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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Grande Onda de Kanagawa, Hokusai e a arte da Xilogravura

I - Arte Japonesa - A grande onda de Kanagawa


A Grande Onda de Kanagawa, talvez a mais difundida obra de arte oriental, é uma famosa xilogravura do mestre japonês Hokusai, especialista em ukiyo-e. Foi publicada em 1830 ou 1831, no período Edo na série de ukiyo-e "36 vistas do monte Fuji", sendo a obra mais conhecida do artista.

 quadro em xilogravura A Grande Onda de Kanagawa
A Grande Onda de Kanagawa, 1830, Kokusai, Bibiloteca do Congresso, Washington

A grande onda


Nesta gravura observa-se uma enorme onda que ameaça um barco de pescadores, na província de Kanagawa, estando o monte Fuji visível ao fundo. Apesar da sua dimensão, esta onda pode não retratar um tsunami, mas uma onda normal criada pelo efeito do vento e das marés.

II - Xilogravura


Xilogravura ou xilografia é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre o papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo.

É uma técnica em que se entalha na madeira, com ajuda de um instrumento cortante, a figura que se pretende imprimir. Após este procedimento, usa-se um rolo de borracha embebida em tinta, tocando só as partes elevadas do entalhe. O final do processo é a impressão em alto relevo em papel ou pano especial, que fica impregnado com a tinta, revelando a figura.

Ukiyo-e


O estilo do ukiyo-e, refletia a vida e interesses dos estratos mais baixos da sociedade: mercadores, artistas e rōnin, que estavam desenvolvendo a sua própria arte e literatura em zonas urbanas como Edo (atual Tóquio), Osaca e Sakai, num movimento conhecido posteriormente como ukiyo, o mundo flutuante.

Entre as mais populares temáticas abordadas, estão a beleza feminina; o teatro kabuki; os lutadores de sumô; cenas históricas e lendas populares; cenas eróticas; cenas de viagem e paisagens; fauna e flora

Os desenhos de ukiyo-e, chamados em japonês nikuhitsu ukiyo-e, eram obras únicas que realizava o pintor com pincéis diretamente sobre papel ou seda. Estes desenhos permitiam ver a obra final na íntegra, embora salvo a forma das linhas e o arranjo da cor, perdiam-se durante o processo.[9] Posteriormente o artista, chamado eshi, levava a obra a um horishi, ou gravador, que pegava o desenho sobre um painel de madeira, geralmente de cerejeira,[8] e eliminava tudo ao ir talhando cuidadosamente o painel para formar um relevo com as linhas do desenho.

III - Hokusai


 pequena gravira de Hokusai
Hokusai nasceu em 1760, em Katsushika, um distrito a leste de Edo (atual Tóquio), no Japão. Foi chamado Tokitarō, foi filho de um fazedor de espelhos do shōgun e, devido a que nunca foi reconhecido como herdeiro, é provável que a sua mãe fosse uma concubina. Hokusai começou a pintar aos seis anos e aos doze seu pai enviou-o a trabalhar em uma livraria. Aos dezesseis tornou-se aprendiz de gravador, atividade que desenvolveu durante três anos, ao mesmo tempo em que começou a fazer as suas próprias ilustrações. Aos dezoito foi aceite como aprendiz do artista Katsukawa Shunshō, um dos maiores artistas de ukiyo-e do seu tempo. Após um ano com o seu mestre, este deu-lhe o nome de Shunrō, passando então a utilizá-lo na assinatura dos seus primeiros trabalhos no mesmo ano de 1779.

Cópia


A xilogravura destinava-se a produzir cópias da obra até o momento em que a matriz se mostrava desgastada. Era comum se fazer até 5.000 cópias de uma gravura. Atualmente temos cerca de 35 cópias da "Grande Onda de Kanagawa", sendo que algumas estão em exibição no the Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, no British Museum em Londres, e no The Art Institute of Chicago.

IV - A Série - "Trinta e seis vistas do Monte Fuji"


36 vistas do monte Fuji é, apesar do nome, uma série de quarenta e seis gravuras em madeira (dez das quais foram adicionadas após a publicação), datadas de 1832, criadas por Katsushika Hokusai retratando o monte Fuji em diferentes estações do ano, de diferentes locais, mais ou menos distantes, e com diferentes condições do tempo.

