971
foto de Carole King, capa do álbum Tapestry


A carreira de King tinha começado na década de 1960, quando ela e seu primeiro marido, Gerry Goffin , escreveram mais de duas dezenas de sucessos, muitos dos quais se tornaram padrões, para inúmeros artistas. Ela continuou escrevendo para outros artistas desde então. O sucesso de King como intérprete não chegou até os anos 1970, quando ela cantou suas próprias músicas, acompanhando-se ao piano, em uma série de álbuns e concertos. 

Depois de experimentar o desapontamento comercial com seu álbum de estréia Writer, King conseguiu seu primeiro sucesso com o álbum Tapestry, que liderou a parada de álbuns dos EUA por 15 semanas em 1971 e permaneceu nas paradas por mais de seis anos.

II. James Taylor


James Taylor  era um cantor / compositor promissor, em estilo country balada, mas que não havia tido sucesso no seu primeiro trabalho. James havia sido identificado pelos produtores da Apple, selo dos Beatles, como um talento a ser lapidado. O seu primeiro trabalho foi gravado em Londres enquanto os Beatles gravavam o álbum branco. Paul e George até participaram da música "Caroline in my mind". Apesar de tudo o trabalho não obteve grande divulgação.


foto de James Taylor na capa do álbum sweet baby JamesLogo a seguir, o selo da Apple deixou de focar em artistas externos e James voltou para os Estados Unidos. 

Nessa época, James Taylor, não conseguia se livrar do vício das drogas e nem das crises de depressão desde que sua companheira, Suzanne Schnerr, havia cometido suicídio. 

James Taylor decidiu expressar sua dor através da música, ele compôs Fire and Rain, que seria o carro-chefe do seu próximo trabalho, Sweet Baby James.

A tristeza contida em Fire and Rain tocou fundo no coração de milhares de jovens e Sweet Baby James tornou-se um grande sucesso. Faturou o Grammy de disco do ano e vendeu mais de 10 milhões de cópias. O refrão de "Fire and Rain" é "I've seen lonely times when I could not find a friend." (Eu vi tempos de solidão quando eu não podia encontrar nenhum amigo)


III. - A parceria Carole King e James Taylor


Taylor e King começaram a trabalhar juntos. Era um casal novo e talentoso. Todos gostavam de vê-los juntos. Ao que tudo indica apesar das afinidades não houve um relacionamento amoroso entre eles, mas uma amizade profunda.

Vendo como a droga e a depressão atrapalhavam muito a vida de James Taylor, e em resposta ao verso de "Fire and Rain", Carole  escreveu "You've got a friend", que foi incluída no disco Tapestry

Tapestry, lançado em 1971,  ficou por quinze semanas no 1º lugar da parada dos Estados Unidos. Ganhou quatro prêmios Grammy sendo eles: Álbum do Ano; Melhor Performance Vocal Pop; Gravação do Ano (it´s too late); e, Canção do Ano (You´ve got a friend)  .

IV  - O Contexto das gravações de "You've Got a Friend" (1971)

 
foto de Carole KingEm 1971, James e Carole se apresentaram juntos no "Troubadour" em Los Angeles.  Ela tinha acabado de escrever "You've got a friend", a qual ela comentou para James mais tarde que era uma resposta para o verso de Fire and Rain (I coud not find a friend). A resposta de Carole era "Aqui está sua amiga". 

James Taylor comentou que logo que ele  ouviu a música sentiu vontade de tocá-la. 

Segundo James, a oportunidade surgiu logo depois, quando ele estava no estúdio gravando o álbum "Mud Slide Slim and the Blue Horizon". 

