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domingo, 28 de janeiro de 2018

Grandes Filmes - Lawrence da Arábia

I. - Contexto Histórico 


I.1 - O Mundo Árabe no século XIX e início do século XX 

Já na idade média ou idade de Ouro islâmica foram os Califados árabes  que iniciaram a unificar todo o Oriente Médio como uma região distinta e começaram a criar a identidade étnica dominante que persiste até hoje. Depois vieram os turcos seljúcidas e  o Império Otomano  que dominaram a região. 

foto da bandeira do imperio otomanoAté o início do século XX, a região árabe era totalmente dominada pelo império otomano que apesar de ser um império governado por família de turcos otomanos eles formavam um império com várias etnias juntando turcos, curdos, árabes, gregos, armênios, bósnios, sérvios, persas, árabes e outros. 

Nos anos 1800, uma onda de nacionalismo vinda da Europa começou a chegar no domínio otomano. Em 1832, os gregos (com forte apoio britânico) conseguiram conquistar a independência. Já começava o enfraquecimento do imperio otomano.

A ideia do nacionalismo se instalava inicialmente nos árabes e turcos com educação europeia. Ela não era uma ideologia dominante. A maioria dos árabes e turcos estavam contentes por fazerem parte de um império multiétnico. Eles apenas demandavam mais autonomia para os povos que faziam parte do império.

Apesar da existência de crenças nacionalistas pode-se dizer que era uma pequena minoria que defendia uma ruptura completa do império Otomano. 

foto do canal do SuezEntretanto, em 1839,  esse processo de decomposição continuou com a independência do Egito, através da revolta de Mehmet Ali. 


Posteriormente, o Império Otomano se tornou o "orgão doente da Europa", e se foi salvo de uma invasão imperialista europeia em larga escala, foi apenas porque a Inglaterra e a França estavam interessados em segurá-lo como um tampão para evitar que a Rússia, no norte, se apoderasse dos Balcãs e ganhasse acesso direto para o Mar Mediterrâneo. Em 1869, o processo de invasão ocidental foi acelerado com a abertura do Canal de Suez, que deu ao Egito inestimável valor estratégico na política mundial.


A Primeira Guerra Mundial foi uma oportunidade de ouro para as potências europeias que tentaram com êxito explorar a debilidade do Império Otomano para impor seu próprio domínio imperial nessas regiões. 

Entretanto, no final do século XIX, os europeus tinham inventado o motor de combustão interna e, portanto, encontraram um novo uso para o petróleo, por isso o controle dessas regiões se tornou um objetivo geopolítico. Os britânicos viam os otomanos como o elo fraco da aliança inimiga, e se concentraram em colocá-los fora da guerra. 

Quando um ataque direto falhou em Gallipoli em 1915, eles se voltaram para fomentar uma revolução nos domínios otomanos, explorando a força do despertar do nacionalismo árabe.  Os britânicos encontraram um aliado em Sharif Hussein, o governante hereditário de Meca, que liderou uma Revolta Árabe contra o domínio otomano, tendo recebido a promessa de independência árabe em troca. 

Nessa época, quando existia conflito, as batalhas eram desproporcionais entre tribos árabes que se movimentavam a cavalo e lutavam com sabres e a máquina de guerra turca, com o uso de metralhadoras e aviões.

O Governo Inglês enviou então um jovem capitão inglês, T. E. Lawrence,  para trabalhar como  contato com as forças árabes da região. 

A grande contribuição de Lawrence foi convencer os lideres árabes a trabalharem juntos e em coordenação com a estratégia britânica. Lawrence desenvolveu uma forte relação com Faisal e influenciou bastante as táticas e os objetivos de guerra dos árabes e ingleses. 
 

I.2 - T.E. Lawrence


Thomas Edward Lawrence, nasceu em Tremadog, Páis de Gales em 16 de Agosto de 1888. Já na adolescência se submetia a um regime espartano de treino físico que haveria de o tornar extremamente resistente. Era frequente fazer jejuns prolongados ou alimentar-se pobremente.  Tinha o gosto da velocidade e passava o seu tempo livre em longos passeios de bicicleta pelas estradas campestres. 

foto de T.E. LawrenceEm 1911, foi assistente nas escavações arqueológicas promovidas pelo Museu Britânico em Carquemis, no rio Eufrates, e foi nessa ocasião que se tornou agente secreto do governo britânico, pela mão do seu mentor e amigo D.G. Hogarth, recolhendo informações sobre a construção das estradas-de-ferro otomanas. Foi também nesse período que conheceu e se tornou amigo de Selim Ahmed, um jovem árabe, que segundo alguns seria o misterioso "S.A.", a quem os Sete Pilares da Sabedoria foram dedicados.
 
Ele que também é conhecido como Lawrence da Arábia, e entre os árabes Aurens ou El Aurens, foi arqueólogo, militar, agente secreto, diplomata e escritor.

Tornou-se famoso pelo seu papel como oficial britânico de ligação durante a Revolta Árabe de 1916-1918. A sua fama como herói militar foi largamente promovida pela reportagem da revolta feita pelo viajante e jornalista estadunidense Lowell Thomas, e ainda devido ao livro autobiográfico de Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria.
 
Primeira Guerra Mundial e a Revolta Árabe 

Lawrence foi convocado para as Forças Armadas da Inglaterra no início da Primeira Guerra Mundial e em 1917 seria oficialmente destacado para a força expedicionária do Hejaz, sob o comando do General Wingate, sendo transferido em 1918 para o estado-maior do General Allenby.


foto de guerreiros árabes montados em seus camelos
É como tenente do serviço secreto inglês que Lawrence inicia, em 1914, sua carreira militar no Oriente Médio. A identificação de Lawrence com a causa árabe, cultivada quando ainda trabalhava como arqueólogo, torna-o peça importante da manobra britânica para vencer o Império Turco Otomano, aliado da Alemanha na guerra. Como oficial inglês e admirador da cultura árabe, aproxima-se de Faisal, um dos líderes da revolta e filho do Califa de Meca, Hussein ibn Ali. Seus conhecimentos sobre a geografia local e o exército turco, somados aos ideais de soberania da nação árabe, logo conquistam Faisal e fazem de Lawrence o conselheiro logístico do movimento, comandante de um exército de dez mil homens.

