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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade - Brasil

I. - Patrimônio Cultural Imaterial - O que é ? (UNESCO)



"O Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes."

Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações, transmitidos oral ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção imaterial da herança cultural dos povos, dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial.
Para muitas pessoas, especialmente as minorias étnicas e os povos indígenas, o patrimônio imaterial é uma fonte de identidade e carrega a sua própria história. A filosofia, os valores e formas de pensar refletidos nas línguas, tradições orais e diversas manifestações culturais constituem o fundamento da vida comunitária. 
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Em 2003 e 2005, a Proclamação das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade selecionou, por meio de um júri internacional, espaços e expressões de excepcional importância, dentre candidaturas oferecidas pelos países.
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Finalmente, em 2003, após uma série de esforços, que incluíram estudos técnicos e discussões internacionais com especialistas, juristas e membros dos governos, a UNESCO adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Essa convenção regula o tema do patrimônio cultural imaterial e, assim, complementa a Convenção do Patrimônio Mundial, de 1972, que cuida dos bens tangíveis, de modo a contemplar toda a herança cultural da humanidade.

II.- Lista do Patrimônio Brasil


II.1 - O Samba de Roda do Recôncavo Bahiano - 2008


O Samba de Roda é um acontecimento popular festivo que combina música, dança e poesia. Surgiu no século XVII, na região do Recôncavo no Estado da Bahia, e vem das danças e tradições culturais dos escravos africanos da região. Além disso, contém elementos da cultura portuguesa, como a língua, a poesia e alguns instrumentos musicais.
No princípio, era o principal componente da cultura regional popular entre os brasileiros de origem africana, mas logo o Samba de Roda foi adotado pelos migrantes procedentes do Rio de Janeiro e influenciou a evolução do samba urbano, que se converteu em símbolo da identidade nacional brasileira no século XX.
A dança congrega pessoas em ocasiões específicas, como as festas católicas populares e os cultos afro-brasileiros, mas às vezes também surge de forma espontânea. Todos os presentes, incluindo os principiantes, são convidados a participar da dança e a aprender por observação e imitação.

Uma das características desse samba é que os participantes se reúnem em um círculo chamado roda. Geralmente, apenas as mulheres dançam.
foto de baianas dançando samba com a saia rodada
foto de Luís Santos, site IPHAN

 Uma por uma, elas vão se colocando no centro do círculo formado pelos outros dançarinos, que cantam e batem palmas ao seu redor. Essa coreografia frequentemente improvisada se baseia nos movimentos dos pés, das pernas e dos quadris.


Um dos movimentos mais característicos é a famosa umbigada (movimento de umbigo), de origem banto, pelo qual a dançarina convida quem vai sucedê-la no centro do círculo. Existem outros detalhes específicos, como canções típicas, o passo de dança chamado miudinho, a utilização de instrumentos raspados e a viola machete, um tipo de viola pequena, originária de Portugal, e canções.

A influência dos meios de comunicação de massa e a competição com a música popular contemporânea contribuíram para que este Samba fosse desvalorizado aos olhos dos jovens. A idade dos praticantes e a redução do número de artesãos capazes de confeccionar alguns dos instrumentos impuseram mais uma ameaça à transmissão dessa tradição.

II.2 - Expressões orais e gráficas dos wajapis - 2008


Os wajapis, que pertencem ao grupo etnolinguístico tupi-guarani, são uma população indígena do norte da Amazônia. Os 580 membros que atualmente compõem essa comunidade vivem em cerca de 40 aldeias, agrupadas em um território protegido do Estado do Amapá, ao noroeste da região norte do Brasil.
Os wajapis têm uma tradição ancestral que consiste em utilizar tinturas vegetais para adornar, com motivos geométricos, seus corpos e outros objetos. Com o passar dos séculos, eles desenvolveram uma linguagem única, uma combinação de arte gráfica e verbal, que reflete sua visão particular do mundo e pela qual transmitem os conhecimentos essenciais da vida da comunidade.
Os motivos desta arte gráfica única, chamada kusiwa, são realizados com tinturas vegetais vermelhas, extraídas de uma planta amazônica, a bija, misturada com resinas perfumadas. A arte kusiwa é tão complexa que os wajapis consideram não ser possível alcançar as competências técnicas e artísticas necessárias para dominar a arte do desenho e da preparação das tinturas antes dos 40 anos de idade. Os motivos mais recorrentes são a onça pintada, a cobra, a borboleta e o peixe.

