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quinta-feira, 29 de junho de 2017

A música de Ludwig van Beethoven - Intensa!

I - A Música de Beethoven - A Transição do Classicismo para o Romantismo


Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn, em dezembro de 1770. Neto de músico que era regente da capela, ele herdou do avô o talento músical que fugiu ao seu pai. Este, frustrado, viu no talento precoce de Beethoven, uma possibilidade de ganhar dinheiro com concertos e exibições à maneira que fizera o pai de Mozart.

quadro de Beethoven maduroSendo um pouco mais velho, um talento brilhante, mas não uma virtuose fora de série como Mozart, esse intento foi logo frustrado. De todas as formas, o seu pai, que se tornara alcóolatra, insistia tanto em seu treinamento musical que é de admirar como Beethoven não adquiriu hostilidade para essa arte.

Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou talento excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian Gottlob Neefe(1748-1798), o melhor mestre de cravo da cidade de Colônia na época, que lhe deu uma formação musical sistemática, levando-o a conhecer os grandes mestres alemães da música.

Aos 17 anos ele já tinha aprendido tudo o que era possível na cidade de Bonn, e graças ao patrocínio de um nobre, o Conde Waldstein, foi enviado para Viena para estudar com o maior mestre da época, Joseph Haidn. 

Em Viena, desejoso de alçar voos maiores, Beethoven concentra toda energia, raiva e frustrações na sua música. Ele logo passa a ser reconhecido como um grande talento musical da época e tenta penetrar nos altos circulos sociais com seus relacionamentos amorosos. Vendo-se frustrado em alguns deles, Beethoven inicia um período de retração em que se concentra cada vez mais na sua música.

quadro de Beethoven jovemO Arquiduque da Áustria, Maximiliano, subsidiou então os seus estudos. No entanto, ele teve que regressar pouco tempo depois, assistindo à morte de sua mãe. 

Beethoven foi o primeiro músico que se recusou a ser empregado dos nobres. Ele produzia a sua música por encomenda, mas ele não admitia ter obrigações permanentes com ninguém. Ele se considerava um talento que interpretava a vontade Deus que lhe concedia a inspiração. 

É considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento, tanto da linguagem como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos. "O resumo de sua obra é a liberdade", observou o crítico alemão Paul Bekker (1882-1937), "a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida".


Intenso


"O estilo de Beethoven tem características marcantes: grandes contrastes de dinâmica (pianíssimo x fortíssimo) e de registro (grave x agudo), acordes densos, alterações de compasso, temas curtos e incisivos, vitalidade rítmica e, em obras na forma-sonata, desenvolvimentos longos em detrimento de exposições mais concentradas. "(geniosmundiais.blogspot.com)


II - A música de Ludwig van Beethoven


Em Viena Beethoven tornou-se então um pianista virtuoso, cultivando admiradores, muitos dos quais da aristocracia. Começou então a publicar as suas obras (1793-1795).


Surdez em Viena

Foi em Viena que lhe surgiram os primeiros sintomas da sua grande tragédia. Foi-lhe diagnosticado, por volta de 1796, aos 26 anos de idade, a congestão dos centros auditivos internos (que mais tarde o deixou surdo), o que lhe transtornou bastante o espírito, levando-o a isolar-se e a grandes depressões.

Embora tenha feito muitas tentativas para se tratar, durante os anos seguintes a doença continuou a progredir e, aos 46 anos de idade (1816), estava praticamente surdo. 


Vida artística síntese


A sua vida artística poderá ser dividida - o que é tradicionalmente aceite desde o estudo, publicado em 1854, de Wilhelm von Lenz - em três fases:

II.1 Primeira fase: 


Após a mudança para Viena, em 1792, Beethoven alcança a fama de brilhantíssimo improvisador ao piano; por volta de 1794, se inicia a redução da sua acuidade auditiva, fato que o leva a pensar em suicídio; Nessa fase ele compõe, os trios do Opus 1, a Sonata Patética, os dois primeiros concertos para piano e a Primeira Sinfonia, obras ainda tradicionais, mas que já apresentam alguns aspectos pessoais.


Sonata "Patética"


É uma Sonata para piano No. 8 em Dó menor, op. 13, geralmente conhecida como, Sonata Patética, foi publicada em 1799, embora tenha sido escrita no ano anterior, quando o compositor tinha 28 anos de idade.  Beethoven dedicou esta obra ao seu amigo, o Príncipe Karl Lichnowsky.

Já no primeiro movimento Beethoven traz características revolucionárias. Pela primeira vez, Beethoven inicia uma sonata com um movimento lento. Um acorde forte estabelece a tonalidade e inicia uma seção muito expressiva, que funciona como uma introdução. As nuances são muito sutis, mas criam uma atmosfera nunca antes experimentada numa sonata para piano – quasi una fantasia. Mais do que uma simples introdução, esse Grave abre uma nova maneira de se expressar é parte integrante do movimento já que retorna, de forma abreviada, no começo e na  seção de desenvolvimento deste movimento.





