Páginas

segunda-feira, 29 de julho de 2013

História de São Luís, o Sonho da França Equinocial no Brasil

1 - Portugueses, Franceses e a fundação de São Luís


Desde a época das capitanias hereditárias, várias expedições foram enviadas ao Maranhão para tomar  posse da área. A capitania do Maranhão, que era talvez a maior de todas, foi entregue ao nobre e rico português João de Barros. A primeira expedição enviada em 1535 constava de dez navios, 900 homens e cento e treze cavalos. O naufrágio de algumas caravelas ao se aproximar da ilha inviabilizou a expedição. A segunda tentativa se deu em 1554 com três navios e doze caravelas que também naufragaram nas proximidades da ilha. Expedições por terra foram tentadas mas esbarraram na resistência dos índios. Assim essa região do país ficou muito tempo sem a colonização portuguesa.


historia de sao luis - vista da cidade
Vista da área da cidade a partir do primeiro forte,  hoje  Palácio do Governo, foto historiacomgosto


Os franceses, por outras rotas, estabeleceram em 1594, um posto de comércio de madeiras, na localização chamada pelos indígenas de "Upaon-Açu". Inconformados com o seu alijamento do comercio internacional, em 1612 os franceses sonharam em criar uma França nos trópicos. O projeto se chamava "França Equinocial". Em três navios trouxeram 500 homens em missão comandada por "Daniel de La Touche".  Junto com a missão vieram os padres capuchinhos frei Ambrosio D'Amiens, frei Ivo D'Evreux, frei Arsênio de Paris, e o frei Claude D'Abbevile. Chegaram, aportaram e criaram um forte, onde hoje é o Palácio dos Leões, além de cerca de 40 casas. Ao forte deram o nome de "Saint Louis", uma homenagem ao Rei da França. Na mesma data em que deram nome ao forte, rezaram a primeira missa, 08 de janeiro de 1612.  O certo é que esse projeto durou apenas 01 ano e  alguns meses. Ao saber da chegada dessa comitiva e da intenção dos franceses, os portugueses mais que depressa se prepararam para não ceder a hegemonia na área que haviam conquistado. 

2. - Portugueses e Espanhois unidos na Reconquista da Terra



Brasão do Reino Unido

Após a morte do rei de Portugal, Dom Sebastião, sem deixar herdeiros, em 1580, o rei da Espanha, Dom Felipe II, filho do Imperador do sacro Império Germãnico e Rei das Espanhas, Carlos V de Habsburgo e de Isabel de Portugal, reivindicou  o trono e uniu  os dois reinos,  criando um verdadeiro império ultra-marino. Foi nesse ambiente que o reino unido de Espanha e Portugal recebeu a informação da invasão da França no norte do País.


Como a Espanha não queria nenhum estrangeiro na região norte, evitando que tivessem acesso ao seu fornecimento de ouro na região do Peru, apoiou a solicitação de Portugal e juntos enviaram um grupo militar de 400 homens comandados por Alexandre Moura. Este, acompanhado de índios amigos, provenientes da região de pernambuco, chegou por terra a uma região denominada  Baía de Guaxenduba, onde  construíram um forte e prepararam o ataque.  Os franceses ficaram sabendo com antecedência, e junto com seus aliados os índios tupinambás, tentaram atacar primeiro, mas foram surpreendidos e derrotados no que ficou conhecido com a Batalha de Guaxenduba.  

Vencida a baralha em 1615, em uma negociação com os portugueses, os franceses que ficaram no forte, se renderam e se retiraram para a França. Ficaram habitando na região aqueles que haviam se casado com índias. O  português Jerônimo de Albuquerque ficou com a missão de organizar a formação da cidade. Foram  criadas as câmaras  com juízes, vereadores, e um procurador. O engenheiro Francisco Frias, engenheiro mor do Brasil na época, também participou da conquista de São Luís e fez o  planejamento da cidade com ruas retas e  com as características regulares das cidades espanholas da época.

Obs: Ainda hoje muita discussão é realizada sobre o que se deveria considerar como a fundação da cidade: A data da construção do forte e das primeiras casas pelos franceses ou a data da constituição da câmara com juízes,  planejamento urbano, ...,. De qualquer modo, a colonização inicial foi lenta e a exemplo de todos os lugares, prevalece a tese da fundação realizada pelos primeiros ocupantes, no caso os franceses. Culturalmente, toda influencia em São Luís é portuguesa, não podendo ser de outra maneira, dado ao período mínimo de permanência dos outros povos.