A Grande Onda de Kanagawa é a primeira das 46 gravuras. Outros exemplos são:

a) Monte Fuji vista da ponte de Mannen em Fukagawa (gravura 04)


 quadro Monte Fuji  visto da Ponte Manenm em Fukugawa
Monte Fuji visto da Ponte Manenm em Fukugawa, Hokusai, 1830

b) Casa de chá em Koishikawa. O amanhecer após uma nevasca (gravura 24)




 quadro Casa de Chá em Koishikawa

  Casa de chá em Koishikawa. O amanhecer após uma nevasca, Hokusai, 1830


Você pode ver todas as gravuras em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trinta_e_seis_vistas_do_monte_Fuji


V - Xilogravura no Mundo e no Brasil


No Mundo

No ocidente, a xilogravura se afirmou durante a Idade Média. No século XVIII duas inovações revolucionaram a xilogravura, a chegada à Europa das gravuras japonesas coloridas, que tiveram grande influência sobre as artes do século XIX, e a técnica da gravura de topo criada por Thomas Bewick.


 xilogravira do século XVIII de Bewick
Ilustração de Bewick
No final do século XVIII Thomas Bewick teve a ideia de usar uma madeira mais dura como matriz e marcar os desenhos com o buril, instrumento usado para gravura em metal e que dava uma maior definição ao traço.

Dessa maneira Bewick diminuiu os custos de produção de livros ilustrados e abriu caminho para a produção em massa de imagens pictóricas. Mas com a invenção de processos de impressão a partir da fotografia, a xilogravura passou a ser considerada uma técnica antiquada. Atualmente ela é mais utilizada nas artes plásticas e no artesanato.


A Crônica de Nuremberg


A Crônica de Nuremberg é um famoso livro (incunábulos = primeiros livros impressos publicados) publicado pela primeira vez em latim, em 12 de junho de 1493, com edições traduzidas para o alemão a partir de 23 de dezembro deste mesmo ano.

Trata-se do maior livro ilustrado de sua época, com cerca de 1600 xilogravuras. 

Seu autor é Hartmann Schedel, um dos pioneiros da cartografia impressa. Georg Alt traduziu a Crônica para o alemão. Albrecht Dürer (1471~1528) trabalhou na condição de aprendiz durante a confecção das ilustrações.

A obra aborda a história do mundo, dividindo-a em sete momentos. Restam 1250 exemplares da Crônica, sendo este certamente um dos livros mais difundidos de seu tempo.

xilogravura da Cidade de Moguncia,Alemanha, no livro Cronicas de Nuremberg
Cidade de Moguncia,Alemanha, Cronicas de Nuremberg
 outra xilogravura das cronicas de Nuermberg - Dois musicos e quatro casais dançando
Dois musicos e quatro casais dançando, Cronicas de Nuremberg


A gravura em si, já utilizando metal, foi utilizada por  grandes artistas como  Rembrandt.


Xilogravura no Brasil


O contato entre as cultura brasileira e  portuguesa, ocasionou o surgimento da xilogravura popular brasileira. Os portugueses já utilizavam a técnica que, quando trazida para o Brasil, desenvolveu-se na Literatura de Cordel. Com isso, diversas obras foram produzidas com a utilização da xilogravura, formando diversos xilógrafos, principalmente na Região Nordeste do país. Gilvan Samico, Abraão Batista, Amaro Francisco, José Costa Leite, José Lourenço e J. Borges estão entre os principais xilógrafos brasileiros.


 exemplo de xilogravura brasileira - nordestina - mudança de sertanejo
Mudança de Sertanejo, José Borges
 Outra xilogravura brasileira Casamento Matuto
Casamento Matuto, Severino Borges


VI - Referências


Fontes: Todo o texto e as fotos, com exceção do cordel brasileiro,  foram obtidos na Wikipedia. A reprodução de todas as obras é considerada de domínio público.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Roma de Gian Lorenzo Bernini

1 - Bernini


Giovan Lorenzo Bernini foi um escultor, arquiteto, pintor, cenógrafo, urbanista, comediante e ator iltaliano. Ele nasceu em Nápoles, 7 dezembro 1598 e faleceu em Roma, 28 novembro 1680.