Daniel Barenboim


Daniel Barenboim (Buenos Aires, 15 de novembro de 1942) é um pianista e maestro argentino.

Daniel Barenboim mora em Berlim. Começou sua carreira como pianista, sendo mais conhecido como maestro. É conhecido por seu trabalho com a West-Eastern Divan Orchestra, uma orquestra de jovens músicos árabes e judeus, que ele fundou com Edward Said

II.2 -  Segunda fase: 


Em 1801, Beethoven afirma não estar satisfeito com o que compôs até então, decidindo tomar um "novo caminho". Dois anos depois, em 1803, surge o grande fruto desse "novo caminho": a sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, apelidada de "Eroica", cuja dedicatória a Napoleão Bonaparte foi retirada em 1804, com a autoproclamação de Napoleão imperador da França.

Em 1808, surge a Sinfonia nº5 em Dó menor (sua tonalidade preferida), cujo famoso tema da abertura foi considerado por muitos como uma evidência da sua loucura.

Em 1814, ainda na segunda fase, Beethoven já era reconhecido como o maior compositor do século.


Sonata 14 Op 27 No 2 "Moonlight" - "Quase uma Fantasia"


A Sonata para piano n.º 14, Op. 27 n.º 2 foi muito tocada na época de Beethoven. A "Sonata ao Luar", que serviu de tema para inúmeros filmes e romances, só recebeu seu apelido em 1832, cinco anos depois da morte de Beethoven. Foi o crítico Rellstab que comparou a música a um luar ao lago Lucerna. Tal comparação foi adotada como apelido para a obra.

O primeiro movimento vem com a indicação "quasi una fantasia". Uma melodia melancólica é apresentada acompanhada por um ostinato (motivo músical repetido) que dura o movimento inteiro.

O segundo movimento é um minueto (dança de origem francesa) com trio. Possui uma melodia simples, porém Beethoven usa uma mudança rítmica com síncopes. A atmosfera é bem leve e alegre.

O terceiro movimento é o mais extenso e "dramático". De uma dificuldade técnica muito grande, esse movimento vem na forma sonata. O tema principal é heróico e turbulento - uma série de acordes arpejados ascendentes e bastante rápidos.





II.3 Terceira e última fase: 


De 1814 à 1827, ano de sua morte, seria o período das obras monumentais e das grandes inovações: a Nona Sinfonia, a Missa Solene, os últimos quartetos de cordas.

Em 1824, surge a Sinfonia nº9 em Ré Menor. Pela primeira vez na história da música, é inserido um coral numa sinfonia, inserida a voz humana como exaltação dionisíaca da fraternidade universal, com o apelo à aliança entre as artes irmãs: a poesia e a música.

Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de Beethoven a música nunca mais foi a mesma. As suas composições eram criadas sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas. Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão.


 A Nona Sinfonia de Beethoven - Ode a Alegria dos Homens.

A Sinfonia n.° 9 em ré menor, op. 125, Coral, é a última sinfonia completa composta por Ludwig van Beethoven. Completada em 1824, a Nona, é uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven.

A nona sinfonia de Beethoven incorpora parte do poema An die Freude ("À Alegria"), uma ode escrita por Friedrich Schiller, com o texto cantado por solistas e um coro em seu último movimento. Foi o primeiro exemplo de um compositor importante que tenha utilizado a voz humana com o mesmo destaque que a dos instrumentos, numa sinfonia, criando assim uma obra de grande alcance, que deu o tom para a forma sinfônica que viria a ser adotada pelos compositores românticos.

A sinfonia n.° 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo atual, esse último movimento, chamado informalmente de "Ode à Alegria", foi rearranjada por Herbert von Karajan para se tornar o hino da União Europeia. Um dos seus manuscritos originais atingiu o valor de 3,3 milhões de dólares em venda feita em 2003 pela Sotheby's, de Londres. Segundo o chefe do departamento de manuscritos da Sotheby's à época, Stephen Roe, a sinfonia "é um dos maiores feitos do homem, ao lado do Hamlet e do Rei Lear de Shakespeare".

Foi apresentada pela primeira vez em 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, em Viena, na Áustria. O regente foi Michael Umlauf, diretor musical do teatro, e Beethoven - dissuadido da regência pelo estágio avançado de sua surdez - teve direito a um lugar especial no palco, junto ao maestro.



Trecho de "Ode to Joy" com regencia do Maestro italiano Claudi Abaddo




Letra de "Ode to Joy"  

Ó, amigos, não nesse tom!
Em vez disso, cantemos algo mais delicioso
Cantar e sons alegres
Alegre! Alegre!

Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce voo se detém.
Alegremente, como seus sóis voem
 
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo;
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo que ele chama de uma alma
Sua própria alma em todo o mundo!
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!

Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza;
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
 
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.

Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora!


Claudio Abaddo

Claudio Abbado (Milão, 26 de junho de 1933 — Bolonha, 20 de janeiro de 2014) foi um maestro italiano. Serviu como diretor musical da casa de ópera La Scala, de Milão, como principal regente da Orquestra Sinfônica de Londres, principal maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Chicago, diretor musical da Ópera Estatal de Viena, e maestro principal da Orquestra Filarmônica de Berlim de 1989 a 2002. Tais cargos por ele assumidos o colocam na posição de um dos mais renomados e reconhecidos maestros do século XX.


III - Outras obras importantes / populares -  


a) Quinta Sinfonia


A Sinfonia n.º 5 em Dó menor Op. 67, dita Sinfonia do Destino, [1][2] de Ludwig van Beethoven, escrita entre 1804 e 1808, é uma das composições mais populares e mais conhecidas em todo repertório da Música Erudita Europeia, além de ser uma das sinfonias mais executadas nos tempos atuais.[3]

Trata-se da primeira sinfonia do autor composta em tonalidade menor, o que só voltaria a acontecer em 1824 com a Sinfonia n.º 9, em Ré menor op. 125. A Sinfonia n.º5 em Dó menor ainda hoje é considerada como um "monumento" da criação artística.

Os quatro movimentos caracterizam-se pela homogeneidade orquestral, sendo, ao mesmo tempo, um exemplo de alternância: o primeiro movimento, revelando grande tensão, denunciada pelas cordas e elevada a um dramatismo extremo; o segundo movimento revela solenidade, numa marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza; o terceiro andamento, uma crispação; o quarto movimento expressa triunfo e magnificência.



Leonard Bernstein



Leonard Bernstein(Lawrence, 25 de agosto de 1918 – Nova Iorque, 14 de outubro de 1990) foi um maestro, compositor, e pianista americano. Vencedor de vários Emmys, Bernstein foi o primeiro compositor nascido nos Estados Unidos no século XX a receber reconhecimento mundial, ficando famoso na direcção da Filarmônica de Nova York.

b) Fur Elise - Uma das músicas mais conhecidas


A «Bagatela para piano ‘Für Elise’», conhecida também «Para Elisa», em lá menor (WoO 59), de  Beethoven, está  entre as três obras mais conhecidas do compositor. Ela figura ao lado da famosa «Quinta Sinfonia», em dó menor (1807-1808, op. 67), e da sua «Nona Sinfonia», em ré menor (1823-1824, op. 125).

As origens históricas desta bagatela para piano são muito pouco conhecidas. Sabe-se (pelo rascunho encontrado) que Beethoven teria composto esta pequena obra, pelos anos 1808 ou 1810, em honra de uma senhora a quem propôs casamento, chamada Therese Malfatti . Ela era sobrinha do Dr. Giovanni Malfatti, um médico italiano que se instalou em Viena, em 1795, e que foi um dos médicos do compositor, tratando-o inclusive durante a sua doença final em 1827.






Georgii Cherkin


Georgi Cherkin nasceu em Sofia , na Bulgária , em uma família com ótima tradição musical (seu avô Georgi Zlatev-Cherkin era um famoso compositor búlgaro). Começou a tocar piano e a compor aos seis anos de idade e, no ano seguinte, matriculou-se na Escola Nacional de Música de Liubomir Pipkov em Sofia, onde era estudante de Antonina Boneva. Em 1996, ele foi admitido na Academia de Música Estadual Pancho Vladiguerov, em Sofia. Um ano depois, ele também foi admitido na prestigiada Accademia di Santa Cecilia em Roma, onde foi treinado por um dos mais famosos professores de música da Itália, Sergio Perticaroli, formando "cum laude".

IV - Filmes


Dos filmes sobre Beethoven destacamos dois como interessantes de assistir.

a) Minha Amada Imortal
https://youtu.be/j_9SCHbmHM4

b) O segredo de Beethoven
https://youtu.be/ScFStjquBqA

V - Referências


- Textos compilados da Wikipedia, nada é de minha autoria, apenas para efeito de divulgação cultural. 

- Muito boa a comparação Beethoven x Mozarthttps://blogdomaximus.com/2011/11/15/o-maior-genio-da-musica-classica/

- Beethoven https://geniosmundiais.blogspot.com/2006/01/biografia-de-ludwig-van-beethoven.html 


VI - Outras Publicações sobre Música Erudita


Música Barroca - A Música de Johann Sebastian Bach

A música clássica de Franz Joseph Haydn

Período Clássico - A música de Mozart

A transição do Clássico para o Romântico - Beethoven
https://historiacomgosto.blogspot.com.br/2017/06/a-musica-de-ludwig-van-beethoven-intensa.html

Música Romântica - A Música de Chopin