Grande articulador, ele consegue reverter a ocupação do território árabe, impedindo a retaliação turca, através de ações de guerrilha, como explosões de trens e estradas de ferro e aniquilação de reservas materiais, que culminam com a tomada de Damasco em outubro de 1918. Nesse ano, Lawrence foi promovido ao posto de tenente-coronel.
 


O episódio de Deraa


No livro VI, capítulo 80 dos Sete Pilares da Sabedoria, Lawrence descreve um controverso episódio que teria ocorrido em 20 de Novembro de 1917, durante uma operação de reconhecimento, sob disfarce, à cidade de Deraa. Segundo o relato, ele teria sido capturado pelos turcos, reconhecido pelo governador turco da cidade, Hajim Bey, que o assediou sexualmente e que, perante a obstinada recusa de Lawrence em ceder aos seus desejos, teria ordenado aos soldados o seu brutal espancamento e açoitamento seguido de violação, como é insinuado no texto.

Depois da Guerra


Lawrence foi feito Companheiro da Ordem do Banho e foi-lhe concedida a Ordem de Serviços Distintos (DSO) e a Legião de Honra francesa, mas em Outubro de 1918 recusou ser feito Comandante Cavaleiro do Império Britânico (que lhe possibilitaria o uso do título de Sir ), das mãos do próprio rei Jorge V.

Em 1919 tornou-se conselheiro da delegação árabe na Conferência de Paz de Paris, onde viu as antigas promessas de reconhecimento da soberania da nação árabe serem desfeitas, com a divisão dos territórios árabes do antigo Império Otomano sob os mandatos da França (Síria e Líbano) e do Reino Unido (Palestina e Mesopotâmia). Foi também nesse ano que o seu pai morreu e que a mãe lhe confirmou que ele e seus irmãos eram filhos ilegítimos, facto chocante para a época e que muito perturbava o próprio Lawrence.

Entre 1921 e 1922 foi consultor de assuntos árabes da Divisão do Oriente Médio do Departamento Colonial, sob a direcção de Winston Churchill, tendo participado, em 1921, na "Conferência do Cairo". 
 

Vida em Anonimato

 
No final de Agosto de 1922, embaraçado em parte com a notoriedade da lenda de "Lawrence da Arábia" (criada pelo jornalista estadunidense Lowell Thomas), mas, sobretudo, completamente desgostoso com o resultado da guerra no  Oriente Próximo e com aquilo que considerou ser uma traição para com os Árabes (a recusa da França e do Reino Unido em lhes conceder plena independência), Lawrence rejeitou inúmeros convites de trabalho para ocupar cargos de destaque.

Em 1925, depois de passar por vários postos subalternos,  conseguiu que o seu amigo e comandante da RAF Hugh Trenchard,  aceitasse o seu regresso à RAF, onde permaneceu tranquilo e protegido, como responsável de arrecadação e depois técnico de lanchas de salvamento, até à sua passagem à reserva em 25 de Fevereiro de 1935, recusando sempre toda e qualquer promoção de posto acima de cabo.


Lawrence foi um soldado exemplar, íntegro, meticuloso na execução dos seus deveres e um excelente camarada, generoso e amável. A maioria dos outros militares sabia que aquele homem modesto e quase insignificante, reservado e com modos aristocráticos era o famoso Lawrence da Arábia, mas respeitavam-lhe a intimidade e não lhe faziam perguntas sobre o seu passado.  Lawrence tinha muitos amigos poderosos entre a elite militar, política e cultural britânica (Winston Churchill, Hugh Trenchard, Lady Astor, George Bernard Shaw, Thomas Hardy, E.M. Forster, Liddell Hart, Robert Graves, Noel Coward etc.), e isso desagradava a alguns dos seus chefes, que temiam que ele pudesse expor-lhes as fragilidades. 
 

Morte


Depois da passagem à reserva, Lawrence planejava levar uma vida tranquila e solitária em Clouds Hill, rejeitando mais uma vez convites para posições importantes. Contudo, em 13 de Maio de 1935, quando Lawrence foi de moto até aos correios de Bovington, para enviar uma encomenda de livros a um amigo e um telegrama a Henry Williamson, sucedeu o imprevisto. De regresso a Clouds Hill, ao desviar-se abruptamente para evitar o choque com dois jovens ciclistas foi projetado violentamente da moto, fraturando gravemente o crânio.

Faleceu em 19 de Maio de 1935.
 

II. - O Filme "Lawrence da Arábia"


II.1 - Sinopse    

O argumento do filme baseia-se na biografia de T.E. Lawrence (1888–1935) descrita no seu livro Sete Pilares da Sabedoria. O filme explora a excentricidade e a personalidade enigmática de Lawrence. 


foto de capa do dvd filme Lawrence da Arábia com Peter O'TooleEm 1916, em plena I Guerra Mundial, o jovem tenente do exército britânico servindo no Cairo pede transferência para a península arábica, onde vem a ser oficial de ligação entre os rebeldes árabes e o exército britânico, aliados contra os turcos, que desejavam anexar ao seu Império Otomano a Península Arábica. Lawrence, admirador confesso do deserto e do estilo de vida beduíno, oferece-se para ajudar os árabes a se libertarem dos turcos. O filme mostra quatro episódios principais da vida de Lawrence durante a sua estada na Arábia: a conquista de Aqaba; o seu rapto e tortura pelos turcos em Deraa; o massacre de Tafas; e o fim do sonho árabe de Damasco.
 

II.2 - Elenco


 

II.3 - Prêmios

Foi indicado para 10 categorias do Oscar em 1963, tendo ganhado 07. É considerado o épico dos épicos e um dos dez melhores filmes de todos os tempos. Venceu o Bafta  nas categorias de melhor ator britânico (Peter O'Toole), melhor filme britânico, melhor roteiro britânico e melhor filme de qualquer Origem.