É considerado um dos maiores expoentes da cultura figurativa barroca. A sua obra, principalmente na escultura, teve um grande sucesso na sua época e dominou a cena européia por mais de um século depois da sua morte. A influência do trabalho de Bernini foi enorme.

    
autorretrato de Bernini
Bernini, autorretrato, Galeria Borghese


2 - Histórico


a) Origens

O pai de Bernini, Pietro, era um escultor nascido em Nápoles que trabalhava bem com o mármore. Ele trabalhava em Nápoles, mas em 1605 resolveu se mudar para Roma onde havia mais oportunidade de trabalho e onde poderia educar melhor o filho que já despontava com grande talento logo aos sete anos.

O alívio em mármore retratando a "Assunção da Virgem" no batistério da Basílica de Santa Maria Maggiore , era um exemplo de técnica dominada pelo pai de Gianni Bernini que ele se preocupou em ensinar ao jovem. 

Outra das obras de Pietro que foi muito importante na formação de Gian Lorenzo, foi a construção da "Pauline Chapel", destinado a acomodar os túmulos dos Papas Paulo V e Clemente VIII , em que Pietro participou, juntamente com uma série de outros escultores e pintores em 1611 .

Foi muito importante para Bernini, adquirir os  conhecimentos da organização de um canteiro de obras e a fusão dentro de um projeto arquitetônico, da escultura e pintura juntos em um ambiente rico em mármores policromáticos.

b) Os primeiros trabalhos (1619 - 1627) - Apolo e Daphne


O seu primeiro patrono foi o Cardeal Borghese. Foi para ele que Bernini esculpiu os seus primeiros grupos escultóricos como o "Enéias, Anquises e Ascânio fugindo de Tróia", de 1619, "Plutão e Proserpina", de 1622 e o "David", de 1624. 

Com estas obras, realizadas em tamanho real, conjugadas com os bustos executados também neste primeiro período da sua atividade, Bernini cortou com a tradição de Miguel Ângelo, criando um novo período na história da escultura da Europa ocidental.

Ele estava com  vinte anos quando fez as estátuas externas para a casa de campo do Cardeal; tinha  27 anos quando termina uma das obras-primas mais famosas da escultura de todos os tempos, o "Apolo e Daphne".



foto da escultura Apolo e Daphne
Apolo e Dafne,
foto de Int3gr4te em WikiCommons


As primeiras obras de Bernini imediatamente revelam a grandeza de seu talento, representando as maiores conquistas do Barroco. Anos mais tarde, já maduro, o artista confessou, revendo uma de suas primeiras obras-primas ("Apolo e Daphne ):  "Oh, que pouco lucro que fiz na arte da escultura no curso dos anos, e eu sei que desde cedo eu lidava com o mármore, desta forma! ".

Nessa escultura ele começa a imprimir a noção de movimento: "Dafne se transformando em árvore no instante em que Apolo a alcança."

c) Papa Urbano VIII - Pintura em Óleo de 1632


quadro com retrato do Papa Urbano VIII
Papa Urbano VIII,
foto de Web Gallery of Art
O  ano de 1623 foi crucial para o destino de Roma, também a partir de um ponto de vista artístico. Maffeo Barberini foi eleito Papa com o nome de Urbano VIII , um papa ambicioso, amante das artes e grande admirador de Bernini, que considerava o artista perfeito para realizar seus projetos urbanos e arquitetônicos, para dar forma e expressão à vontade da Igreja de representar-se como força triunfante, através de obras espetaculares, com um forte caráter comunicativo, persuasivo e comemorativo.