Colonização


Para desenvolver a colonização o governo português incentivou a imigração de açorianos  para a área do Maranhão em 1620, a exemplo do que já havia acontecido na região de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Como em todas outras áreas, os colonos logo tentaram a plantação de cana para a produção de açúcar. Os índios foram utilizados como mão de obra mas a produção foi pequena durante todo o séc. XVII. 

Invasão Holandesa


Em 1641, os holandeses de Maurício de Nassau, que já comandavam Pernambuco, invadiram a cidade. Chegaram pelo porto do Desterro, saquearam a igreja e só foram vencidos três anos depois. Preocupado com o isolamento geográfico e os constantes ataques à região, o governo colonial decidiu então fundar o Estado do Maranhão e Grão Pará, independente do resto do país e reforçar a presença administrativa.

3. - A divisão do Brasil


Com um território tão vasto para administrar e reconhecendo as dificuldades de comunicação e integração da época entre o governo geral do Brasil em Salvador com a região norte, Portugal decide em 1621, dividir o Brasil em duas regiões; O estado do Brasil e o estado do Maranhão que abrangia toda a região norte acima da capitania Maranhense. São Luís foi eleita como a melhor localização para sediar a capital do estado. Em 1645 o estado passou a ser estado do Maranhão e Grão Pará. Em 1751 a capital dos dois estados mudou brevemente para Belém. Em 1772 a Coroa passou a ter os estados do Grão Pará e Rio Negro, Maranhão e Piauí, e Brasil. Somente em 1811 o Brasil passa a ser um estado colonial unificado  com os demais.

4 - Ordens Religiosas e Igrejas em São Luís


4.1 Capuchinhos


Os primeiros padres a virem para São Luís foram os frades da ordem dos Capuchinhos que vieram juntos com os franceses em 1612. A Ordem dos frades menores capuchinhos é um movimento franciscano reformista iniciado em 1525 na Itália. Inicialmente eles foram considerados apóstatas pelo documento papal de 1526 mas logo depois receberam autorização para viverem de forma eremítica nos arredores de Camerino. 


4.2 Jesuítas



historia de são luís
Os jesuítas vieram para o  Brasil  acompanhando o Governador geral Tomé de Souza em 1539. Os padres jesuítas Manoel da Nóbrega e Padre José de Anchieta, logo se destacaram pela sua tenacidade na defesa dos índios, na catequese dos índios e na fundação de escolas e seminários em todo o país. Em São Luís, Os jesuítas chegaram junto com a força luso-espanhola que reconquistou a cidade em 1615. OS padres Manuel Gomes e Diogo Nunes ficaram na região por dois anos e meio realizando trabalhos de evangelização mas sem formar missão. Somente em 1622 Luiz Figueira e Benedito Amodei, chegam  a São Luís para fixar residência. No início eles encontraram bastante resistência dos colonos que tinham receio que as práticas jesuítas em favor dos índios dificultasse a escravização dos índios para as suas iniciativas de colonização. Nesse mesmo ano o colégio e a igreja da Companhia de Jesus foi erguida sobre a ermida construída por capuchinhos franceses. 

Missões - Em 1636, os jesuítas iniciaram suas tentativas de instalação de missão na região do Grão Pará. Entretanto, apenas em 1643 um grupo de 11 missionários partiu para empreender a tarefa, mas ainda sem lograr exito. Somente em 1652 a Missão do Maranhão foi reativada com o envio do Padre Antonio Vieira que se encontrava em Portugal. A vinda do Padre Antonio Vieira revitalizou o projeto das Missões da Companhia na região norte.

Padre Antonio Vieira  - Um dos mais brilhantes oradores do Brasil, o padre Antonio Vieira nasceu em Portugal em 1608 e veio para o Brasil ainda criança em 1614. Ingressou na companhia de jesus como noviço em maio de 1623 e ordenou-se sacerdote em 1634, após ter estudado Teologia, Metafísica, Lógica e Matemática além de obter um mestrado em Artes e ter ensinado Retórica em Olinda. Defensor fervoroso dos índios e dos judeus, caiu em desgraça com a instalação da inquisição. Retornou a Portugal em 1641 e após uma vitoriosa carreira diplomática voltou ao Brasil no período de 1652 a 1661, dessa vez como missionário no Maranhão e Grão Pará. Em 1654 proferiu em São Luís o famoso "Sermão de Santo Antonio aos Peixes". Padre Antonio Vieira, Padre Manuel da Nóbrega e Padre José de Anchieta são os mais célebres jesuítas na história do Brasil. Conhecidos por suas posições na defesa dos índios, Padre Antônio Vieira dos três se sobressai no campo literário, pois a sua relevância para a prosa portuguesa se equipara a de Camões para o verso. 