 II.4 - David Lean


David Lean foi o grande diretor de filmes épicos do século XX. Ele dirigiu além de "Lawrence da Arábia", os grandes filmes "Doutor Jivago", "A Missão", "Passagem para a Índia", "A ponte do rio Kwai".

David Lean é constantemente apontado como o maior cineasta britânico de todos os tempos (ao lado de Alfred Hitchcock), tendo sido aclamado por diretores como Steven Spielberg e Stanley Kubrick. Ele ocupa a nona posição na lista de melhores diretores da história do cinema da revista Sight & Sound, publicada em 2002.

Apesar de ser muitas vezes associado a grandes produções e filmes épicos, David Lean tem uma filmografia bastante diversificada e foi por muito tempo visto como um diretor intimista. 

David Lean é um cineasta sentimental e romântico. Seu cinema é caracterizado por um imenso lirismo e, ao mesmo tempo, uma certa frieza. 

II.5. - Curiosidades a respeito do filme "Lawrence da Arábia" 

a) O ator principal


foto de rosto de Peter O'Toole com turbante branco interpretado Lawrence da ArábiaInicialmente, o diretor David Lean havia escalado Albert Finney para o papel de T.E. Lawrence. Apenas após a intervenção de Katharine Hepburn junto ao produtor Sam Spiegel é que Peter O'Toole foi contratado para o papel.

   


b) Um filme masculino

Durante todo o filme, não há um único papel feminino com falas.

c) Vestígios da história real


Enquanto preparavam o material para rodar as cenas da sabotagem do trem, todas elas rodadas em locações próximas às reais, a equipe do diretor David Lean terminou encontrando destroços da sabotagem verdadeira, realizada por T.E. Lawrence.


d) Locações


Os acampamentos e os combates foram recriados na imensidão de paisagens naturais, desérticas e poeirentas, localizadas em países como Espanha, Marrocos e Jordânia. Uma odisseia provocada pelo tipo de produção e pela limitação de recursos tecnológicos dos anos 60, que na atualidade representaria um disparate.

e) Formato de Filmagem

Lean também rodou o filme em 65 milímetros, quase o dobro da largura do formato cinematográfico tradicional de 35 milímetros.

f) A maioria dos personagens são reais mas alguns são adaptações

No filme quatro dos personagens principais são baseados em pessoas reais: Lawrence, General Allenby, Emir Feisal e Auda Abu Tayi.

Já Sherif Ali (Omar Sharif), Dryden (político), Jackson Bentley (jornalista) são adaptações que as vezes misturam vários personagens em um só (Sherif Ali) e as vezes modificam a sua aparência ou participação como o caso do jornalista que representa Lowell Thomas e Dryden.


g) O filme começou sem o final pronto e o roteirista teve que ser resgatado da prisão

Quando o filme começou o final ainda não tinha sido terminado o que não é comum em filmes desse porte. O roteirista Robert Bolt foi preso em uma manifestação anti-nuclear e teve que ser persuadido a assinar um compromisso de bom comportamento para poder ser solto e continuar o filme.

h) O bigode de Omar Shariff

Quando Omar Shariff fez o teste para o papel de Sherif Ali, David Lean queria que ele usasse barba para constratar o tom de sua pele e a barba com  a brancura de Lawrence. O resultado não foi bom e a opção foi por Omar Shariff usar o bigode que até então ele não usava. O resultado foi tão bom que Omar Shariff incorporou o bigode para o resto de sua carreira.

i) Movimentação dos camelos

As cenas do deserto foram filmadas na Jordânia e na Espanha. Quando as filmagens mudaram da Jordânia para a Espanha os camelos foram transportados de navio com as pernas esticadas debaixo deles para não enjoarem. Quando eles chegaram na Espanha, eles necessitaram de um dia de recuperação antes de se dirigirem para os locais de filmagem. 

j)  Contribuição do Rei Hussein


O Rei Hussein da Jordania emprestou uma brigada inteira de sua Legião Arabe como extra para os filmes, logo a maioria dos soldados são soldados reais.  Hussein visitava frequentmente os sets de filmagem e lá se apaixonou por uma jovem secretaria britânica, Antoinette Gardiner, que tornou-se sua segunda esposa em 1962. Seunfilho mais velho, Abdullah II King Of Jordan, subiu ao trono em 1999. 

k) Proibição nos países árabes

O filme foi banido em muitos países árabes, pois eles sentiram que estavam mal representados. Omar Shariff organizou uma apresentação do filme com o Presidente do Egito Gamal Abdel Nasser para mostrar que não havia nada errado com a forma que haviam sido retratados. Nasser adorou o filme e permitiu que ele fosse exibido no Egito onde tornou-se um sucesso estrondoso.

II.6 - Cenas Maravilhosas

 

a) - Cena de Encontro entre Lawrence e Sherif Ali


A inventividade do Diretor David Lean e seus auxiliares,  renderam cenas antológicas, como aquela em que Omar Sharif (Sherif Ali) surge no horizonte como se fosse uma miragem. Para guiar o olho do espectador até aquele pontinho na tela, pintou-se uma faixa branca na areia, com centenas de metros de extensão, na sua direção. O efeito é imperceptível, mas decisivo.




O diálogo entre Sherif e Lawrence, após Sherif matar o ajudante de Lawrence é ilustrativo do pensamento na região.

Lawrence: Por que o matou ?
Sherif: Ele não é Harita e estava bebendo do meu poço.
Lawrence: Isso é motivo para matá-lo ?
Sherif: Ele não é nada, o poço é tudo.
 

b) Cena - Wadi Rum

Wadi Rum, também conhecido como O Vale da Lua é um vale cortado no arenito e rocha de granito, no sul da Jordânia de 60 km (37 milhas) ao leste de Ácaba. É o maior uádi da Jordânia. O nome Rum mais provável vem do aramaico que significa 'alto' ou 'elevado'. Para refletir a pronúncia árabe adequada, os arqueólogos transcrevem-no como Wadi Ramm.

A maior elevação em Wadi Rum é o monte Dami Um com mais de 1800 m (5900 pés) acima do nível do mar.





