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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

História da Espanha - Parte I

I - Pré-História


Foi na Serra de Atapuerca, norte da Espanha, que foram encontrados os fósseis mais antigos de habitantes europeus. Como esses fósseis datam de cerca de 800.000 anos, presume-se que uma população de hominídeos viveu na península há pelo menos 1 milhão de anos. Perto de Gran Dolina foram identificados exemplares do "homem de Heidelberg" que viveu 400.000 anos atrás e em Gibraltar exemplares do homem de Neandertal de cerca de 200.000 anos. Os Homens sapiens sapiens se estabeleceram entre 45.000 e 10.000 anos. O sítio arqueológico mais famoso é o da caverna de Altamira com suas pinturas rupestres.


pintura rupestre de altamira - bisão completo vermelho pintura rupestre de altamira -  animal quarúpede
pintura rupestre altamira bisão vermelho encurvado


Iberos e Celtas

Há cerca de 2.200 anos grupos da idade do bronze surgiram na península ibérica. Os cientistas os identificaram como relacionados aos iberos e aos celtas. Os iberos entraram na Espanha pelo norte da África e os celtas vieram pelo norte da Europa. Essas culturas se misturaram com as populações locais dando origem ao que os romanos mais tarde chamariam de "Hispani".

Geografia


Vê-se no mapa que a península ibérica tem limites com  dois mares (Atlântico e Mediterrâneo) e dois continentes (Africa e Europa). Observe-se que entre a Espanha e a França ergue-se a cadeia de montanhas dos Pirineus. 


foto mostrando o Estreito de Gibraltar
                                 

Entre o Marrocos e a península ibérica temos o Estreito de Gibraltar, por onde adentraram os Mouros no período da invasão árabe.
                              

II - Romanos   (200 a.c até 400 d.c.)


Os romanos chegaram na região ibérica em 218 a.c. para lutar contra os catargineses na segunda guerra púnica entre os povos que dominavam o mediterrâneo. 

Foi depois dessa vitória que Roma começou a sua expansão. Os romanos tomaram controle do mediterrâneo ocidental, começaram a anexar a península ibérica, e começaram a sua expansão em direção ao Oriente.

Eles ocuparam a região da península ibérica por quase 700 anos, até o início do século V d.c., quando o império romano já fragilizado não conseguiu deter as invasões dos bárbaros e visigodos. 


foto mostrando o Anfiteatro Romano em Mérida
                                      Anfiteatro romano em Mérida


Mérida


Fundada em 25 a.c. com o nome de Emerita Augusta, a cidade de Mérida, capital da Estremadura, foi durante a ocupação romana uma das mais importantes cidades da península ibérica.  Nesse período Mérida foi a capital da região de Lusitânia que compreendia todo o território de Portugal atual, a região da extremadura espanhola e parte de província de Salamanca.

Contando hoje com cerca de 60.000 habitantes, Mérida conserva vários vestígios de seu passado romanesco como o anfiteatro, aqueduto, ...,.



Provincia romana-Lusitania-pt.svg foto de aqueduto romano em Mérida
  A Lusitânia é a parte amarela do Império                   Aqueduto romano em Mérida


III - Visigodos (400 d.c até 800 d.c.)



Após a invasão de Roma em 410 d.c., os visigodos, sob o rei Vália, se estabeleceram na província de Aquitânia. Daí, começaram a se expandir em direção à península ibérica, colocando sob sua autoridade as províncias da Hispânia e Lusitânia. 

Para manter uma relação pacífica, o rei Vália firmou um pacto de paz, com o imperador Honório. Por esse pacto eles se ajudariam mutuamente contra outras invasões. 

Foi o início do governo visigodo na região  que duraria até o século VIII.


Localização de Reino Visigótico

Basílica em San Juan de BanosBasilica em San Juan de Banos (Palencia)

foto da Igreja de San Pedro de la Nave  Igreja de San Pedro de la nave, el campillo,                                         Zamora


Toledo - Capital dos Visigodos


Toledo já era habitada desde o período dos celtas. O primeiro assentamento permanente conhecido na cidade é um conjunto  de fortes / muralhas celtíberas.  Depois de habitada por iberos e romanos, a cidade foi conquistada pelos visigodos em 418 d.c.

No governo de Ágila (549 a 554 d.c.) os visigodos perderam território no sudeste da Espanha para o Império Bizantino.  De sua capital em Toledo, porém, o estado Visigodo se recuperou chegando ao apogeu com Leovigildo no período de 569 d.C. a 586 d.C. 

Na época de Leovigildo, Toledo tornou-se capital do reino e arcebispado hispano-visigodo, até a conquista moura no século VIII. 

foto com visão geral da cidade de Toledo



Leovigildo, que professava o arianismo, foi sucedido por seu filho Racoredo que em 589 se converteu ao catolicismo.


O reino visigodo chegou ao fim em 711  enfraquecido por guerras internas, o que facilitou a invasão moura.

Após o período mouro, Toledo viria a ser mais tarde a capital do Reino de Castela. 