foto de desenhos do povo Wajapi
foto de Silvia Cunha para UNESCO
Os desenhos kusiwas se referem à criação da humanidade e dão vida aos numerosos mitos sobre o surgimento do homem. Esse grafismo corporal, vinculado às antigas tradições orais ameríndias, apresenta vários sentidos em diferentes níveis sociológicos, culturais, estéticos, religiosos e metafísicos. Assim, a arte kusiwa constitui a estrutura genuína da sociedade wajapi, e sua significação vai muito além de sua mera dimensão artística.


Esse repertório codificado de conhecimentos tradicionais evolui de forma permanente, uma vez que os artistas indígenas renovam constantemente seus motivos, mediante reinterpretações e invenções.

II.3 - Yaokwa, ritual do povo enawene nawe para a manutenção da ordem social e cósmica - 2011


Os enawene nawe vivem às margens do Rio Juruena, nas florestas fluviais da Amazônia meridional. Todos os anos, na estação seca, eles realizam o ritual Yaokwa, para prestar homenagem aos espíritos e garantir a manutenção da ordem cósmica e da ordem social entre seus diferentes clãs. Esse ritual relaciona a biodiversidade local a uma complexa cosmologia simbólica, as quais se entrelaçam em âmbitos distintos, mas inseparáveis, da sociedade, da cultura e da natureza.

O ritual
O ritual faz parte da vida cotidiana dos enawene nawe e se prolonga por um período de sete meses, durante o qual os clãs assumem diferentes atividades por turno: um grupo empreende expedições pesqueiras por todo o território, enquanto outro prepara oferendas de sal gema, pescado e comidas rituais para os espíritos, além de interpretar músicas e danças.

 foto de índios Yaokwa
foto IPHAN 2008
 O ritual combina os conhecimentos teóricos e práticos sobre a agricultura, o tratamento de alimentos, o artesanato (confecção de indumentárias, utensílios e instrumentos musicais) e a construção de casas e diques para a pesca.


Como o Yaokwa e a biodiversidade local se baseiam em um ecossistema muito frágil, a continuidade do ritual e da biodiversidade depende diretamente da conservação do ecossistema. Por isso, tanto o ritual como a diversidade estão gravemente ameaçados pelo desmatamento e por uma série de práticas invasivas: a exploração intensiva da extração de minérios e madeira, a pecuária extensiva, a contaminação da água, a deterioração do curso superior dos rios, a urbanização descontrolada, a abertura de vias terrestres e fluviais, a construção de diques, a drenagem e o desvio dos rios, a queima de florestas, a pesca furtiva e o comércio ilícito de espécies silvestres.


II.4 - Frevo: arte do espetáculo do carnaval de Recife - 2012


O Frevo é uma expressão artística de música e dança, praticada principalmente durante o carnaval de Recife, capital de Pernambuco. O ritmo frenético e potente de sua música, executada por bandas militares e charangas, baseia-se na fusão de gêneros como a marcha, o tango brasileiro, a contradança, a polca e a música clássica.

A música é essencialmente urbana e igual ao passo – a dança que a acompanha –, sendo também dinâmica e subversiva. A dança tem suas origens na destreza e na agilidade dos lutadores de capoeira, que improvisam seus saltos ao som eletrizante das orquestras e bandas de instrumentos de metal.

Os praticantes do Frevo e do seu passo são membros de associações que participam dos desfiles de carnaval. Nas sedes dessas associações, é oferecido apoio para preservar, transmitir e desenvolver competências e conhecimentos relacionados ao Frevo.


foto de um passista de frevo
foto de Filipe Frazão em shutterstock.com

Esse elemento do Patrimônio Cultural também está estreitamente vinculado às crenças e ao universo simbólico da religião de quem o pratica. Várias associações adotam como distintivos as cores relacionadas à fé religiosa de seus membros, e alguns dos ornamentos utilizados também têm um significado religioso.