No filme, após um encontro com Faissal e Sherif Ali, Lawrence informa aos árabes que é possível derrotar os turcos na grande cidade de Aqaba, se eles chegarem por terra. Os árabes informam que

 

c) - Cena Ataque a Aqaba


Na célebre seqüência do ataque à cidade de Ácaba, a excitação que se vê nos olhos deles é mais do que verídica: atrás dos atores vinha uma tropa de beduínos em disparada, todos empunhando sabres, e qualquer acidente seria fatal. 


 

d) Cena -  A sombra do Profeta


À medida que via conseguindo obter as vitórias nas batalhas contra o exército otomano, Lawrence vai sendo cada vez mais reconhecido como um grande líder pelos árabes, e isso tudo parece que também vai cada vez mais aumentando a sua auto-confiança e misticismo próprio. Lawrence parece acreditar que ele é capaz de libertar o povo árabe e dar-lhes um país. Isso também o vai envaidecendo cada vez mais.

 

 

e) Retorno ao Cairo


Quando Lawrence visita a cidade de Deraa, ocupada pelo inimigo, com Ali, ele é levado, juntamente com vários residentes árabes, ao quartel turco. Lawrence é despojado, torturado e violentado. Então, para apagar vestíigos ele é ainda mais flagelado antes de ser jogado na rua. 

A experiência deixa Lawrence abalado. Ele quer abandonar tudoe retorna à sede britânica no Cairo, mas não se encaixa às atividades do local.

Pouco tempo depois, em Jerusalém, o general Allenby o exorta a apoiar o "grande impulso" em Damasco. Lawrence hesita em retornar, mas finalmente concorda. 


 

e) Cena - "No Prisoners"


Lawrence recruta um exército que é mais motivado pelo dinheiro que a causa árabe. No caminho para Damascos eles encontram uma coluna de soldados turcos que acabaram de massacrar os moradores de Tafas. Um dos homens de Lawrence é de Tafas; ele exige: "Sem prisioneiros!" Quando Lawrence hesita, o homem ataca os turcos sozinhos e é morto. 
Lawrence toma o grito de guerra do morto; O resultado é um massacre em que o próprio Lawrence participa. Depois, ele se arrepende profundamente de suas ações.



g)  Cena "Conferência de Damasco"


Os homens da Lawrence tomam Damasco antes das forças britânicas chegarem na cidade. Os árabes estabelecem um conselho administrativo mas os homens acostumados a vida no deserto não estão acostumados com o exercício dassa tarefas. A despeito de todos os esforços de Lawrence os fracassos são constantes. Incapazes de manter os serviços de utilidades públicas como fornecimento de água, luz, telefone, hospitais, os árabes logo abandonam a cidade aos britânicos.


 

IV - Referências


Wikipedia: T.H. Lawrence / Filme Lawrence da Arábia / Os sete pilares da sabedoria / Revolta àrabe / Imperio Otomano;

Crônica de Veja 25/04/2001, Isabela Boscov: https://veja.abril.com.br/blog/isabela-boscov/david-lean-lawrence-da-arabia-e-alem/ 

Contexto Histórico - Iqara Islam: https://iqaraislam.com/a-revolta-arabe-da-primeira-guerra-mundial 

personagens adaptados:
 https://www.telstudies.org/discussion/film_tv_radio/lofa_or_sid_1.shtml

Curiosidades: www.adorocinema.com.br / www.virgula.com.br
Youtube: Trailer Movie Clip
Youtube: Filme completo https://www.youtube.com/watch?v=HjWEma8V1eo

fun facts: https://www.tcm.com/this-month/article/26965%7C0/Trivia-Lawrence-of-Arabia.html

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A história de Amazing Grace - Um Hino Universal

1. - Histórico


"Amazing Grace" é um conhecido hino tradicional Cristão Anglicano, com a letra escrita pelo inglês John Newton, para ilustrar um sermão no dia de Ano Novo de 1773. Foi impresso pela primeira vez no Newton's Olney Hymns (1779), somente com a letra, já que não havia partitura musical alguma.

foto de um navio no mar navegando mas sendo atingido por raios e tempestade

Ele é essencialmente uma autobiografia espiritual escrita na primeira pessoa relatando a experiência pessoal do autor. John Newton relembra que tinha rejeitado e blasfemado contra Deus e tinha vivido uma vida desregrada que somente levava a dor e desgraça até que um dia em uma situação de desespero ele encontrou a Graça de Deus, uma Graça Maravilhosa (amazing grace).

Resumos Histórico de John Newton


foto de John NewtonEm torno de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Os navios fariam o primeiro percurso de sua viagem da Inglaterra, quase vazios, até que chegassem na costa africana. Lá os chefes tribais entregariam aos europeus as "cargas" compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre as tribos. Os compradores selecionariam os espécimes mais finos, e os comprariam em troca de armas, munição, licor, e tecidos. Os cativos seriam trazidos, então, a bordo e preparados para o "transporte". Eram acorrentados abaixo das plataformas para impedir suicídios. Eram colocados de lado a lado, para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente com até 600 "unidades" de carga humana.

Os capitães procuravam fazer uma viagem rápida, esperando preservar ao máximo a sua carga; contudo, a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais. Quando um surto de disenteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram jogados ao mar. Uma vez que chegavam ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e o melaço, para manufaturar o rum, que os navios carregariam à Inglaterra para o pé final de seu "comércio triangular." 


John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século 18. Os escravos não podiam falar, gritar, esbravejar, então eles cantavam apenas com sons sem pronunciar palavra alguma.
No mar, em uma de suas viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e afundou. Newton ofereceu sua vida à Cristo, achando que iria morrer. Após ter sobrevivido  à tempestade que aconteceu em 1748, ele ainda continuou no comércio de escravos até 1748 ou 1755 quando encerrou sua carreira no mar se converteu e começou a estudar para ser pastor. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres.