Eles  já haviam cortado duas músicas naquele dia, mas ainda tinham tempo de estúdio e estavam com muita disposição e energia.  Peter Asher, seu empresário, então falou, Por que você não toca "you´ve got a friend ? Eles então gravaram e sentiram que ficou muito legal. Entretanto, eles não tinham pedido a autorização de Carole para incluí-la no álbum. Ele ligou para ela e explicou que tinha surgido expontaneamente  e ela então generosamente  concordou

A letra de You´ve got a friend é uma linda declaração de amor na forma de amizade de Carole, que ultrapassa  a ideia de posse e se preocupa sobretudo com o apoio e a solidariedade sem limites.


Para James Taylor a música tinha um significado maior em virtude de ele estar justamente se recuperando de um período depressivo naquele momento.

V. - You've got a friend - A música em duas versões


Estilo original com Carole King ao piano




Estilo James Taylor ao violão





VI . - Letra


When you're down and troubled
And you need a helping hand
And nothing, nothing is going right

Quando você estiver abatido e com problemas
E precisar de uma mão para ajudar
E nada, nada estiver dando certo

Close your eyes and think of me
And soon I will be there
To brighten up even your darkest nights

Feche seus olhos e pense em mim
E logo eu estarei aí
Para iluminar até mesmo suas noites mais sombrias

You just call out my name
And you know whereverI am
 I'll come running, oh yeah baby

To see you again

Apenas chame meu nome
E você sabe, onde quer que eu esteja
Eu irei correndo

Para te ver novamente

Winter, spring, summer, or fall
All you have to do is call
And I'll be there, yeah, yeah, yeah

You've got a friend

Inverno, primavera, verão ou outono
Tudo que você tem de fazer é chamar
E eu estarei lá, sim, sim, sim

Você tem um amiga

If the sky above you
Should turn dark and full of clouds
And that old north wind should begin to blow

Keep your head together and call my name out loud
And soon I will be knocking upon your door

Se o céu acima de você
Tornar-se escuro e cheio de nuvens
E aquele antigo vento norte começar a soprar

Mantenha sua cabeça sã e chame meu nome em voz alta
E logo eu estarei batendo na sua porta

You just call out my name 
and you know where ever I am
I'll come running to see you again

Apenas chame meu nome
E você sabe, onde quer que eu esteja
Eu virei correndo para te encontrar novamente

Winter, spring, summer or fall
All you got to do is call
And I'll be there, yeah, yeah, yeah

Hey, ain't it good to know that you've got a friend?

Inverno, primavera, verão ou outono
Tudo que você tem de fazer é chamar
E eu estarei lá, sim, sim, sim

Ei, não é bom saber que você tem um amiga?

People can be so cold
They'll hurt you and desert you
Well they'll take your soul if you let them

Oh yeah, but don't you let them

As pessoas podem ser tão frias
Elas te magoarão e te abandonarão
E então elas tomarão sua alma se você permitir-lhes

Oh, sim, mas não permita-lhes

You just call out my name 
and you know wherever I am
I'll come running to see you again

Apenas chame alto meu nome
E você sabe, onde quer que eu esteja
Eu virei correndo para te encontrar novamente

Oh babe, don't you know that

Winter spring summer or fall
Hey now, all you've got to do is call Lord,
I'll be there, yes I will

Você não entende que

Inverno, primavera, verão ou outono
Ei, agora tudo que você tem a fazer é chamar
Senhor, eu estarei lá, sim eu estarei

You've got a friend, You've got a friend
Ain't it good to know you've got a friend
Ain't it good to know you've got a friend

You've got a friend

Você tem um amiga, Você tem um amiga
Não é bom saber? Você tem um amiga
Não é bom saber? Você tem um amiga

Você tem uma amiga



VII. - Referências


 www.telegraph.co - Entrevista com James Taylor

https://jccbalaperdida.blogspot.com.br/2010/07/uma-cancao-uma-historia.html 
wikipedia - Carole King / James Taylor

segunda-feira, 19 de março de 2018

Zadar, Croácia, encontro de história e beleza

1. - Zadar


A meio caminho entre o lago Plitvice e a cidade de Split, Zadar é uma simpática cidade litorânea que não tem todo o congestionamento das badaladas Dubrovnik e Split, e oferece uma amostra muito legal da história da Croácia antiga. 