O Frevo é resultado da criatividade e da riqueza cultural, produzido por uma combinação excepcional da música, da dança, da capoeira, do artesanato e de outros elementos que manifestam a inteligência e a capacidade de criação de quem o pratica. Essa capacidade de fomentar a criatividade humana e o respeito pela diversidade cultural são inerentes ao Frevo.

II.5 - Círio de Nazaré: procissão da imagem de Nossa Senhora de Nazaré na cidade de Belém (Estado do Pará) - 2013


As festividades do Círio de Nazaré se iniciam todos os anos no mês de agosto, e seu ponto culminante é a grande procissão celebrada em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, no segundo domingo de outubro, com o transporte de uma imagem de madeira da Virgem Maria da Catedral da Sé até a praça do Santuário de Nazaré, na cidade de Belém do Pará.

Depois desse ato religioso, as festividades se prolongam por mais duas semanas. Praticamente todas as cidades vizinhas participam da procissão, e grandes multidões de peregrinos de todo o Brasil vão a Belém participar dessa concentração religiosa, que é uma das maiores do mundo.

As festividades abrangem vários elementos que refletem o caráter multicultural da sociedade brasileira: práticas culturais e culinárias tradicionais da Amazônia e objetos artesanais, como os brinquedos fabricados com diversos tipos de madeira local.



 foto da procissão do Círio de Nazaré
foto PASCOM /
www.ciriodenazare.com.br
A combinação do sagrado e do profano faz com que esse evento religioso também apresente facetas estéticas, turísticas, sociais e culturais. O uso de barcos na procissão tem um caráter simbólico, uma vez que Nossa Senhora de Nazaré é a santa padroeira dos marinheiros. Os fiéis constroem altares em casas, tendas, bares, mercados e edifícios públicos em toda a cidade.


A transmissão dessa prática cultural tradicional se realiza no seio das famílias, quando os pais assistem aos festejos acompanhados de seus filhos pequenos e adolescentes. Para muitos, a festividade do Círio de Nazaré é uma ocasião para retornar à casa e se reunir com a família, enquanto para outros é uma oportunidade para organizar manifestações políticas.


II.6 - Roda de Capoeira - 2014


A Roda de Capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira – simultaneamente, uma luta e uma dança –, que pode ser interpretada como uma tradição, um esporte e até mesmo uma arte. Os capoeiristas formam um círculo, uma roda e, ao centro, dois deles “jogam” a capoeira, cujos movimentos requerem grande destreza corporal. Os outros jogadores, em volta do círculo, cantam, batem palmas e tocam instrumentos de percussão. As rodas de capoeira são formadas por grupos de pessoas de todos os gêneros, e contam com um mestre, um contramestre e discípulos.

O mestre é o portador e o guardião do conhecimento da roda, e deve ensinar o repertório, manter a coesão do grupo e sua observância a um código de ritual. Normalmente, o mestre toca o berimbau, instrumento de percussão com apenas uma corda. Ele inicia os cantos e conduz o tempo e o ritmo do jogo. 

Todos os participantes devem saber o que fazer e como tocar o instrumento, cantar e compartilhar as letras dos cantos, improvisar as músicas, conhecer e respeitar os códigos de ética e conduta, além de executar os movimentos, os passos e os golpes.


 foto de roda de capoeira uma moça joga com um rapaz  foto de um rapaz dando uma cambalhota em uma roda de capoeira  A roda de capoeira é um lugar onde o conhecimento e as habilidades são aprendidas por observação e imitação. Também funciona como uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, além de promover a integração social e preservar a memória da resistência à opressão histórica.


III. - Referências

Todas as informações foram retiradas do site da UNESCO, com a finalidade exclusiva de divulgação cultural.


terça-feira, 23 de maio de 2017

História de Pirenópolis, Goiás

 I. - Pirenópolis, Goiás


Pirenópolis é um município histórico, sendo um dos primeiros do estado de Goiás. Foi fundado com o nome de Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte pelo minerador português Manoel Rodrigues Tomar.


Visão geral a partir da escadaria da Mariz, foto historiacomgosto


As minas da região foram descobertas pelo bandeirante Amaro Leite, porém foram entregues aos portugueses por Urbano do Couto Menezes, companheiro de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera Filho, na primeira metade do século XVIII. Segundo a tradição local, o arraial foi fundado em 7 de outubro de 1727, porém não há documentos comprobatórios e muitos historiadores e cronistas antigos afirmam ser a fundação em 1731.