História do Hino

foto de partitura do hino amazing graceQuando se tornou um pregador em Olney na Inglaterra, John Newton começou a escrever hinos com seu amigo e poeta William Cowper. Ele desenvolveu o hábito de escrever um hino ´para acompanhar e ilustrar o sermão que ele pregava cada Domingo. Consta que na celebração de ano novo em 1773, ele ofereceu "Amazing Grace" para sua congregação como forma de ilustrar o sermão baseado em I Crônicas,17:16-17. A linguagem de "amazing grace" como a de outros hinos de John é composta de trechos das escrituras mesclado com trechos de sua esperiência pessoal. A frase "I once was lost, but now I am found" ecoa as palavras da parábola do filho pródigo mescladas com sua própria experiência.

Quando amazing grace surgiu, em 1779, foi no livro de hino impresso junto com outros 347 e sem nenhuma característica especial que o distinguisse. 

Foi nos Estados Unidos, entre 1780 e 1840, que a música começou a ser usada intensivamente. Não se sabe qual a melodia foi usada quando o hino estreou. Ele teve mais de 20 adaptações ao longo dos anos mas foi em 1835 que ele ganhou a melodia feita por William Walker que fez a combinação de maior sucesso e a qual conhecemos hoje. Um biógrafo de John Newton estimou que ela é executada cerca de 10 milhões de vezes por ano no mundo inteiro.   

Gravações

De todas as versões gravadas ao longo dos anos, inclui-se também as versões de artistas como: Whitney Houston, Elvis Presley, Aretha Franklin, Willie Nelson, Rod Stewart, Il Divo e Sarah Brightman, Celtic Woman, Andrea Bocelli. Ao todo, são cerca de 3,000 versões até hoje.

Brasil 

No Brasil um dos hinos religiosos mais conhecidos e cantados, é “Segura na mão de Deus e vai”. Ele se tornou um clássico da música gospel e foi chamado até de “Amazing grace” brasileira. A música é cantada tanto por católicos, luteranos e vários outras. No entanto por aqui a autoria é disputada por algumas pessoas, mas no fim não é reconhecido para ninguém. Não se sabe se foi trazida por algum missionário americano e feito uma versão em português. Nas várias gravações nenhum crédito é dado nem para brasileiros nem consta como versão de amazing grace. Uma dúvida permanece.


2. - Uma bela interpretação - 





3. - Letra e Tradução


"Amazing Grace"
Amazing grace, how sweet the sound
That sav’d a wretch like me!
 I once was lost, but now  I'm found;
 Was blind, but now I see.
"Sublime Graça"
Sublime graça! Como é doce o som,
Que salvou um miserável como eu!
Uma vez eu estava perdido, mas agora fui encontrado,
 Estava cego, mas agora eu vejo.

Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!
Foi a graça que ensinou meu coração a temer,
E a graça aliviou meus medos;
Como preciosa essa graça apareceu,
 A hora em que eu acreditei!


Thro’ many dangers, toils and snares,
 I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.
Através de muitos perigos, labutas e armadilhas,
 Eu cheguei;
É a graça que me trouxe em segurança
até o momento,

E graça vai me levar para casa.


The Lord has promis’d good to me,
 His word my hope secures;
 He will my shield and portion be,
As long as life endures.
O Senhor prometeu coias boas para mim,
Sua palavra assegura a minha esperança;
Ele será meu escudo e porção será,
Enquanto a vida dura.


Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
 I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace
Sim, quando esta carne e coração  falhar,
 E a vida mortal, cessará,
Eu devo possuir, dentro do véu,
Uma vida de alegria e paz.


The earth shall soon dissolve like snow,
 The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.
A terra em breve se dissolverão como a neve,
O sol deixar de brilhar;
Mas Deus, que me chamou aqui em baixo,
 Será para sempre meu.


John Newton, Olney Hymns (London: W. Oliver, 1779)

4. Vídeo "Amazing Grace - Resumo legendado"

 


5. Referências 

 

75 Masterpieces every christian should know - Terry Glaspey 

portal luteranos: https://www.luteranos.com.br/textos/segura-na-mao-de-deus

wikipedia - Amazing Grace 

youtube - Andrea Bocelli / Amazing Grace

"John Newton e Amazing Grace "

 

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Renoir: Cenas de Dança I

I. Renoir

 autorretrato de Renoir
Self-portrait at 35, Fogg Museum
Pierre Auguste Renoir foi um pintor francês expoente do movimento impressionista. Nasceu em 25 de fevereiro de 1841 em Limoges e morreu em 03 de dezembro de 1919 em Cagnes sur Mer.

Renoir era de uma família de trabalhadores com talentos manuais. O pai, a mãe e irmã eram alfaiates, um irmão era ourives e o outro desenhista de moda. Renoir começou sua carreira logo cedo em 1854, pintando porcelanas em uma loja e ainda pintando as decorações de  cafés com cenas mitólogicas. 


Em 1862, ele começou a estudar arte com Charles Gleyre, em Paris. Lá ele conheceu Alfred Sisley , Frédéric Bazille e Claude Monet.

II. Cenas de Dança: Dança na cidade e Dança no campo.


Renoir apreciava muito as cenas de dança. Os dois quadros a seguir são conhecidos como dois pendentes / pingentes. Eles são do mesmo formato e os personagens, praticamente de tamanho natural, representam dois aspectos diferentes senão opostos da dança. 

Na representação elegante dos dançarinos urbanos temos também a frieza do salão  onde eles evoluem. A dança campestre ao ar livre, em oposição, é mostrada com alegria.

No quadro do casal da dança campestre  é mostrada ao fundo uma mesa desarrumada cuja desorganização é acentuada pelo chapéu caído no chão que aparece em primeiro plano. Os vestidos das duas mulheres também são bem opostos. Enquanto um é clássico, branco e elegante, o outro é estampado com flores vermelhas. 

Entretanto é interessante que mesmo vendo os ambientes completamente diferentes, os dois casais parecem conectados pelo mesmo movimento, como se cada um incorporasse uma sequência da mesma dança. 



 quadro com um casal dançando na cidade elegantemente vestidos
Renoir, danse à la ville, 1883, Museu de Orsay


quadro com casal dançando em um local campestre
Danse à la campagne, 1883, Museu de Orsay




O quadro "Dança no campo", foi encomendado em 1882 pelo negociante Paul Durand-Ruel que queria pinturas sobre dança. Adquiriu-o em 1883, e suas primeiras exposições foram em Paris 1883 e em Bruxelas em 1886. Paul Durand Ruel   manteve-o na sua posse até à morte de Renoir em 1919. A outra pintura sobre o mesmo tema, "Dança na Cidade", foi também executada por Renoir no mesmo ano.