A origem de Zadar parece ser em torno do século IX bc, onde teria sido fundada por uma tribo iliria dos liburnos conhecida como lader. Conquistada depois pelos romanos no século I ac, Zadar como toda a região da Dalmácia, fez parte do império bizantino, do reino húngaro, reino croata, reino de veneza, império austro-húngaro, reino francês, federação Iugoslava, e nos dias de hoje como parte da Croácia.  

Em 2011, Zadar contava com uma população de 75.000 habitantes, o que a levava para  o posto de 5a maior cidade do país.

Como a maioria dos que visitam a Croácia  sempre passam pelo Lago Plitivice, Zadar é uma boa parada para descanso, um ou dois dias de visita, e seguir em frente para quem está no estilo "Conheça a Croácia de carro".

 
Vista da cidade de Zadar, foto historiacomgosto


2. - Resumo Histórico Dalmácia / Zadar 


 a) Dalmácia 

A região litorânea da Croácia faz parte da região da Dalmácia que, em tempos passados, já foi até um reino independente; A melhor maneira de percorrer essa região é passeando de carro por suas auto-estradas e fazendo paradas de acordo com o tempo disponível; Split e Dubrovnik são imperdíveis. As outras podem ser Zadar, Sibernik ou Trogir. Expandindo para o lado de Dubrovnik, aconselhamos Kotor que fica em Montenegro; 

 

Século I a.c. - Conquista Romana

 

No século I ac, depois de dois séculos de guerra contra as tribos dálmatas e liburnas, os romanos finalmente conquistaram a região e a integraram ao seu império. Por mais de três séculos a região viveu um período de prosperidade que somente terminou com a chegada dos povos da ásia , incluindo os eslavos no século VII.

Século V  a  X - Guerras e Disputas


Período de guerras e disputas 

Em  535, a Dalmacia caiu sob o império Bizantino o que a levou a um período de grande prosperidade até que os Avars e as tribos eslavas migraram para os Balcãs e começaram a atacar as fronteiras do norte do império bizantino.  No começo do século 7o, os eslavos ocuparam os balcãs inteiramente, perseguindo os habitantes das cidades fortificadas como Salona e Epidaurum. Entretanto, os eslavos e os ávaros objetivavam a conquista de Constantinopla e a falha na sua conquista dividiu a aliança entre esses dois povos. Os eslavos  continuaram o seu impulso de conquista das populações descendentes dos romanos e dos iliriacos nessa região ao longo da costa.

Século X a  XII - Período Croata


Depois de um longo período de guerras os croatas fundaram um novo estado abençoado pela autoridade papal. Novos edifícios públicos foram construídos, a arte começou a florescer e o comércio com a costa italiana aumentou. 

O Rei Tomislav tomou o poder em 925 e liderou um grande exército croata. Depois de sua morte, porém, o poder croata enfraqueceu e Bizancio tomou de volta suas cidades dálmatas e Veneza reiniciou seus ataques as cidades da costa.


Século XIII a XIV - Período Veneza - Croácia - Hungria


Em 1202, Zadar foi conquistada e queimada pela República de Veneza, ajudada pelos cruzados. Os croatas novamente recuperaram o controle sobre a cidade em 1358, quando foi dada ao rei croata-húngaro, Luís I. Em 1409, o rei Ladislaus vendeu Zadar aos venezianos.

Século XV ao XIX - Reino de Veneza 


Um século de tumultos e rebeliões culminou em 1409 quando o rei Ladislav de Nápoles vendeu a Dalmácia para Veneza. O pacote completo incluia Zadar, Novigrad e Pag mas Veneza rapidamente adquiriu Cres, Rab, Hvar, Brac, Korcula, Nin, Skradin, Sibenik, Trogir e Split. A república Veneziana permaneceu na Dalmácia até 1797 quando Napoleão conquistou essas terras para a França. 