Foi importante centro urbano dos século XVIII e XIX, com mineração de ouro, comércio e agricultura, em especial a produção de algodão para exportação no século XIX. Ainda no século XIX, com o nome de cidade de Meia Ponte, destacou-se como o berço da música goiana, graça ao surgimento de grandes maestros, bem como berço da imprensa em Goiás, já que ali nasceu o primeiro jornal do Centro Oeste, denominado Matutina Meiapontense. Uma vez que citamos aqui o primeiro jornal do Centro Oeste, o poeta Leo Lynce diz, nos seguintes versos decassílabos: Que mundo de emoções experimento,/ ao recordar-te gleba hospitaleira/ - berço da imprensa de Goiás -, primeira/ luz acesa no nosso pensamento. 

Em 1890, a cidade teve seu nome mudado para Pirenópolis, o município dos Pireneus, nome dado à serra que a circunda. Ficou isolada durante grande parte do século XX e redescoberta da década de 1970, com a construção da nova capital do país, Brasília. 

Hoje, é famosa pelo turismo e pela produção do quartzito, a Pedra de Pirenópolis.

II. - Patrimônio Histórico


Tombada como conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1989, o município conta com um Centro Histórico ornado com casarões e igrejas do século XVIII, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (1728-1732), a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (1750-1754) e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim (1750-1754), além de prédios de relevante beleza arquitetônica como o Teatro de Pirenópolis, de estilo híbrido entre o colonial e neoclássico, de 1899, e o Cine Teatro Pireneus, em estilo art-déco, de 1919 e a Casa de Câmara e Cadeia construído em 1919 como réplica idêntica do original de 1733.

a) Casario colonial 


Casario colonial, foto historiacomgosto


b) Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário


A Matriz de Pirenópolis, é a mais tradicional igreja católica do estado de Goiás, e é dedicada a Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos pirenopolinos. A imagem de Nossa Senhora do Rosário veio para Pirenópolis em 1727.


Igreja de Nossa Senhora do Rosário, foto historiacomgosto


A construção da igreja que seria consagrada a Nossa Senhora do Rosário iniciou-se no ano de 1728, sendo construída por meio de um sistema misto em taipa de pilão, adobe, alvenaria de pedra e madeira.

Os primeiros registros relacionados à matriz foram feitos em 1732, com o primeiro batizado realizado na igreja e em 1734, quando foram iniciados os registros no Livro de Óbitos dos sepultamentos realizados na Matriz

Para chegar ao seu aspecto contemporâneo, a igreja passou por vários acréscimos e alterações. Em 1758 foi assentado o assoalho da capela-mor e, em 1761, foram construídos o retábulo e as quatro janelas da capela-mor, além das portas de acesso à sacristia e ao consistório. A “camarinha”, espaço localizado atrás da capela-mor, foi acrescentada em 1763, ano em que foi deliberado pela Irmandade do Santíssimo Sacramento a construção da segunda torre, provavelmente a torre esquerda (lado do nascente)


Interior da Igreja

-  Original


Em talha de madeira com laminações em ouro, os cinco magníficos altares expressavam a habilidade e paciência dos eméritos entalhadores e marceneiros meiapontenses do século XIX.

O altar-mor, construído em 1761, expressava a feição típica de um barroco singelo bem como o uso parcimonioso dos ornatos dourados. 



As antigas estátuas da Igreja Matriz, em talha de madeira, são de origem portuguesa. Em 1773 já se encontravam nos altares laterais as imagens de Santo Antônio de PáduaSão Miguel e São Francisco de Paula.



-  Restauro de 1996 a 1999


Entre os anos de 1996 e 1999 foi feita uma completa  restauração arquitetônica e artística da Matriz, com participação da Sociedade dos Amigos de Pirenópolis, sob orientação do IPHAN. 

- Incêndio de 2001


Em 5 de setembro de 2002 a igreja sofreu um incêndio que consumiu o telhado e toda a parte interna do monumento incluindo o altar-mor e todos os demais. No mesmo ano iniciaram-se as obras de salvamento emergencial do edifício. O início das obras de restauração aconteceu em 2003 e, em 2004, foi aberta a exposição Canteiro Aberto.