No quadro "Dança no campo", o homem retratado é Paul Lhôte, amigo do pintor, e a mulher é Aline Charigot, que mais tarde se tornaria a esposa de Renoir. No quadro "Dança na cidade" O casal retratado é Suzanne Valadon e Paul Auguste Ilhote.

Expostos por Durand-Ruel, a quem eles pertenceram um bom tempo, os dois quadros marcam a evolução do pintor no começo dos anos 1880. O desenho torna-se mais preciso, e a simplificação da palheta de cores contrasta com os toques vibrantes das telas anteriores. 

O próprio Renoir admitiu que esta atenção apurada ao desenho correspondia a uma necessidade de renovação, depois de um período que ele passou na  Itália e pôde admirar as obras de Rafael.


Um terceiro quadro chamado "Danse à Bougival", foi também pintado por Renoir no mesmo ano. Acredita-se que ele també fez parte da encomenda de Durand-Ruel. O quadro "Danse à Bougival" se encontra exposto no Museum de Fines Arts de Boston

 

III. - Referências



Site oficial do Museu d'Orsay: https://www.musee-orsay.fr/fr/collections/catalogue-des-oeuvres/notice.html?nnumid=1161

Wikipedia: Pierre Auguste Renoir



quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Descartes e o "Discurso sobre o Método"

I.- René Descartes



quadro com pintura de busto de  René DescartesRené Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650 foi um filósofo, físico e matemático francês. Durante a Idade Moderna, também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius.

Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, foi também uma das figuras-chave na Revolução Científica.


Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que, a partir de Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna. Décadas mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas um movimento filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto - o empirismo, com John Locke e David Hume.


II. - O mundo na época de Descartes 

 

II.1 - Da Filosofia escolástica à Filosofia moderna.


Descartes era de uma família de boa situação financeira o que lhe possibilitou estudar entre 1607 e 1615, no colégio mais prestigiado da França, o Colégio Jesuíta Royal Henry - Le Grand, estabelecido no castelo De La Flèche, doado aos jesuítas pelo rei Henrique IV  para educar as melhores mentes.



gravura do colegio dos jesuítas Royal Henry


Em seguida, para satisfazer sua família,  Descartes  formou-se em Direito pela Universidade de Poitiers.

- Descartes se incomodava com o fato de tudo que ele tinha estudado não o auxiliava a compreender melhor o mundo. 

quadro de São Tomás de Aquino
São Tomás de Aquino, segundo Gentile da Fabiano,
fonte Wikipedia


- Na época de Descartes predominava a filosofia escolástica que procurava conciliar a fé com o sistema de pensamento racional, com a ciência e especialmente com a filosofia grega. São Tomás de Aquino foi o grande nome dessa linha de pensamento que conciliava fé e razão.

- Após ter estudado sobre todas as filosofias, Descartes se sentia incomodado por não haver nada, nenhum assunto, em que houvesse uma única opinião ou consenso. Ele admitiu que então não havia nada em que se pudesse confiar plenamente e devia-se desconfiar de tudo para a partir daí, após se dividir os temas em partes que fosse possível detalhá-las ao máximo, chegar-se finalmente à verdade.

- Descartes acreditava que tudo poderia ser conhecido através da razão, pois o conhecimento através dos sentidos era sujeito a erros. No sistema de  Descartes a razão não lida com objetos concretos mas com ideias e representações que correspondem aos objetos verdadeiros. 

- Descartes viveu no mesmo período de Galileu, início do século XVII,  que iniciava a revolução científica com base em seus experimentos e suas teorias.

- Descartes tinha uma formação religiosa forte que conservou ao longo de sua vida. Sabendo também que era perigoso qualquer discussão sobre os dogmas da Igreja, Descartes estabeleceu para si e para seus escritos que o seu método de duvidar de tudo se aplicava a todas as coisas do mundo, incluindo a filosofia, mas não se aplicava à religião e à Teologia.

- Descartes acreditava que a única linguagem que não permitia erros era a matemática. Ele tornou-se o primeiro pensador a supor que o Universo inteiro podia ser descrito por equações matemáticas. Além da própria existência física ele pensava que também os pensamentos e as ideias poderiam um dia ser descritos pela matemática.

quadro de Mauricio de Nassau
Mauricio de Nassau
- Apesar de francês, Descartes passou uma grande parte de sua vida na Holanda. Ele foi em 1618 para Breda com a finalidade de se alistar no exército de Mauricio Nassau. Descartes passou um ano em Breda onde conheceu Beekman que o despertou para utilizar o seu talento matemático. Em 1628 Descartes voltou para os países baixos, onde ficou por dez anos. Lá ele se identificava com o local tranquilo que ele precisava para  se dedicar aos seus estudos, longe do burburinho de Paris.  

- Em 1619 Descartes viajou para a Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. 

- No sistema de Descartes existem três tipos de ideias: Ideias adquiridas da nossa experiência (estrelas, Sol,  ...),  ideias artificiais forjadas por nossa mente a partir das ideias adquiridas (Papai Noel, ...), ideias inatas impressas por Deus na nossa alma como a perfeição, liberdade, infinito, ...,.
Em 1619, viajou para a Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico.... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/biografias/rene-descartes.htm?cmpid=copiaecola
Em 1619, viajou para a Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico.... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/biografias/rene-descartes.htm?cmpid=copiaecola
Em 1619, viajou para a Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico.... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/biografias/rene-descartes.htm?cmpid=copiaecola


- Descartes foi considerado o pai do "racionalismo" e o iniciador da "filosofia moderna".