A cidade nesse período tornou-se uma importante fortaleza, garantindo o comércio veneziano no Adriático, o centro administrativo dos territórios venezianos na Dalmácia e um centro cultural. Durante este tempo, muitos escritores croatas famosos, como Petar Zoranić, Brne Krnarutić, Juraj Baraković e Šime Budinić, escreveram na língua croata


Século XIX - Imperio Austro Húngaro


O Congresso Vienense de 1815, transferiu todas as posses francesas na Dalmácia para a Áustria. Nesse meio tempo a população da Dalmácia, unida com o resto da Croácia, tornavam-se reativos e faziam insistentes demandas para autonomia e unificação.  

A explosão da primeira guerra mundial intensificou esses sentimentos, particularmente quando a Áustria começou a coagir seus líderes acusando-os de traição. Aqueles que escaparam se uniram na Itália com o objetivo de reagrupar as terras eslavas do sul.  


Século XX - Itália / Iugoslávia 


O reino de sérvios, croatas e eslovenos veio com o colapso do império austro-húngaro no fim da primeira guerra mundial. Uma parte grande da Dalmácia ficou com os italianos como a Istria, Cres, Losinj, Rikeja, Zadar, Lastovo e Palagruza. 

Sob a liderança do Marechal Tito, a Dalmácia participou da resistência contra a  Alemanha e a Italia durante a segunda guerra mundial. A Dalmácia forneceu 110.000 soldados no esforço de guerra e cerca de 71.000 desses soldados lutaram juntos com os soldados da Iugoslávia. 

Depois da rendição da Itália, unidades partisans liberaram a Dalmácia e suas ilhas. Temendo a possibilidade de um desembarque aliado nas vizinhanças da Itália, um grande número de unidades do exército Alemão ocupou a área costeira e suas ilhas. Durante o ano de 1944 teve lugar as batalhas para a liberação final da Dalmácia. Pelo fim do ano, o inimigo tinha sido expulso. Nascia a Iugoslávia. 

3. - Parte Histórica de Zadar

3.1 - Portão de Entrada Terrestre 

A principal entrada de Zadar é o portão ricamente decorado, com características do final da renascença, e datado de 1543. O portão tem uma escultura de um leão veneziano, por cima de uma escultura de São Crisógono em seu cavalo. O brasão de armas e as inscrições adornando o imponente portal parecem saudar os visitantes.  

 
Portão de entrada da cidade velha, foto historiacomgosto


3.2 - Praça Petar Zoranic

Uma escavação na Praça Petar Zoranovic revelou uma série de achados da época romana. No centro da praça, se localiza a base octogonal de uma das torres que ladeava o portal da muralha romana.

 
Praça Petar Zoranic, foto historiacomgosto

 

 3.3 - Praça do Povo 

Não importa por onde o visitante entrem, todas as ruas acabam levando para a praça do Povo onde se encontram cafés e restaurantes.


Praça do Povo, foto historiacomgosto

 

3.4 - Fórum Romano 

A praça principal da antiga cidade romana de Jadera foi construída entre os séculos I ac e III dc. O Fórum com 90 m de extensão e 45 m de largura, era limitado em três lados por colunas com pórticos de mármore. Na praça principal estão as fundações de edifícios públicos incluindo um salão de reunião, parte do calçamento original, várias áreas retangulares e um pilar monumental, usado na idade média como um "pilar da vergonha".

Fórum romano, foto historiacomgosto

 

Fórum romano com a Igreja Renascentista de Santa Maria ao fundo;

Fórum romano com a Igreja de Santa Maria ao fundo, foto historiacomgosto

  

3.5 - Igreja de São Donato 

A Igreja da Santa Trindade, que depois  adotou o nome de seu fundador, o bispo Donato, é um dos mais belos exemplos de arquitetura bizantina da Dalmácia. Foi construída no início do século IX sobre as pedras de pavimentação do antigo fórum romano e tem uma planta baixa circular, com três absides circulares. O interior tem uma galeria de mulheres que perpassa toda a igreja e cria um andar superior. Desde 1997 a São Donato não é usada como Igreja, mas, devido à sua boa acústica, é sede de muitos concertos.
 