3 - Principais Obras


3.1 - "O Rapto de Proserpina" - Galeria Borghese (1621 a 1622)


O mito romano do "Rapto de Proserpina" por Plutão é uma lenda que também aparece na cultura grega, onde Plutão se chama Hades e Proserpina é Perséfone, que encantou o obscuro deus com sua beleza, sendo ela filha da deusa das colheitas Deméter. Ela é então raptada e levada para as profundezas da Terra, deixando sua mãe enfurecida. O rapto fez com que Deméter castigasse o mundo, arrasando com as plantações, entregando o mundo ao caos e à fome. 


foto da escultura Rapto de Proserpina
O rapto de Proserpina,
foto de Int3gr4te em Wikimedia Commons

Conta-se que Perséfone não podia comer nada que lhe fosse oferecido ou ela nunca mais voltaria para casa. Enquanto Zeus tentava convencer Hades a liberar a moça, Perséfone comeu algumas sementes de romã, selando o seu destino. Assim, ela se viu obrigada a casar com Hades, o que deixou Deméter ainda mais furiosa.

Zeus teria então interferido. Perséfone passaria metade do ano com o marido e a outra metade com a mãe. Dessa maneira, Deméter aceitou e assim os gregos explicavam as épocas do ano. Quando era verão e primavera, sua filha estava ao seu lado. No inverno e no outono, épocas frias, sem colheitas, Perséfone estava com o marido.

Detalhes da Escultura


Em “O rapto de Proserpina”. Bernini (1622) consegue dar um efeito impressionante ao retratar as mãos de Plutão no corpo da mulher, que ele tenta arrastar para o mundo inferior. (Prof. Angela Ancora da Luz, UFRJ em globo.com)
foto das mãos no corpo da mulher na escultura do Rapto da Proserpina foto do rosto da mulher com expressão de medo no Rapto da Proserpina


3.2- Apolo e Dafner - Galeria Borhese (1624 )


        Mostrado no parágrafo anterior.

3.3 -  Colunata da Praça de São Pedro


Foi desenhada por Bernini no século XVII em estilo clássico mas com adições do barroco. Ergue-se um obelisco do Antigo Egipto no centro.

O estilo clássico pode ser apreciado na colunata dórica que enquadra a entrada trapezoidal para a Basílica e a grande área oval que a precede. A parte oval da praça reflete o estilo barroco, próprio da época da Contra-Reforma.

O obelisco central tem 40 metros de altura, incluindo a base e a cruz no topo. Data do século I d.C. e foi trazido para Roma no reinado do imperador Calígula. Está no lugar atual desde 1585 sob ordem do Papa Sisto V, que colocou no obelisco um dos pedaços originais da cruz de Jesus Cristo. Bernini complementou a colocação do obelisco com uma fonte em 1675. Foi preciso mais de novecentos homens para erguê-lo.

Quase todos os visitantes que chegam ao Estado do Vaticano visitam primeiro a Praça, uma das melhores criações de Bernini, que o romancista francês Stendhal chamou "a arte da perfeição". 



Praça de São Pedro onde Bernini estabeleceu as colunas
Praça de São Pedro, Vaticano, foto de David Iliff- License: CC-BY-5.A 3.0

Quando em 1656 Bernini recebeu o encargo do Papa Alexandre VII de aperfeiçoar a praça diante da basílica de São Pedro, esta era enorme, retangular, com piso de terra. Levava ao bairro vizinho do Borgo e não tinha adornos, exceto uma fonte e o obelisco egípcio instalado em 1586 por Domenico Fontana, incluídos na remodelação. Por exigência do Papa, os peregrinos deveriam ser capazes de entrar e olhar o balcão central do qual o Papa dava, e ainda dá, sua bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo).

Bernini desenhou sua obra-prima imaginando dois espaços abertos conjuntos. O primeiro, a Piazza Obliqua, tem forma de um elipse rodeada por colunatas (quatro enormes fileiras de altas colunas dóricas) que se abrem como num grande abraço maternal e simbolizam a Igreja Mãe. Há um corredor largo, entre elas, pelas quais passam automóveis, e duas aberturas mais estreitas para pedestres. 

Tradicionalmente, o obelisco representa o elo entre a antiguidade e a cristandade, pois se diz que as cinzas de César descansam em sua base e uma relíquia da Santa Cruz está escondida no topo. Dos dois lados, há duas fontes em bronze, com bases de granito.