II.2 - Seus Contemporãneos


Marin Mersenne:  Marin Mersenne nasceu de uma família rural, pouco se sabendo sobre a sua infância. De 1604 a 1609 estudou em Paris com os jesuítas e nos dois anos seguintes estudou teologia na Sorbonne. Em 1611 entrou para a Ordem dos Mínimos, dedicando-se por isso exclusivamente à oração e ao estudo. 

quadro de pintura de busto de Marin Mersene
Marin Mersenne

A atitude da Igreja Católica face ao trabalho de Galileu fez Mersenne interessar-se pela ciência, começando a estabelecer contatos com os mais importantes cientistas da época. Numa época em que não existiam revistas científicas, o papel de Marin Mersenne foi fundamental na divulgação das novas descobertas que se faziam por toda a Europa. Mersenne era o centro da divulgação científica, correspondendo-se com os maiores cientistas seus contemporâneos, como Descartes, Galileu, Fermat, Pascal e Torricelli. 

Mersenne organizava também encontros entre estes cientistas e viajava com frequência pela Europa para se encontrar com alguns deles. Este círculo alargado de cientistas europeus é por vezes designado por Academia de Mersenne, uma precursora da Académie des Sciences, fundada poucos anos após o falecimento de Mersenne.

Mersenne estava sempre aconselhando Descartes sobre os riscos de abordar alguns assuntos sensíveis como o heliocentrismo que já havia condenado Galileu.


Reis da França: Na época de Descartes foram Reis da França: 

Henrique IV (1589 a 1610): que construiu o Colegge de la Fleche.


Luís XIII (1610 a 1643): taciturno e desconfiado, Luís muito dependia do Cardeal de Richelieu, seu principal ministro, para governar seus reinos. O rei e o cardeal são lembrados por estabelecerem a Academia Francesa.  Seu reinado também foi marcado por conflitos contra os Huguenotes e a Espanha.

Luís XIV,  o Rei Sol, (1643 a 1715) - Reforçou o centralismo do poder na figura do Rei.

Cientistas:  


Galileu Galilei foi personalidade fundamental na revolução científica. Galileu desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vênus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contribuição de Galileu foi para o método científico, pois a ciência se baseava numa metodologia aristotélica.


quadro de Galileu Galilei
Galileu Galilei
 O papa Urbano VIII, que chegou a afirmar que "a Igreja não tinha condenado e não condenaria a doutrina de Copérnico como herética, mas apenas como temerária" e tinha sido testemunha de defesa no processo de 1616, recebeu Galileu no Vaticano em seis audiências em que lhe ofereceu honrarias, dinheiro (pensões de promoção académica e apoio científico) e recomendações. No entanto, o Papa não aceitou o pedido de Galileu de revogar o decreto de 1616 contra o heliocentrismo. Ao contrário, encorajou Galileu a continuar os seus estudos sobre o mesmo, mas sempre como uma hipótese matemática útil porque simplificava os cálculos das órbitas dos astros e significavam um avanço científico que ainda não estaria suficientemente maduro para a época.


Galileu era cristão, mas tinha um temperamento conflituoso e viveu numa época atribulada na qual a Igreja Católica endurecia a sua vigilância sobre a doutrina para fazer frente às derrotas que sofria pela Reforma Protestante. O papa sentiu que a aceitação do modelo heliocêntrico como ferramenta matemática tinha sido ultrapassada e convocou Galileu a Roma para ser julgado, apesar de este se encontrar bastante doente.

Newton e Leibniz, dois dos mais brilhantes cientistas, vieram depois de Galileu e Descartes e utilizaram os seus conhecimentos para a desenvolver a física e o cálculo integral e diferencial. 



II.3 - Os lugares importantes

Com  um gênio inquieto e uma boa condição financeira que o permitia se dedicar aos seus estudos sem preocupação com a sua subsistência, Desacartes morou em vários lugares na França, Holanda, Alemanha, Itália e Suécia. Os lugares que marcaram o seu trabalho depois da conclusão dos seus estudos forma principalmente as cidades de Breda e Leiden.

Breda 

O nome de Breda é derivado de Brede Aa ("Aa largo" ou "Aa largo") e refere-se à confluência dos rios Marcos e Aa. Como uma cidade fortificada , a cidade era de importância estratégica militar e política. A aquisição de Breda, através do casamento, pela Casa de Nassau assegurou que Breda ficaria no centro da vida política e social nos Países Baixos. 

Leiden

Leiden fica a 41 Km de Amsterdã e é uma cidade onde o ambiente estudantil predomina desde 1575 quando foi fundada a Universidade que é uma das melhores do País. É também a cidade onde nasceu  e foi educado o pintor Rembrandt. Franz Post que fez parte da missão de Mauricio de Nassau em Pernambuco também nasceu na cidade. No século XVI, Leiden desenvolveu uma importante indústria gráfica de impressão e publicação de livros.

foto de Leiden
foto de Leiden

 

Descartes gostava de Leiden onde ele não era conhecido e não tinha nenhuma obrigação social que o desviasse do seu trabalho. 

 

III. - O Discurso sobre o método


O Discurso sobre o método, por vezes traduzido como Discurso do método, ou ainda Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência (em francês, Discours de la méthode pour bien conduire sa raison, et chercher la verité dans les sciences) é um tratado matemático e filosófico de René Descartes, publicado em Leiden, na Holanda, em 1637. Ele inicialmente apareceu junto a outros trabalhos de Descartes, Dioptrique, Météores e Géométrie. Uma tradução para o latim foi produzida em 1656, e publicada em Amsterdam.

Constitui, ao lado de Meditações sobre filosofia primeira (Meditationes de prima philosophia), Princípios de filosofia e Regras para a direção do espírito (Regulae ad directionem ingenii), a base da epistemologia do filósofo, sistema que passou a ser conhecido como cartesianismo. O Discurso propõe um modelo quase matemático para conduzir o pensamento humano, uma vez que a matemática tem por característica a certeza, a ausência de dúvidas.