IV. - Espanha Muçulmana (século VIII a século XV)


A expansão muçulmana para a península ibérica, deu-se a partir de 711, através da movimentação de tropas islâmicas  vindas do norte da África que cruzaram o estreito de Gibraltar e venceram o último rei visigodo da Hispânia, na batalha de Guadalete.


foto de mapa mostrando a localização de Ceuta
Observe-se que a primeira onda de árabes veio praticamente a convite, pois com a morte do rei Vitiza em 710, os visigodos se dividiram em duas facções: O grupo de Ágila II e o de Rodrigo que viria a ser o útimo rei de Toledo. Os partidários de Ágila II solicitaram apoio ao governador muçulmano da África, Muça Ibne Noçair, abrindo-lhe as portas de Ceuta. 

A partir dessa primeira investida os árabes continuaram a invadir e conquistar o território ibérico denominando a toda a região de "Al-Shantala". 

A conquista dos muçulmanos teve algumas características especiais; Os Mouros somente lutavam quando era necessário, sempre que possível eram feitos acordos com a população da região. Os muçulmanos aceitavam as outras religiões que fossem monoteístas, como o judaísmo e o cristianismo, desde que eles pagassem um imposto adicional e não submetessem nenhum mouro sob o seu domínio.

Os muçulmanos tentaram expandir os seus domínios para a França, mas foram contidos em Tours e Poitiers. Com dificuldades de arregimentação de novos soldados e não querendo enfrentar guerras longas, os muçulmanos se recolheram e se mantiveram na península iberica.

A principal cidade de "Al-Shantala", e capital do reino mouro era a cidade de Córdoba. Na época, Córdoba chegou a ser a maior cidade de toda Europa.

Córdoba - capital Muçulmana


O povoado que viria a dar origem à cidade de Córdoba, ganhou importancia no ano de 206 a.c., quando foi conquistado pelos romanos. Dessa época subsiste a ponte romana com 16 arcos que liga a parte central da cidade ao "campo de la verdad" no outro lado do rio Guadalquivir, a qual foi reconstruída pelos mouros. 


foto de ponte romana em Córdoba
    ponte romana em Córdoba
                           
No início do século VII, quando começou a invasão muçulmana da peninsula ibérica, Córdoba foi sede de um califado. Em meados do século IX, Córdoba era uma das cidades mais povoadas do mundo, tendo sido uma das primeiras a ter iluminação pública. 

foto de rua de Córdoba foto de cidade e ponte em Córdoba



A Mesquita de Córdoba




foto do interior da Mesquita de Córdoba foto da fachada da Mesquita de Córdoba



V. - O Período da Reconquista  (século VIII a século XV)


A Reconquista é a designação historiográfica para o movimento de recuperação pelos cristão ibéricos das terras perdidas para os invasores muçulmanos durante as invasões mouras do século VIII. Embora o movimento tenha se iniciado logo após as primeiras invasões ele somente se completaria em 1492 com a tomada de Granada pelos reis católicos. 

Pelayo - Os muçulmanos após dominarem a maior parte da peninsula iberica, não deram muita atenção para a região norte, pois ela era pobre e pouco habitada. Foi aí que um nobre visigodo chamado Pelayo, iniciou as lutas pela reconquista. Chamando a região de reino das Astúrias, ele começou a lutar no ano de 900.

VI. - Os Reis Católicos e a Era dos Descobrimentos (século XV)



Mosaico com pintura dos reis Católicos
Reis Católicos, é o nome como ficou conhecido o casal composto pela Rainha Isabel I de Castela e pelo Rei Fernando II de Aragão.

Unidos pelo matrimônio em 1469, Isabel e Fernando deram continuidade nas lutas dso reinos pela reconquista de suas posses das mãos dos mouros. Tendo sido vitoriosos já  em muitas frentes, a última batalha foi a reconquista de Granada em 1492.


Após a expulsão dos mouros, Isabel e Fernando unificaram os reinos da região sob o título de Ispagna e deram inicio a um movimento de construção de identidade nacional.

Esse movimento deu origem a busca de um só idioma, uma só religião, abrindo espaço para a instauração do período de inquisição espanhola.

Com os mouros expulsos, os judeus passaram a ser a bola da vez. Eles foram intimados a se converterem ou deixarem o reino. 



Era dos Descobrimentos

O reino de Aragão e Castela esteve durante muito tempo envolvido nas guerras contra os mouros. Colombo que não teve seus planos aprovados em Portugal se dirigiu aos reis católicos pedindo o seu patrocínio. Somente após o final da guerra contra Granada foi possível a Isabel e Fernando darem o seu de acordo a Colombo com um pequeno financiamento da Coroa Espanhola e a quase totalidade ficando por conta da iniciativa privada. 



Colombo chegou nas ilhas do caribe, acreditando estar no oriente, em 1492. 

Continua no próximo post.

XIV - Referências


Historia Concisa da Espanha - William Phillips e Carla Rahn Phillips
Wikipedia - Historia da Espanha
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