Teto original destruído 
Novo altar lateral
altar-mor que era da antiga Igreja
Nsa. Sra. Rosário dos Pretos


- O novo altar-mor


Com o acidente da Matriz, configurou-se uma situação inusitada - havia uma igreja sem altar-mor e um altar-mor sem igreja. Era chegada a hora de, unindo os homens de todas as cores e mesma fé, transplantar um coração, a alma da Nossa Senhora do Rosário dos brancos, dos pretos e dos mestiços, cuja Igreja havia sido destruída mas o altar permaneceu intacto. A alma da Nossa Senhora do Rosário do povo brasileiro e pirenopolino. (wikipedia)

- Pequeno Museu


Pequeno Museu na parte superior da Igreja, foto historiacomgosto

c) Rio das Almas


Foi nas águas do Rio das Almas que Manuel Rodrigues Tomar descobriu as minas de ouro que impulsionariam a colonização da região em 1727. Em frente dessa ponte mostrada fica a Casa de Câmara e Cadeia e do lado a Igreja de Nossa Senhora do Carmo.



d) Casa de Câmara e Cadeia - Atual Museu do Divino


Casa de Câmara e Cadeia, atual Museu do Divino, foto historiacomgosto



Interior do Museu - Festa do Divino e Cavalhadas


Pirenópolis é palco das famosas Festa do Divino e Cavalhadas. 

A Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, é um festejo religioso de origem portuguesa que dura cerca de 20 dias e foi reconhecida como Patrimônio Cultural brasileiro. Mantém como símbolos o Imperador do Divino, a coroa, o cetro e as bandeiras.

As Cavalhadas de Pirenópolis são atividades que giram em torno de representações dramáticas, equestre de uma luta entre mouros e cristãos pelo domínio da península Ibérica durante a Idade Média na Europa e são alegrados por centenas de mascarados, alguns montados a cavalo. O mascarado típico de Pirenópolis usa a máscara de boi. 

Esta festa é considerada como uma das mais belas e expressivas do Brasil.   

As duas festas acontecem durante as festividades de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa, e reúnem diversas outras manifestações, como congadas, reinados, juizados, folias, queima de fogos, pastorinhas, missas e a "Novena do Divino", com seus cânticos em latim.


Coroa do Imperador, foto historiacomgosto


Pastorinhas
Divino Espírito Santo
Máscaras


Máscaras e Fantasias mais comuns
Bandeira do Divino


Cavalhada - Disputa Mouros e Cristãos


reduto dos mouros
reduto dos cristãos

e) Igreja de Nossa Senhora do Carmo


A Igreja de Nossa Senhora do Carmo é um dos marcos da fundação da cidade, tendo sido construída em arquitetura de terra entre 1750 e 1754, próximo às margens do Rio das Almas, em cujas águas Manuel Rodrigues Tomar descobriu as minas de ouro que impulsionariam a colonização da região em 1727.

A sua fachada, de grande simplicidade, compacta e de volumetria incomum da arquitetura colonial brasileira, esconde a decoração barroca-rococó dos altares do interior, com rica talha com uma delicada interpretação do rococó, especialmente nos altares do cruzeiro e na capela-mor, onde se expõe ainda significativa estatuária sacra.


Igreja de Nossa Senhora do Carmo, foto historiacomgosto

f) Igreja de Nosso Senhor do Bonfim


Uma outra das mais tradicionais igrejas católicas da cidade, é essa dedicada ao Senhor do Bonfim.

Foi erguida a partir de 1750, ano em que chegou a imagem de Nosso Senhor Jesus do Bonfim , trazida de Salvador pelo sargento-mor Antônio José de Campos, estando concluída em 1754.

A imagem de Nosso Senhor do Bonfim veio de Salvador para Pirenópolis, através de um comboio com 264 escravos.

Em 1887 foi restaurada para pior, com a introdução do estilo neogótico, mas em 1937 voltou a aparência primitiva, entretanto perdeu-se a pintura do teto e das paredes do altar-mor, onde se podia ver todas as estações do calvário e os florões recortados nos barrados das paredes.