3.4 - Altar da Basílica de São Pedro - Baldaquino de São Pedro


O Baldaquino é um dos locais mais impressionantes da Basílica de São Pedro, em Roma. Gian Lorenzo Bernini criou, para o altar papal acima do túmulo de São Pedro, uma obra prima técnica e artística para o Papa Urbano VIII Barberini.

Trata-se de um alto baldaquino de bronze dourado, de quase 30 metros de altura, construído de 1624 a 1633. Com os pedestais em mármore, onde são mostrados o escudo de armas do papa, erguem-se quatro colunas torcidas que suportam o peso do baldaquino com um globo e uma cruz. O desenho é exuberante, cheio da energia e movimento próprios ao Barroco, a solução ideal para o imenso espaço aberto no interior pelo domo central.


foto do Baldaquino visto de frente
Baldaquino, foto NicvK, Wikipedia
foto do Baldaquino visto de lado
Baldaquino, foto NicvK, Wikipedia


Para obter bronze suficiente o papa ordenou derreter bronzes antigos do Panteão, fazendo com isso o povo de Roma dizer: "O que os bárbaros não conseguiram fazer, fizeram os Barberini".

3.5 - Os anjos da Ponte e do  Castelo de Santo Angelo


O Castelo de Santo Ângelo,  também conhecido como Mausoléu de Adriano, localiza-se na margem direita do rio Tibre, diante da Ponte de Santo Ângelo, próximo do Vaticano, em Roma, Itália. O castelo é atualmente um museu.

A estrutura primitiva do castelo foi iniciada no ano 135 pelo imperador Adriano como um mausoléu pessoal e familiar, concluído por Antonino Pio em 139. O monumento, em travertino, era adornado por uma quadriga em bronze, conduzida por Adriano.

Em pouco tempo, entretanto, a sua função foi alterada, sendo utilizado como edifício militar. Nessa qualidade, passou a integrar a Muralha Aureliana em 403.

A sua designação atual remonta a 590, durante uma grande epidemia de peste que assolou Roma. Na ocasião, o Papa Gregório I afirmou ter visto o Arcanjo São Miguel sobre o topo do castelo, que embainhava a sua espada, indicando o fim da epidemia. Para celebrar essa aparição, uma estátua de um anjo coroa o edifício: inicialmente um mármore de Raffaello da Montelupo, e desde 1753, um bronze de Pierre van Verschaffelt sobre um esboço de Gian Lorenzo Bernini.


A Ponte de Santo Ângelo, sobre o rio Tibre, é ornada por doze estátuas, 10 de anjos e São Pedro e São Paulo, logo no início. As estátuas dos anjos foram esculpidas pelos alunos de Gian Lorenzo Bernini e duas delas pelo próprio escultor. Veja mais em "Todos os anjos da Ponte Sant'Angelo" em HistoriacomGosto.

Anjos - Bernini


foto do anjo com a cruz
Anjo com a Cruz, foto de Kostiantyn Ablazov
foto do anjo com manto
Anjo na ponte, foto de alessandro0770

foto da ponte de santo Angelo com os anjos
Ponte e Castelo de Santo Angelo, foto de AR pictures
foto da escultura do anjo no topo do castelo
Anjo no topo do Castelo, foto de  Cristian Puscasu



3.6 -Fonte dos Quatro Rios - Praça Navona


A Fontana dei Quattro Fiumi (Fonte dos Quatro Rios), foi esculpida por Gian Lorenzo Bernini entre 1648 e 1651, em frente à Igreja de Santa Inês. Foi concebida por uma ordem do Papa Inocêncio X, o papa da família Pamphili, que residia na praça, e era proprietário do Palácio Pamphili.  

A fonte está localizada na Praça de Navona, em Roma. Ela representa os quatro principais continentes do mundo cortados por seus principais rios: Rio Nilo, na África; Rio Ganges, na Ásia, Rio da Prata, na América e o Rio Danúbio, na Europa.

foto da escultura da Fonte dos quatro rios na praça Navona
Fonte dos Quatro Rios, Piazza Navona, Roma, foto de Danilo Ascione em Shutterstock.com


O Palácio Panphili é hoje propriedade do Governo Brasileiro. Ele foi comprado por Juscelino Kubstchek em estado de alto degrado, e totalmente restaurado. Atualmente funciona o Consulado e Embaixada Brasileira junto ao governo italiano. Acima da fonte está o Obelisco Egípsio Agonalis.