Igreja de São Donato, foto historiacomgosto

 

detalhes internos


A Igreja de São Donato destaca-se pela sua forma simples, redonda e posição dominante. Sua ótima acústica significa que muitas vezes hospeda noites de música clássica.

A abóbada cônica e cilíndrica se ergue no meio da igreja em uma altura de 27 m.



3.6  Catedral de Santa Anastácia   

A Catedral de Santa Anastácia também fica ao lado do fórum romano. Ela foi fundada pelos bizantinos no século IX e reconstruída no estilo romano nos séculos XII e XIII. Concluída em 1324 a harmoniosa fachada com três portas é dividida ao meio horizontalmente, com a parte superior adornada com  arcos, colunas e duas rosáceas esplêndidas. 


Catedral de Santa Anastácia, foto historiacomgosto


Parte Interna


A catedral tem um campanário para escalar, oferecendo uma visão de grande alcance. 


3.7 - Mosteiro de São Francisco  de Assis em Zadar 

O mosteiro de São Francisco Assis  em Zadar é um mosteiro católico romano franciscano que remonta ao século 13. O mosteiro é controlado pela Província Franciscana de São Jerônimo.

O mosteiro, juntamente com uma igreja do mesmo nome, foi construído por volta de 1221. Foi consagrado em 12 de outubro de 1282 pelo bispo Lovro Periandar. Ao longo dos séculos de sua história, o mosteiro foi o ponto focal da vida religiosa na cidade de Zadar. Foi também o lar da escola franciscana, precursora da atual Universidade de Zadar. Possui uma galeria de imagens rica, bem como uma coleção de códices e pergaminhos. Neste mosteiro, São Jakov de Zadar foi ordenado pela primeira vez.

A igreja e o mosteiro estão na parte ocidental da cidade. É a igreja gótica mais antiga da Dalmácia. O interior é relativamente simples. Atrás do altar principal que data de 1672, encontra-se o que já foi um santuário e dentro as cadeiras para o côro, ricamente decoradas,  em estilo gótico de 1394, por Giacomo da Borgo Sansepolcro.

A sacristia, que decorre da área do coro, é local importante na história croata. Como exemplo, em 1358 a República veneziana e o rei húngaro-croata, Louis I, assinaram o tratado de Zadar em que os venezianos abandonaram suas explorações dálmatas.

 


No interior do Mosteiro temos um pequeno museu contendo alguns livros com iluminuras, crucifixos, e um lindo políptico da ilha de Ugljan, também chamado de, "The Ugljan Polyptych" de Ivan Petrov.



3.8 - Pilar da Vergonha 

Na parte de trás do  fórum romano encontramos o pilar da vergonha, onde eram acorrentados os presos e criminosos que ali também sofriam os castigos.


3.9 - Praça das Cinco Rodas 

A praça é construída em cima de um fosso. Com a finalidade de se proteger de um possível cerco turco, foi construída uma grande cisterna nesse lugar no século 16. A praça tem na vizinhança um frondoso parque arborizado construído no século 19. 

 

3.10 - A muralha da cidade - Cidade Velha 

A muralha existente hoje foi construída pelos venezianos, para impedir o ataque dos turcos. Outras fortificações já haviam sido levantadas antes, pelos romanos e pelos eslavos, durante a Idade Média. Originalmente os muros circundavam toda a península, mas hoje se limitam aos lados sul e leste. (fonte: oglobo) 

Vista áerea da cidade velha de Zadar e suas muralhas - foto de Hieronymus/shutterstock.com




4 - Outras Atrações de Zadar


4.1 -  O pôr do Sol que atraiu Hitchcok


O diretor de cinema e o mestre do suspense, Alfred Hitchcock,  foi atraído  para a cidade para testemunhar o espetacular colorido de seus céus em 1964. Ele aparentemente descreveu isso como "o pôr do sol mais lindo do mundo". Apesar de ter vontade, ele acabou não realizando nenhum filme em Zadar.