     4.2.1 - Igreja do Desterro

igreja do desterro - São Luís
Igreja do Desterro
A Igreja mais antiga de São Luís é a Igreja do Desterro.  A sua primeira construção foi realizada em  1618 a partir de uma antiga ermida dos primeiros tempos de colonização. 

Quando houve a invasão holandesa em 1641, a igreja foi saqueada pelo exército comandado por Koin Anderson, que levou peças sacras de ouro e prata. A igreja foi então reconstruída

Em 1832 após a igreja cair por terra mais uma vez, o negro José Lé decide reconstruí-la com seus próprios recursos. Ele foi ajudado por doações de moradores.


A Igreja do Desterro é uma das poucas no Brasil a ainda ter traços da arquitetura bizantina. O seu interior abriga um pequeno museu de artes sacras. Como ela está novamente passando por reformas, não está sendo permitida visitas.  


4.2.2 - Igreja de Santo Antônio


Quando chegaram os primeiros frades capuchinhos franceses em 1612, eles construíram o convento de São Francisco. Nesse lugar, em 1624 foi construída uma capela pelo frade franciscano Frei Cristovão de Lisboa, que vindo de Pernambuco encontrou em ruínas o antigo convento. Foi nessa capela que o Padre Antonio Vieira fazia as suas pregações e aqui ele proclamou o celebre sermão dos peixes. Quando a Igreja de Santo Antonio foi construída os franciscanos doaram a capela a irmandade de Bom Jesus dos Navegantes. Ela tem o estilo Manuelino com duas torres pequenas. Posteriormente, os Jesuítas ergueram no local o convento de Santo Antonio.

igreja de Santo Antonio - São Luís
Igreja de Santo Antônio - Mês de Junho

historia de são luis - imagem de Santo Antônio
Imagem de Sto. Antônio

4.2.3 - A Igreja da Sé / Catedral de São Luís 


Entre 1619 e 1622 foi construída pelo capitão Diogo Machado de Carvalho a pequena Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em homenagem a proteção de Nossa Senhora na batalha de Guaxenduba, onde os portugueses derrotaram os franceses. Quase setenta anos depois, os jesuítas iniciaram a construção em local próximo, da Igreja e do Colégio de Nossa Senhora da Luz. O projeto da Igreja foi feito pelo Padre Luxemburgês Felipe Bertendorf e aprovado por Roma. A Igreja foi consruída com mão do obra indígena e concluída em 1699.  Em 1761, após a expulsão dos jesuítas do Brasil, ficou determinado os seus bens passariam para a Fazenda Nacional, e que o colégio e a Igreja seriam transformados no Paço Episcopal e Catedral de São Luís. A antiga  igreja construída por Diogo de Carvalho estava então bastante deteriorada e foi demolida em 1763. A nova Igreja passou também a ser conhecida como Igreja da Sé e Igreja de Nossa Senhora da Vitória. 

igreja da Sé - São Luís
Igreja da Sé e Palácio Episcopal, foto historiacomgosto

4.3 Carmelitas


Os primeiros frades carmelitas  vieram para o Brasil em 1580, acompanhando a expedição de Frutuoso Barbosa que tinha como objetivo fundar uma colonia  na Capitania da Paraíba. A tentativa de colonização fracassou devido a fortes tempestades que dispersaram os navios. Frutuoso Barbosa voltou para Portugal mas os frades carmelitas ficaram em Olinda onde três anos depois já iniciavam a fundação de conventos. Os frades carmelitas frei Cosme da Anunciação e frei  André da Natividade chegaram a São Luís também em 1615 acompanhando a força portuguesa para a luta contra os franceses. Com a vitória dos portugueses eles receberam um terreno onde em 1616 fundaram o primeiro convento. Em 1627 é decidida a construção do novo convento no mesmo onde está atualmente. Outros conventos fundados pela ordem no norte foram os de Belém do Pará(1624), Gurupá (1639) e  Alcântara (1647). Desde 1894 o convento de São Luís é administrado pelos frades capuchinhos. 