3.7 - Santa Bibiana


Uma antiga tradição, não documentada, diz que a igreja foi construída em 363 pela matrona romana Olimpina (ou Olimpia) na casa onde sofreram o martírio durante a alegada perseguição do imperador Juliano ( 361 - 363 ), a mártir Bibiana junto com a mãe Dafrosa e irmã Demetria, enquanto seu pai Flaviano seria exilado e martirizados para Aquas Taurinas . 

De acordo com o Liber Pontificalis no entanto, a igreja foi construída em 467 sob o pontificado de Papa Simplicio .


Urbano VIII,  no início do século XVII, ordenou a revisão completa da igreja: Os trabalhos, que duraram dois anos, foram realizados por ocasião do Jubileu de 1625 sob a direção de Gian Bernini. Seu trabalho consistiu na reconstrução da fachada , a construção de duas capelas na parte inferior da nave lateral, o encerramento das janelas da nave e a construção do novo santuário no local da abside ;  Bernini foi também responsável pela estátua da santa padroeira que domina o altar .





fachada da igreja de Santa Bibiana
Igreja de Santa Bibiana,
foto de Lalupa, Wikipedia
escultura de Santa Bibiana
Escultura de Santa Bibiana,
Wiki Paintings

3.8 - Obelisco do Elefante


Obelisco do Elefante chamado também de Minerveo, é uma escultura projetada por italiano Bernini localizada na Piazza della Minerva, bem em frente a Santa Maria sopra Minerva, onde ainda está. 

O elefante foi provavelmente executado por seu assistente Ercole Ferrata e o obelisco é um antigo monumento egípcio encontrado no claustro do convento dominicano nas imediações. A obra foi entregue em fevereiro de 1667. A imagem possivelmente é uma referência à "Hypnerotomachia Polyphili" de 1499. Vários desenhos preparatórios feitos por Bernini ainda existem. 
foto da escultura do Obelisco do Elefante
Obelisco do Elefante


Uma versão, no Castelo de Windsor, foi feita provavelmente na década de 1630, quando o cardeal Francesco Barberini demonstrou interesse em colocar um obelisco egípcio em frente ao palácio de sua família, o Palazzo Barberini. Nada resultou deste projeto, mas Bernini reviveu a ideia na década de 1660, quando o papa Alexandre VII, Fabio Chigi, revelou que queria um monumento similar depois de outro obelisco egípcio ter sido descoberto.

Vários outros conceitos foram explorados para esta última encomenda, como demonstram os desenhos preparatórios de Bernini. É provável que eles tenha sido utilizados para que o patrocinador pudesse decidir o que queria.

3.9 - Igreja de Santa Maria del Popolo e Capela Chigi


Em 1099, uma capela foi construída pelo papa Pascoal II  em homenagem à Nossa Senhora sobre o mausoléu dos Domícios Enobarbos, uma antiga gente da Roma Antiga. Conta a tradição que o local era assombrado pelo espírito de Nero ou por demônios na forma de corvos. Por isto, o papa cortou a nogueira que abrigava os corvos e construiu uma capela no lugar. 

O nome "del Popolo" ("do povo") provavelmente é uma referência à sua fundação pelo "povo de Roma".  A capela foi ampliada e tornou-se uma igreja por ordem do papa Gregório IX em 1235. Em 1250, foi entregue aos cuidados dos frades agostinianos, que ainda servem no local.

Santa Maria del Popolo foi reconstruída por Baccio Pontelli e Andrea Bregno entre 1472 e 1477 por ordem do papa Sisto IV e entregue à congregação dos frades lombardos em Roma. O resultado da obra foi um excelente exemplo da arquitetura renascentista italiana primitiva. Entre 1655 e 1660, a fachada foi modificada por Gian Lorenzo Bernini, que pediu ao papa Alexandre VII permissão para atualizar a antiga igreja renascentista para um estilo barroco mais moderno. O resultado foi uma elegante e simples fachada em mármore travertino branco.