Segundo o próprio Descartes, parte da inspiração de seu método (descrito nesse livro/tratado) deveu-se a três sonhos ocorridos na noite de 10 para 11 de novembro de 1619: nestes sonhos lhe havia ocorrido "a ideia de um método universal para encontrar a verdade".

quadro com a famosa expressão Penso, logo existo em francês - Je Pense, donc Je suis
Discurso sobre o método foi escrito em vernáculo (os textos filosóficos costumavam ser escritos em latim), de maneira não-doutrinária, pois Descartes tentou popularizar ao máximo os conceitos ali expressos e de maneira não impositiva, mas compartilhada. Em toda a obra permeia a autoridade da razão, conceito banal para o homem moderno, mas um tanto novo para o homem medieval (muito mais acostumado à autoridade eclesiástica). A autoridade dos sentidos (ou seja, as percepções do mundo) também é particularmente rejeitada; o conhecimento significativo, segundo o tratado, só pode ser atingido pela razão, abstraindo-se a distração dos sentidos. Uma das mais conhecidas frases do Discurso é  "Je pense, donc je suis" (citada frequentemente em latim, cogito ergo sum; penso, logo existo): o ato de duvidar como indubitável, e as evidências de "pensar" e "ser" ligadas.

Além dessa conclusão, Descartes também apresenta argumentos em favor da existência de Deus, especifica critérios para a boa condução da razão e faz algumas demonstrações.


IV. - O Método de Descartes 

 

O método de Descartes também é conhecido como Dúvida Metódica e pode ser considerado como baseado em quatro princípios ou etapas; 

1. Jamais aceitar como verdadeira coisa alguma que não estivesse tão clara à  mente que não restasse dúvidas de sua verdade. 

2. Dividir cada dificuldade em tantas partes quanto o possível e necessário para resolvê-las.

3. Organizar os pensamentos, iniciando pelos assuntos mais fáceis e simples e progredindo gradativamente para os mais complexos.

4. Fazer para cada caso, enumerações e revisões até que se esteja certo de não ter omitido nada.

 

Descartes afirma: "Agindo assim, não existirão verdades tão distantes que não possam ser alcançadas, nem tão escondidas que não sejam descobertas."

 

V. - Importância de Descartes para o desenvolvimento científico

 

 a) Geometria analítica: A geometria analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno texto chamado Geometria, como um dos três apêndices do Discurso do Método, obra considerada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes defende o método matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em todos os campos.
quadro com pontos e coordenadas chamadas coordenadas cartesianas

 

Tal método de interpretação das fórmulas abriria caminho para o conceito de função, o cálculo infinitesimal e o limite, no período seguinte ao cartesiano. ... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/matematica/descartes-como-o-grego-chegou-ao-plano-cartesiano.htm?cmpid=copiaecola
Tal método de interpretação das fórmulas abriria caminho para o conceito de função, o cálculo infinitesimal e o limite, no período seguinte ao cartesiano. ... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/matematica/descartes-como-o-grego-chegou-ao-plano-cartesiano.htm?cmpid=copiaecola


VI - A interessante argumentação de Descartes sob a existência divina

 

Demonstrando que a idéia de perfeição não se origina nos sentidos, mas na razão, Descartes abre o caminho para a prova racional da existência de Deus. Ao questionar a origem da ideia de Deus, ele depara com o problema de que essa ideia não poderia ter surgido do nada, pois o nada, nada cria e nenhum ser, muito menos um ser perfeito, pode ter surgido do nada. 

 

quadro com a frase - Mas quando vier o que é perfeito o que é imperfeito desaparecerá
quadro da página O Pensador

 

Seguindo este raciocínio, Descartes afirmou, também, que um ser imperfeito não pode ser a causa da criação de um ser perfeito, pois o menos não pode ser a causa do mais. A ideia de perfeição nasce junto com o homem, é uma ideia inata. Resta a ideia de que a perfeição não tendo sua origem no nada e nem tampouco em um ser imperfeito por natureza, só pode ter sido posta na razão por um ser perfeito.

Um ser perfeito pode ser a sua própria causa, ao contrário de um ser imperfeito. A ideia de perfeição posta na razão sugere a existência de um ser perfeito, pois seria contraditória a existência da perfeição sem um ser perfeito que a tenha criado.

Assim, a existência de uma ideia de perfeição que existe em nossa mente, comprova a existência de um ser perfeito que a criou e a colocou em nossa razão, ou seja, um ser que pode ser chamado de Deus.

Fonte: Infoescola / Geraldo Magela
Descartes, René, 1596-1650 – Discurso do método / René Descartes; tradução de Paulo Neves. – Porto Alegre: L&PM, 2008. 

 

 VII - Obras mais conhecidas

 

Além do discurso do método Descartes publicou várias obras sendo uma das mais conhecidas as "Meditações sobre a Filosofia Primeira", publicada em 1641 com o primeiro conjunto de seis objeções e respostas. As objeções foram feitas por Johan de Kater, Mersenne, Thomas Hobbes, Arnauld e Gassend.

Em 1641, surgiu sua obra mais conhecida: as "Meditações Sobre a Filosofia Primeira", com os primeiros seis conjuntos de "Objeções e Respostas". Os autores das objeções foram Johan de Kater; Mersene; Thomas Hobbes; Arnauld e Gassen... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/biografias/rene-descartes.htm?cmpid=copiaecola


Principais obras:



  • "Regulae ad Directionem Ingenii", ("Regras para a Direção do Pensamento", 1628);

  • "Le Monde", ("O mundo ou Tratado Sobre a Luz", 1633);
  • "Discours de la Méthode", ("Discurso do Método", 1637); 
  • "Meditationes de prima philosophia", ("Meditações Metafísicas", 1641); 
  • "Principia Philosophiae" ("Princípios da Filosofia", 1644);
  • "Les passions de l'âme (As paixões da alma, 1649);

  

VIII. Referências


Descartes - Coleção Os Pensadores (discurso do método / meditações / paixões da alma)

Descartes e os países baixos = Jean Gallard


Descartes and Dutch conexion =
 https://www.cambridgeblog.org/2010/01/descartes-dutch/ 

Reneé Descartes - wiki francesa / portuguesa



Filme sobre Descartes:
 https://www.youtube.com/watch?v=T9cq7G8hoAE&t=8471s 

Aula youtube prof. Anderson:
 https://www.youtube.com/watch?v=rGGxJMxZawM


Infoescola / Geraldo Magela
Descartes, René, 1596-1650 – Discurso do método / René Descartes; tradução de Paulo Neves.