Igreja Nosso Senhor do Bonfim, foto historiacomgosto


A construção atual se encontra, portanto, na sua forma original de uma típica igreja colonial portuguesa. Ela possue duas torres sineiras laterais, e chama a atenção por suas dimensões e pela posição de destaque na elevação onde foi instalada.


g) Praça do Coreto


Coreto
Pousada do Frade


Símbolo da Festa de Pirenópolis


Fantasia de mascarado junto com a placa de Pirenópolis, foto historiacomgosto

h) Outras construções


casa colonial
casa colonial

centro de artes
cinema
museu das cavalhadas


III. - Referências


Wikipedia - Pirenópolis / Festa do Divino de Pirenópolis

Fotografia de Historia com Gosto


segunda-feira, 22 de maio de 2017

A Hagadá de Sarajevo

I. - Hagadá


Hagadá ou agadá, é o texto utilizado para os serviços da noite do Pessach (Passagem ou Páscoa), contendo a leitura da história da libertação do povo de Israel, do Egito, conforme é descrito no Livro do Êxodo. Por celebrar esta libertação, o Pessach é a mais importante das festas judaicas, e cada judeu tem por mandamento narrar às futuras gerações esta libertação. A Hagadá contêm a narrativa desta libertação, as orações, canções e provérbios judaicos que acompanham esta festividade. Na verdade, não existe um texto único de Hagadá: os diversos ramos do judaísmo têm suas variantes, conforme a orientação do rabino de cada sinagoga. Também corporações e instituições podem ter seu texto particular de Hagadá.

Exemplo de Hagadá:


 fotografia com exemplo de uma Hagadá Um manuscrito do início do século XV copiado por volta de 1430 em script quadrado Ashkenazic. Suas decorações contêm painéis iniciais de palavras, algumas bordas totalmente enquadradas e duas miniaturas de página inteira. A miniatura de página inteira é a adaptação da iconografia cristã medieval para fins de ilustrar a importância do estudo e da discussão na celebração do "Seder de Pessach". Cada figura (homens e mulheres) está segurando um livro, presumivelmente uma Haggadah, e está envolvido em discutir o êxodo do Egito. O texto desta página começa no Salmo 79 verso 6. Original: Darmstadt, Hessische Landes-und Hochschulbibliotek

II. - A Hagadá de Sarajevo


É uma das mais antigas Hagadás sefarditas do mundo, originária de Barcelona por volta de 1350.

A Hagadá de Sarajevo é escrita à mão em pele de bezerro branqueada e iluminada em cobre e ouro. Ela abre com 34 páginas de ilustrações de cenas-chave da Bíblia desde a criação até a morte de Moisés . Suas páginas estão manchadas de vinho, evidência de que foi usada em muitas cerimônias da Páscoa.

A Hagadá de Sarajevo  esteve  muitas vezes perto de ser destruída,   entretanto, ela tem resistido quase que milagrosamente ao longo do tempo. Os historiadores acreditam que ela foi tirada de Barcelona por judeus espanhóis quando foram expulsos pelo Edito de Granada em 1492. Notas marginais indicam que a Hagadá estava na Itália no século XVI. 

"Encomendado para ser um presente de casamento, o manuscrito é de um requinte extraordinário, tendo sido confeccionado para caber na palma da mão. É composto por 109 páginas de pergaminho branco, cuidadosamente manuscritas e decoradas com iluminuras em ouro e bronze e cores vivas, como vermelho e azul. Produzida de acordo com as tradições sefaraditas, em estilo gótico-italiano predominante à época, na Catalunha, a Hagadá contém o brasão do Reino de Aragão.

O documento, cujo texto foi inserido em painéis com iniciais decoradas, possui 34 miniaturas de página inteira. Estas representam uma variedade de assuntos, incluindo a Criação, Moisés no Monte Sinai com as Tábuas da Lei, além de ilustrações estilizadas do Grande Templo e de uma sinagoga espanhola. Marcas de seu uso em sedarim passados podem ser vistas em alguma de suas páginas. São manchas de vinho, anotações de adultos e rabiscos de crianças." (www.Morasha.com.br)


uma imagem da hagadá de Sarajevo representando dois homens celebrando a Páscoa
A imagem representa dois hebreus celebrando a Páscoa


Ela finalmente foi vendida para o Museu Nacional em Sarajevo em 1894 por Joseph Kohen onde permanece até hoje.