 4.3.1 - Igreja do Carmo

igreja do carmo - São Luís
Igreja do Carmo

Foi construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em 1627. Foi comprada pelos padres capuchinhos em 1894. Foi marco histórico da luta contra os holandeses e é parte integrante do Convento do Carmo.



4.4 - Igreja de Nossa Senhora dos Remédios


Atualmente uma das mais bonitas e conservadas Igreja de São Luís, a Igreja dos Remédios foi construída em 1719 inicialmente como uma pequena capela. Em 1775 a igreja foi melhorada e passou ao longo do tempo por várias reformas. A sua construção atual é de 1860 e segue o estilo gótico estilizado.



4.5 - Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Construída por iniciativa da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, com a ajuda de devotos de toda parte.




 Em 1772 a igreja foi restaurada, e mais tarde seu altar-mor recebeu a imagem de sua santa padroeira. Suas paredes laterais são revestidas por azulejos que formam belíssimos painéis.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

5 - Influência Portuguesa na arquitetura colonial


Como os franceses ficaram apenas três anos em São Luís, foi dos portugueses que a cidade herdou toda a sua herança cultural. O casario colonial retrata o auge vivido pela cidade no período do século XVIII ao século XIX, quando São Luís era uma das cidades mais importantes do país e um grande exportador de algodão e açúcar. 

Colonizadores portugueses e seus descendentes reproduziam nos solares e casarões o estilo arquitetônico colonial europeu. Na cidade dos azulejos, como São Luís também é conhecida, os colonizadores utilizaram o revestimento nas fachadas, como forma de amenizar o calor e evitar a umidade. Uma idéia funcional que também agregou charme e beleza, e se tornou marca característica das construções coloniais maranhenses.


casaario antigo - história de São Luís
Escadaria maranhense, foto historiacomgosto


A área de casarões históricos de São Luís ocupa 250 hectares e envolve três mil e quinhentas construções. A beleza e a importância histórica deste acervo arquitetônico foram reconhecidas em 1997, pela Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (UNESCO), que concedeu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.



No Centro Histórico de São Luís, encontra-se  84 tipos de azulejos entre novos e antigos e de origem portuguesa, francesa, alemã e inglesa. Foram também mapeados azulejos antigos que revestem fachadas, interiores de alguns imóveis e outros independentes.


casario antigo - historia de São Luís


6 - A Independência do Brasil


A independência do Brasil teve o grande mérito de manter o país unido entretanto ao contrário do que parece a adesão de todas as províncias não foi imediata e sem resistência. No caso particular das províncias do norte, Maranhão, Piauí e Grão Pará, a relação direta dessas regiões com o governo português e a presença mais independente dos colonizadores portugueses fez com que inicialmente essas regiões se recusassem a reconhecer a independência e se mantivessem fiel à coroa. 

Entretanto, enquanto os partidários de Portugal contavam com reforços militares enviados de Lisboa, o império contava com ajuda da Inglaterra para o fornecimento de armamentos, empréstimos em dinheiro e fornecimento de militares experientes como o Lord Cochrane. 

A Junta de Governo de São Luís recu­sou-se a reconhecer o Império e mobilizou as tropas lusas estacionadas na província. A ação dos populares mara­nhenses e a chegada de Cochrane abateram o ânimo dos portugueses e a província se integrou ao Império, em 26 de julho de 1823.

7 - Os Ciclos de desenvolvimento de São Luís


No início de sua colonização, São Luís enfrentou a baixa produtividade da mão de obra indígena na lavoura de cana de açúcar e no trabalho do engenho. Esse fator aliado a distância dos maiores produtores como Pernambuco, Bahia e São Paulo fez com que São Luís ficasse por um tempo afastado das grandes rotas comerciais.

A criação da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, em 1682, integrou a região ao grande sistema comercial mantido por Portugal. As plantações de cana, cacau e tabaco eram agora voltadas para exportação, tornando viável a compra de escravos africanos. A Companhia, de gestão privada, passou a administrar os negócios na região em substituição à Câmara Municipal. O alto preço fixado para produtos importados e discordâncias quanto ao modelo de produção, geraram conflitos nas elites que culminaram na Revolta de Beckman, considerada a primeira insurreição da colônia contra Portugal. O movimento foi prontamente reprimido pelas forças governistas. 

