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segunda-feira, 27 de março de 2017

Quaresma IV - Cristo cura o cego de nascença (El Greco)

I - Cristo cura o cego - Quadro de El Greco



quadro Cristo cura o cego de nascença - El Greco. O quadro mostra Cristo curando o cego e muitos homens conversando ao lado. O quadro mostra um leve tom azulado
Christ healing the blind, El Greco, 1570, MET


"No evangelho desse quarto domingo da Quaresma ouvimos a história de Cristo curando o cego na piscina de Siloé. El Greco pintou duas versões desta história; Aqui nós exploramos sua primeira versão. "Christ Healing the Blind" conta a história, mas também revela a visão artística de El Greco. Nesta pintura primitiva, observamos o El Greco aprendendo a ver com os olhos de um artista enquanto retrata a perspectiva e o movimento dos corpos de todos os ângulos. Assim como o cego aprende a ver, El Greco está ganhando sua visão única aqui.

Christ Healing the Blind apresenta dois grupos principais de pessoas: Cristo curando o cego à esquerda, e os fariseus agrupados à direita, suspeitos e protestando. Mais adiante, duas figuras completam o círculo, mostrando uma pose de compaixão e cura - a misericórdia de Deus se justapõe ao confronto motrado mais abaixo. 

Colocar a Cristo e os fariseus à esquerda e à direita é um ponto de ironia: os fariseus, que são seguros de sua visão correta, são de fato cegos à verdade que se desdobra diante deles, enquanto Cristo revela a verdade à esquerda. Atrás dos fariseus, um céu de nuvens turbulentas reforça sua desordem, mas o ato de cura de Cristo ocorre em frente a um firme cenário visual de elementos arquitetônicos estáveis. Atrás de Cristo, El Greco dirige nosso olhar para um ponto de fuga com uma longa fileira de arcos, sugerindo que a visão que Cristo concede ao mendigo cego é longa e distante. Em contraste, o grupo de fariseus obscurece seu próprio horizonte, à medida que sua visão míope só chega de um ao outro.

Finalmente, os quatro homens reunidos à esquerda parecem desconhecer o que está acontecendo. Aqui, El Greco insere outro tipo de cegueira: o esquecimento à graça desdobrando-se diante de seus próprios olhos. Sua presença suave é talvez mais desafiadora do que a dos fariseus, aos quais está faltando visão, mas não consciência. 

Esta história nos convida a abrir mais amplamente nossos olhos de fé e tornar-nos conscientes da graça misericordiosa e curativa ao nosso redor."


foto de Daniella Zsupan
Comentário é de Daniella Zsupan-Jerome, professora assistente de liturgia, catequese e evangelização na Universidade Loyola de Nova Orleans.

Reflexão Inaciana sobre a arte desta semana

II - El Greco (Wikipedia)


Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido como El Greco foi um pintor, escultor e arquiteto grego que desenvolveu a maior parte da sua carreira na Espanha. Assinava suas obras com o nome original, ressaltando sua origem.


quadro autorretrato El Greco
auto-retrato, 1595~1601, MET
Nasceu em Creta, 5 de outubro de 1541, que naquela época pertencia à República de Veneza e era um centro artístico pós-bizantino. Treinou ali e tornou-se um mestre dentro dessa tradição artística, antes de viajar, aos vinte e seis anos, para Veneza, como já tinham feito outros artistas gregos.


Em 1570 mudou-se para Roma, onde abriu um ateliê e executou algumas séries de trabalhos. Durante sua permanência na Itália, enriqueceu seu estilo com elementos do maneirismo e da renascença veneziana. Mudou-se finalmente em 1577 para Toledo, na Espanha, onde viveu e trabalhou até sua morte. Ali, El Greco recebeu diversas encomendas e produziu suas melhores pinturas conhecidas.