Coincidentemente, quando chegamos a Zadar e estávamos entrando no nosso hotel nos deparamos com um fantástico pôr do sol. Agora, imagine contemplar esse pôr do sol à beira mar ouvindo o som do órgão marinho.

Pôr do sol, visto do hotel em Zadar, foto historiacomgosto

4.2 - Monumento ao Sol


O Monumento ao Sol ou "Saudação ao Sol", é um grande círculo de 22m de diâmetro que têm 300 placas de vidro com células solares que absorvem a luz ao longo do dia e se acendem quando a noite começa a cair.  É um projeto do arquiteto Nikola Basic que também projetou o orgão do mar.


Monumento ao Sol, foto historiacomgosto



Detalhes dos paineis solares



Ao entardecer temos as luzes no monumento do sol e os sons criados pelo órgão marinho. A combinação desses dois efeitos é surpreendente e faz do lugar uma experiência única.

4.3 - Orgão Marinho, tocado pelo vento;


Em paralelo com o Monumento ao Sol, uma outra atração de Zadar, é o seu Órgão Marinho. Esta é uma instalação de arte adjacente, formada por degraus de corte inteligente em uma seção de concreto do passeio marítimo. Estes têm tubos subaquáticos que soam notas musicais quando o vento impulsionado pela maré passa através destes. É criado então um efeito harmônico de acordo com o movimento das marés.


Detalhe do orgão marinho, foto de @unterwegs

detalhes dos degraus  no verão



4.4 - Museu do Vidro Antigo


Aberto em 2008, esse museu exibe vidros antigos, principalmente do período romano, achados nas redondezas de Zadar. O Museu possui mais de 2000 objetos de vidro do 1o século ac até o 5o século dc.
 

Interior do Mueu do Vidro, foto historiacomgosto

detalhes


4.5 - Exposições culturais 

Zadar tem uma forte tradição cultural e frequentemente estão sendo exibidas mostras de artistas europeus. Na ocasião presenciamos uma exibição de Marc Chagal sobre motivos bíblicos;

 
quadro de Marc Chagal, foto historiacomgosto


4.6  Antigas tradições navegação e renda 

Para uma experiência memorável, faça uma pequena viagem com os barquinhos náuticos que viajam para visitar os residentes do outro lado do porto principal da cidade para a Cidade Velha há mais de 800 anos.

Alternativamente, passeie pelo mercado da cidade, um dos maiores e melhores da Dalmácia. As mulheres que estão sentadas mostrando seus trabalhos, como
toalhas caseiras de renda e barras de queijo salgado, continuam uma tradição  que deve ter tanto tempo quanto os passeios de barco na cidade.  


rua interna da cidade histórica de Zadar, foto historiacomgosto

4.7 - Peixes e  frutos do mar - Uma tradição em Zadar 

Peixes e frutos do mar são uma tradição em Zadar. Localizadas dentro das antigas muralhas de Zadar estão vários restaurantes de peixe, com os preços  favoravelmente mais baixos dos que estão situados diretamente na costa. 

O restaurante Martinac  é um exemplo de um restaurante simples com um terraço ao ar livre sombreado. Serve um risoto de frutos do mar delicioso.



4.8 - O bonito litoral de Zadar 

 


praias

Apesar de serem todas de cascalho / pedregulho, as praias de Zadar são bem frequentadas no verão. Ainda em setembro quando não se tem mais tantos turistas é possível se ver muitas pessoas procurando por um banho de sol.



V. - Referências

guia visual da folha - Croácia

wikipedia - Zadar

https://www.croatiatraveller.com/Zadar/ZadarSightseeing.htm

notas e fotos de viagem - historiacomgosto