Entre o  final do século XVIII e meados do século XIX, São Luís viveu um período de grande ebulição na produção algodoeira causado pela quebra de produção americana devido à guerra   civil que dividia o páis, e ao aumento da demanda por parte da indústria textil inglesa. 

No século XIX São Luís havia se tornado a quarta maior cidade do brasil e abrigava a terceira maior população negra do país.

Com o fim da guerra americana e o arrefecimento do consumo europeu de algodão, São Luís entrou em um período de decadência que duraria até meados do século XX, quando a sua vocação portuária começaria novamente a alavancar a economia da região. A construção do Porto de Itaqui foi  então o grande diferencial de São Luís.

São Luís responde por metade do Produto interno Bruto do território da Estrada de Ferro Carajás. Em 2004, quando o PIB dessa região somou R$ 11 bilhões 540 milhões, a cidade participou com R$ 5,8 bilhões. O valor correspondia a 50,4 % do PIB do território da Estrada de ferro Carajás. Exportações de minério e ferro gusa, serviços associados, comércio e administração pública são as atividades econômicas mais importantes da capital. (fonte: Fundação Vale)


 Setores da Economia no PIB    1999                      2004

Agropecuária 0,4% 0,2%
Indústria 37,2% 41,2%
Serviços 48,6% 44,2%
Administração Pública 13,8% 14,4%

8 - São Luís atual


Palácio dos Leões - sede do Governo do Estado
Sede da Prefeitura

8.1 - Centro


Ponte que liga a ilha ao continente vista da igreja dos Remédios


8.2 - As Praias de São Luís


As praias de São luís são caracterizadas por uma grande variação entre a maré baixa e maré alta, produzindo imensas faixas de areia no litoral. As praias urbanas são as de São Marcos, Calhau e Olho d'água;


Praia de São Marcos, foto historiacomgosto



Praia de Olho Dágua, foto historiacomgosto


9 - Folclore Maranhense e Patrimônio Cultural


São Luís mantém no seu folclore toda a herança cultural do período colonial, retratando as relações entre patrões e escravos, cultos africanos proibidos, mitos indígenas, ...,. Associado a tudo isso temos também uma terra rica de escritores como Gonçalves Dias, Graça Aranha e outros. Mais recentemente a tradição musical do Reggae, vinda das terras jamaicanas,  encontrou em São Luís a sua sede no Brasil. É de São Luís o famoso conjunto Tribo de Jah.


9.1 - Tambor de Crioula

Dança de origem africana em homenagem a São Benedito. A animação é feita com uma toada puxada por um dos homens e com o resto dos participantes fazendo o coro. 

Tambor de Crioula
O canto é livre e a base de improvisos simples. A música é marcada pelo som dos tambores que são bastante rústicos. A coreografia é baseada em uma roda com o convite e a entrada de uma ou  duas das mulheres ao  centro para fazer a evolução.  As mulheres usam saia rodada de estampa colorida e os homens calça escura e camisa estampada. 


9.2 - Cacuriá 


O Cacuriá é uma dança típica do maranhão e bastante difundida nas festas juninas. A dança é feita em pares com formação em círculo. Inicialmente a música era feita apenas com tambores, mas hoje apresenta violão, banjo e flautas. A dança dos pares é uma dança sensual derivada do carimbó. O grupo mais famoso é o Cacuriá de Dona Tetê, que é considerada a criadora do ritmo.
Cacuriá

9.3 - Bumba meu Boi

O enredo  do Bumba-meu-Boi se baseia em uma história envolvendo um Coronel, um casal  de escravos, e mitos indígenas. 
Numa fazenda de gado, o escravo Pai Francisco mata um boi de estimação de seu senhor para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catarina, que quer comer língua. Quando descobre o sumiço do animal, o senhor fica furioso e, após investigar entre seus escravos e índios, descobre o autor do crime e obriga Pai Francisco a trazer o boi de volta. Curandeiros são convocados para salvar o boi e, quando este ressuscita urrando, o escravo é perdoado e  todos participam de uma enorme festa para comemorar o milagre.

Grupo de Bumba meu Boi


10 - Dicas Úteis


10.1 - Como ir

A Gol e a Tam levam de São Paulo e Rio de Janeiro em vôos diretos com duração de 3 horas e 30 min. 