Histórico:


Durante a Segunda Guerra Mundial , o manuscrito foi escondida dos nazistas e oposicionistas sérvios pelo bibliotecário chefe do museu, Dervis Korkut, que arriscou a própria vida, levando ilegalmente a Hagadá para fora de Sarajevo.

Korkut deu-o a um clérigo muçulmano em Zenica , onde ele a escondeu sob as tábuas de madeira do assoalho da mesquita ou casa de um muçulmano. Em 1957, ele publicou um fac-símile do Hagadá por Sándor Scheiber , diretor do Seminário Rabínico de Budapeste . 

Em 1992, durante a Guerra da Bósnia , o manuscrito sobreviveu a um assalto no museu e foi descoberto no chão durante o inquérito policial pelo inspetor local Fahrudin, com muitos outros objetos que os ladrões achavam que não eram valiosos. 

 ilustraçao da Hagadá contendo Moises diante da Sarça Ardente
Moisés diante da sarça ardente e
a vara de Aarão transformada em serpente
 ilustraçãoda Hagadá contendo Míriam e as hebréias
Míriam e  hebréias festejando a passagem do mar vermelho

Durante o cerco de Sarajevo pelas forças sérvias da Bósnia (o mais longo cerco da história moderna) ela sobreviveu em um cofre subterrâneo de um banco. Havia rumores de que o governo a tinha vendido para comprar armas; O Presidente da Bósnia mostrou o manuscrito para a comunidade Seder em 1995 negando o boato.

Mais tarde, o manuscrito foi restaurado através de uma campanha especial financiado pela Organização das Nações Unidas e da comunidade judaica da Bósnia em 2001, e tornou-se permanentemente exposta no museu desde dezembro de 2002.

Em 1985 uma reprodução foi impressa em Liubliana , com 5000 cópias. Em maio de 2006, a editora Sarajevo rábico Ltd., anunciou outra publicação de 613 exemplares do Hagadá em pergaminho artesanal  para recriar fielmente o visual do original do século XIV, referindo-se aos 613 preceitos judaicos .  


Outra ilustraçãoda Hagadá contendo Moisés
Moisés
 outra ilustração de uma Cerimônia
Cerimônia

III. - Menções especiais

Livro


 foto da capa do romance Memórias do Livro  É no romance "Memórias do livro" , de Geraldine Brooks (2008), que uma história misturando ficção e realidade é contada, recriando todo o percurso da Hagadá desde as suas origens na Catalunha até os dias de hoje no Museu de Sarajevo.  O livro é muito bem escrito e a história desperta um grande interesse e você pára de ler quando termina. Recomendo.  Geraldine ganhou o prêmio Pulitzer de 2006 com o livro o Senhor March.


Revista

A história de Dervis Korkut, que salvou o livro dos nazistas, também foi contada por Geraldine Brooks em um artigo escrito na revista The New Yorker.  O artigo também conta a história do jovem judeu, Mira Papo, que Korkut e sua esposa esconderam dos nazistas, enquanto guardava a Hagadá. Em uma reviravolta do destino, o velho Mira Papo, vivendo em Israel, protegia a filha de Korkut durante a guerra da Bósnia da década de 1990.

Filme

O manuscrito é brevemente mencionado no filme "Welcome to Sarajevo" de Michael Winterbottom. 

Presente Oficial

Uma cópia desta Hagadá foi dada a Tony Blair quando ele era primeiro-ministro do Reino Unido, pelo Grão Mufti da Bósnia e Herzegovina, Mustafa Ceric, durante uma cerimônia de Fé e Fundação em dezembro de 2011. 

 foto de uma cópia da Hagadá de Sarajevo aberta em cima de uma mesa  O Mufti apresentou o presente como um símbolo da cooperação inter-religiosa e respeito, enfatizando as duas ocasiões em que o livro judaico foi  protegido por muçulmanos. 

Outra cópia foi entregue a um representante do Rabinato Chefe de Israel durante o encontro inter-religioso "Viver juntos é o futuro", organizado em Sarajevo pela Comunidade de Sant'Egidio .

IV.- Referências

- Hagadá e Hagada de Sarajevo em wikipedia

- Hagada de Sarjevo em www.morasha.com.br

- Livro: "Memórias do Livro", Geraldine Brooks