Capela Chigi

O banqueiro Agostino Chigi encomendou a Rafael o projeto e a decoração de uma capela para abrigar seu túmulo em 1513 e o resultado é uma coleção de tesouros da arte barroca e renascentista na Itália, uma das mais importantes capelas da basílica.
foto da capela Chigi
Capela Chigi, foto de Peter1936F, Wiki Commons


 A cúpula da capela de plano central octogonal está decorada com o famoso mosaico de Rafael, a "Criação do Mundo". As estátuas de "Jonas" e "Elias" foram esculpidas por Lorenzetto. Posteriormente, a capela foi completada por Bernini por ordem de Fabio Chigi. Entre suas adições estão as esculturas de "Habacuc e o Anjo" e "Daniel na Cova dos Leões".



foto da escultura de Habacuc e o anjo
Habacuc e o Anjo, 
foto de Renata Sedmakova / Shutterstock.com
foto da escultura de Daniel na cova dos Leões
Daniel na Cova dos Leões, 
foto de Renata Sedmakova Shutterstock.com

3.10 - Êxtase de Santa Teresa 


O Êxtase de Santa Teresa (1647–1652) é uma escultura de Gian Lorenzo Bernini, representando a experiência mística de Santa Teresa de Ávila trespassada por uma seta de amor divino por um anjo, realizada para a capela do cardeal Federico Cornaro. A madre Teresa de Jesus, nascida Teresa de Cepeda y Ahumada morreu em Alba de Tormes em 4 de Outubro de 1582.


foto da capela de Santa Teresa na igreja de Santa Maria della Vittoria
Igreja de Santa Maria della Vittoria, Roma, foto de Livioandronico2013, Wikimedia Commons

Esculpida durante o período de 1645-1652, seguindo as tendências do estilo barroco, hoje ela se encontra em um nicho em mármore e bronze dourado na Capela Cornaro, Igreja de Santa Maria della Vittoria, Roma. A beleza da obra se deve ao uso da iluminação e da fidelidade da escultura, que conferem à obra sensibilidade, pois o escultor aplicava em suas esculturas o uso de corpos alongados, gestos expressivos, expressões mais simples mas mais emocionadas. 


Detalhe da Escultura


foto da escultura do extase de Santa Teresa
Êxtase de Santa Teresa, Bernini, 1645~1652, Igreja de Santa Maria della Vittoria, Roma, foto de Napoelon Vier, Wikimedia Commons


4 - Últimas Obras 


Para o novo Papa Clemente IX, o escultor executa uma série de anjos portando o símbolo da Paixão de Cristo para serem colocados ao longo da Ponte Sant'Angelo. Só resta uma assinada, hoje na igreja de Santo André delle Fratte. 

Na igreja de San Francesco refaz novamente o tema do êxtase, na escultura dedicada à beata Ludovica Albertoni, "Beata Ludovica Albertoni".


escultura do busto de Jesus Salvador
Jesus Salvador, Bernini,
foto de LivioAndronico
Sua última obra é um busto de Jesus como Salvator Mundi, em tamanho pouco maior que o natural e com a mão direita levantada em posição de bênção, encontrada no convento de São Sebastião Fora dos Muros, na Via Ápia antiga, em Roma. Bernini teria oferecido esta obra à rainha Cristina da Suécia, que a recusou, afirmando não ter nada tão precioso para retribuir tão bela oferta. Esta obra ficou perdida por muito tempo, só sendo redescoberta em 2001.

Bernini morreu em 28 de novembro de 1680, em Roma e seu funeral foi na Basílica de Santa Maria Maggiore. Dois anos após sua morte, a rainha Cristina, que Bernini ajudara a homenagear em 1655, quando de sua conversão ao catolicismo e sua primeira visita a Roma, encomendou a Filippo Baldinucci que escrevesse sua biografia.


5- Referências


Observação: Esse não é um texto original mas uma coletânea de artigos compilados da Wikipédia para montar esse roteiro. A finalidade é fazer um texto mais enxuto e direcionado com o objetivo de divulgação cultural.

Wikipedia - Todos os textos sobre Bernini e suas obras.
Prof. Angela Ancora da Luz, UFRJ em globo.com