10.2 - Onde ficar

São Luís tem excelentes hotéis nos mais variados padrões. A escolha normalmente gira em torno de hotéis na região da Praia de São Marcos, ou existe ainda opção no centro próximo a catedral da Sé. 

10.3 - Onde comer

SENAC - No centro recomendamos o restaurante do SENAC que tem boa qualidade e bom preço;

Cabana do Sol - Avenida Litorânea. Ambiente grande, e bem frequentado, a Cabana do Sol tem como carro chefe os pratos de carne de sol. Eles podem ser baseados em filé, picanha ou alcatra. São bem servido e servem até quatro pessoas embora o sabor perca um pouco da tipicidade da carne de sol nordestina. 

10.4 - O que fazer

Locais de visitação:

a) Centro histórico
b) Igreja da Sé, Igreja do Carmo, Igreja de Nsa. Sra dos Remédios, Convento das Mercês.
c) Teatro Municipal
d) Palácio do Governo 
e) Praias de Olho dágua


terça-feira, 21 de maio de 2013

História de Salvador - Primeira Capital do Brasil

I - Tomé de Souza e a Localização Estratégica de Salvador


historia de salvador, vista da baia de todos os santos
Baía de Todos os Santos - Segunda maior baía do mundo e maior do Brasil

Mesmo após a adoção por Portugal do sistema de capitanias hereditárias, o Brasil continuou a ser fortemente assediado pelos navios da França e Holanda, as quais  não concordavam com a repartição do mundo entre Espanha e Portugal,  oficializado no tratado de Tordesilhas e chancelado pelo Vaticano. 

Visando proteger os seus interesses o rei de Portugal, Dom João III, decidiu centralizar a decisões da nova Terra nas mãos de um único homem  criando o posto de governador geral do Brasil. Para desempenhar essa missão ele enviou o fidalgo Tomé de Souza, acompanhado de cerca de 1.000 pessoas,  entre elas 600 soldados, um médico, alguns farmacêuticos e 06 missionários jesuítas. O sistema de divisão de terras em capitanias e sesmarias foi mantido e a principal missão de Tomé de Souza era incentivar a urbanização em pontos estratégicos do Brasil, bem como proteger militarmente o território das invasões estrangeiras.  

a) Localização estratégica

Primeira habitação

A baía de todos os santos foi descoberta em 01 de novembro de 1501, pela primeira expedição exploradora após o descobrimento de Pedro Álvares Cabral. Com a adoção do sistema de capitanias hereditárias, o lote da capitania da Baía  foi doado a Francisco Pereira Coutinho em 1534. Dois anos depois, quando o donatário chegou ao local para tomar posse, já existia  na baía de todos os santos, uma pequena comunidade de europeus. Nela se destacava Diogo Alves do Santos (O Caramuru), degredado alguns anos antes  e  que havia casado com Paraguaçu, a filha de um cacique tupinambá. Paraguaçú inclusive, já havia adotado o nome católico de Catarina e tinha com Diogo muitos filhos.

Vila do Pereira 

Com auxílio dos moradores existentes e com a intervenção pacificadora de Caramuru, Francisco Coutinho fundou a povoação de Vila do Pereira, nas imediações da ladeira da  Barra.  Durante um período de paz de quase dez anos, estabeleceu-se na região a  cultura da cana de açúcar com vários engenhos sendo edificados. A paz durou até 1545, quando um violento ataque desferido pelos tupinambás, forçou os portugueses a se refugiarem na capitania vizinha de Porto Seguro. Após uma negociação de paz, em 1547,  os colonos naufragaram durante uma tempestade em frente a ilha de Itaparica  quando retornavam a Vila do Pereira. Os sobreviventes foram capturados e devorados pelos índios, e entre eles se encontrava o donatário Francisco Coutinho. Diante dessa tragédia, a Coroa Portuguesa adquiriu dos herdeiros em 1548, as terras da capitania, para implantar nelas o Governo Geral da colônia. 

Cidade de São Salvador

Em 29 de março de 1549, chega pela ponta da barra a comitiva de Tomé de Souza que veio com  ordens expressas do rei, para fundar no local uma cidade fortaleza chamada de São Salvador. Além da preocupação com as invasões estrangeiras, Tomé de Souza era conhecedor da grande belicosidade de algumas tribos indígenas da região. Por essas razões decidiu-se pela edificação de Salvador na parte alta, onde havia paredões de até 80 metros de altura. Ele construiu-a completamente cercada por muralhas, e com canhões direcionados para o mar. 