O estilo dramático e expressivo de El Greco foi considerado estranho por seus contemporâneos, mas encontrou grande apreciação no século XX, sendo considerado um precursor do expressionismo e do cubismo, ao mesmo tempo em que sua personalidade e trabalhos eram fonte de inspiração a poetas e escritores como Rainer Maria Rilke e Nikos Kazantzakis. El Greco é considerado pelo modernos estudiosos como um artista tão individual que não o consideram como pertencente a nenhuma das escolas convencionais. 

É mais conhecido por suas figuras tortuosamente alongadas e uso frequente de pigmentação fantástica ou mesmo fantasmagórica, unindo tradições bizantinas com a pintura ocidental.

Em sua época teve somente dois seguidores de seu estilo: o seu filho Jorge Manuel Theotokópoulos e Luis Tristán.


III - Reflexão sobre a cura do cego na piscina de Siloé - Evangelho (Jo 9,1-41)


No Evangelho, o cego é o único dentre a multidão, a reconhecer Jesus como o Messias, como o Redentor, como o Senhor. Sua profissão de fé é feita aos poucos. Primeiro ele pede a cura para sua deficiência visual. Após a cura física, ele vai proclamando que foi Jesus quem o curou. Isso causa problemas com os sacerdotes e ministros religiosos. O cego não tem dúvidas e desafia os poderosos que o expulsam da comunidade.
Ao encontrar Jesus, aquele que fora cego faz sua profissão de fé, ajoelhando-se e proclamando Jesus como Senhor.
A reação de Cristo, diante do confronto do ex-cego com a liderança religiosa e a multidão, faz o registro das duas cegueiras, a física e a espiritual. “Se vocês fossem cegos não teriam pecado. Mas como dizem que enxergam, o seu pecado permanece”, diz para as lideranças. Pecado é permanecer na escravidão de convicções antigas que não libertam, é não procurar a verdade e não se abrir a ela, é não reconhecer em Jesus de Nazaré, a luz que veio ao mundo.
É sobre a luz de Jesus, o texto da Carta de Paulo aos Efésios. Pelo batismo fomos iluminados pela luz de Cristo. Deixemo-nos iluminar por ela. O fruto dessa luz chama-se bondade, justiça, verdade.
A fé é a iluminação que faz ver.
O ser humano corre o risco de fazer escolhas segundo as aparências. O episódio do cego nos confirmou esse risco, quando os mestres da Lei rejeitaram o testemunho dele e o expulsaram. São Paulo falou-nos que Cristo é Luz que ilumina a nós, os batizados.
Um antigo hino cristão, usado pelo Apóstolo, encerra nossa reflexão: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá”».
(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o IV Domingo da Quaresma) https://br.radiovaticana.va/news/2017/03/25/reflex%C3%A3o_dominical_a_cura_do_cego_de_nascen%C3%A7a!/1294720)

IV - Referência


Edições Loyola:
https://www.loyolapress.com/our-catholic-faith/liturgical-year/lent/arts-and-faith-for-lent/cycle-a/arts-and-faith-week-2-of-lent-cycle-a


Radio_Vaticana: https://br.radiovaticana.va/news/2017/03/25/reflex%C3%A3o_dominical_a_cura_do_cego_de_nascen%C3%A7a!/1294720


Wikipedia: El Greco


V - Série "Quaresma"


Quaresma I - Fé e Arte

Quaresma II - A Transfiguração de Rafael Sanzio

Quaresma III - A Samaritana

Quaresma IV - Cristo cura o cego de nascença (El Greco)
https://historiacomgosto.blogspot.com/2017/03/quaresma-iv-cristo-cura-o-cego-de.html

Quaresma V - Ressurreição de Lázaro por Janos Vaszary

Quaresma VI - Domingo de Ramos, pintura de Giotto di Bondone

Quaresma VII - Cerimônia do Lava Pés (pintura de Bernhard Strigel)

Quaresma VIII - Cristo e o bom ladrão

Quaresma IX - Sábado santo, "Da descida da Cruz ao Triunfo"

Quaresma X - Domingo de Páscoa, "A Ressurreição de Jesus Cristo", Piero della Francesca