Mapa de Salavador, google maps


II - Linha de Defesa


A linha de defesa de Salvador foi sendo montada ao longo do tempo e consistia principalmente de quatro fortes: Dois fortes localizados na Barra (Sto. Antonio e Santa Maria), um forte marítimo (São Marcelo) localizado em frente a cidade alta, e outro forte na extremidade direita localizada na praia da Boa Viagem (Forte de Monte Serrat).

a) Forte de Santo Antonio da Barra


historia de salvador, forte sto.antonio da barra
Torre de Vigia do Forte Sto. Antonio da Barra
entrada do farol e forte de Sto. Antonio da Barra, Salvador
Vista da entrada do Forte e Farol de Sto. Antonio da Barra


O mais importante dos fortes, foi ampliado e ganhou a forma atual entre 1694 e 1702, pois anteriormente possuía forma de hexágono semelhante ao forte Monte Serrat. Em 1698 havia uma lanterna de bronze envidraçada, alimentada por óleo de baleia, que funcionava como um farol. Essa farol, considerado o mais antigo do Brasil, foi substituido em 1832 pelo sistema atual de fabricação inglesa. Desde 1998 funciona no local o Museu Náutico da Bahia.


b) Forte de Santa Maria

historia de salvador
Forte de Santa Maria - Barra


O forte de Santa Maria contava com oito canhões e fazia parte do comando unificado de defesa que durou até 1695. Hoje no local está a sede da Sociedade Amigos da Marinha. 




c) Forte de São Marcelo
Esse forte está construído sobre um banco de areia a 300 metros da costa, diante da parte mais antiga do porto da cidade. Ele foi finalizado em 1728 e passou por algumas reformas em 1812. No século XVIII, existiam ali 54 peças de artilharia. 

Historia de Salvador, forte de São Marcelo
Forte Marítimo de São Marcelo


d) Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat e Igreja de Monte Serrat

A primeira construção desse forte se deu entre 1583 e 1587, com reformas em 1602 e em 1654, quando adquiriu a forma atual. Ele era chamado inicialmente de Forte de São Felipe. Foi no século XVIII que ele adquiriu a denominação atual de Forte de Monte Serrat. Consta que esse forte foi tomado pelos holandeses em 1624 e 1638, e pelos rebeldes da revolta da Sabinada em 1837.


historia de salvador, Forte de Monte Serrat
Forte de Monte Serrat
historia de salvador, primeira capital do brasil, igreja de monte Serrat
Igreja de Monte Serrat


A construção da igreja se deu na mesma época, inicialmente com uma capelinha a pedido da família Garcia Dávila. Entre 1609 e 1658, a capela passou para os monges Beneditinos  que construíram uma igreja que logo se tornou objeto de culto de pescadores e navegantes  da região. A igreja ficou famosa por ter em seu interior uma das esculturas mais famosas do Brasil, o "São Pedro arrependido", de 1640, autoria de frei Agostinho da Piedade. Com a degradação da igreja, em torno de 1960, a  escultura foi transferida para o mosteiro de São Bento no centro.


III - O Desenvolvimento Econômico 


a) O Ciclo do Açúcar


O açúcar foi introduzido no Brasil por Martim Afonso de Sousa em 1532, na sua capitania de São Vicente. Ele foi também o proprietário do primeiro engenho erguido no país. Com a chegada dos donatários a cultura açucareira adquiriu um importante impulso no Brasil. Duarte Coelho na sua capitania de Pernambuco foi um dos primeiros a implantar com sucesso a nova cultura devido às características favoráveis do solo pernambucano. Na Bahia, os primeiros engenhos foram erguidos ainda no período de Francisco Pereira Coutinho nas localizações de Pirajá e Santo Amaro da Purificação. No século XVII, o açúcar já era o produto mais exportado pela colônia, e no final desse século a Bahia era a maior província exportadora.

Como a compra dos equipamentos dos engenhos, o plantio da cana, a alocação e sustento da mão de obra escrava,  requeria uma soma de dinheiro que nem sempre os proprietários das terras tinham, entraram em cena as companhias holandesas, financiando os equipamentos e produção, adquirindo o produto,  e fazendo a sua distribuição na Europa ficando com a maior parte dos lucros.

O açúcar contraditoriamente, ao mesmo tempo que impulsionou economicamente a colônia, foi responsável por algumas mazelas que se entranharam no nosso país, tais como a devastação das matas, a escravização indígena em larga escala, o tráfico negreiro, os latifúndios, e a monocultura, entre outros.

b) Os Governadores do Brasil

Tomé de Souza - 1549 a 1553


Historia de Salvador - Tome de Souza
Tomé de Souza
Homem sério que aliava a cultura ao conhecimento militar, Tomé de Souza deu cabo das seguintes tarefas:

- Trouxe e implantou o Regimento de 17 de dezembro de 1548, com orientações precisas sobre a organização do poder público - fazenda, justiça, defesa, fundação de uma capital - e sobre termas relevantes como as relações com os indígenas e sua catequese, e o estímulo às atividades agrícolas e comerciais. 
- Ajudou a implantar o primeiro bispado do Brasil.
- Trouxe os padres Jesuítas, Manoel da Nóbrega, e outros cinco, e assistiu a fundação em Salvador do primeiro colégio do Brasil.
- Fez várias inspeções na Costa e aconselhou o rei a fundar uma cidade no Rio de Janeiro.


Duarte da Costa - 1553 a 1557


Sem muito zelo pela administração e pelo comportamento dos colonos, a administração de Duarte da Costa deixou muito a desejar: 

- Trouxe com ele 250 pessoas, entre elas o padre José de Anchieta. 
- Combateu tribos indígenas no interior da Bahia  
- No seu período houve a fundação do Colégio Jesuíta de São Paulo por José de Anchieta e Manuel da Nóbrega.
- Teve atrito com o Bispo Sardinha, que partiu de regresso a Portugal para denunciá-lo ao rei. O Bispo naufragou e foi  aprisionado e morto por canibalismo pelos índios caetés.
- Os franceses invadiram a baía da guanabara em 1555 e o mesmo por se alegar sem recursos, não fez nenhuma reação.



Mem de Sá - 1557 a 1572

Historia de Salvador - governador Mem de Sá
Mem de Sá
Mem de Sá era homem das leis e conhecedor da arte da guerra. Chegou ao Brasil já com a idade de 58 anos e suas realizações foram:
- Pacificou os colonos revoltados com os desmandos do governo anterior de Duarte Coelho.
- Estabeleceu a pacificação com os Tamoios obtidas por Manuel da Nobrega e José de Anchieta.
- Incentivou a produção açucareira
- Fundou  a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1565.
- Expulsou os franceses da Baía da Guanabara em 1567.
- Decretou lei que protegia da escravidão os indígenas cate-quisados.
- Combateu ao antropafagismo.


IV - O Centro Histórico


a) Terreiro de Jesus


Historia de Salvador - Terreiro de Jesus
Terreiro de Jesus em  1908 - autor desconhecido - Wikimedia -


A área administrativa, as igrejas, colégios e residências, ficavam todas na cidade alta, na localidade chamada de Terreiro de Jesus, por causa da Igreja e Colégio dos Jesuítas. Em seguida as residências foram se fixando mais na área contígua hoje chamada de "pelourinho". 

b) O Pelourinho


O termo "pelourinho" significa coluna de pedra onde se castigam criminosos ou escravos. Em Salvador é a região alta, contígua ao "terreiro de Jesus", onde Tomé de Souza instalou inicialmente a cidade, protegendo-a com a barreira natural de até 80 m. 


Historia de Salvador, Bahia, Pelourinho
Pelourinho


Com o tempo o crescimento da cidade se deu em direção fora do centro histórico, o que deixou o pelourinho abandonado durante um certo tempo. Somente com a declaração do pelourinho e todo o centro histórico, como patrimônio cultural da humanidade, é que as casas passaram por um processo de restauração e o lugar foi iluminado e protegido por segurança policial, tornando-se um centro cultural e de artesanatos locais. 


c) Museu Jorge Amado


Localizado no pelourinho o museu relembra todos os títulos e países em que foram editados os romances do escritor, bem como todos os prêmios por ele recebidos.


Historia de Salvador - museu de Jorge Amado
Museu Jorge Amado (casarão azul)
Historia de Salvador - capas de livros de Jorge Amado
interior do Museu - capas de livros

V - Principais Igrejas, Conventos e Irmandades 


a) Igrejas do Carmo (Convento do Carmo e Igreja da Ordem Terceira)


Os carmelitas se estabeleceram em Salvador em 1586 na porta norte da cidade em uma região conhecida como Monte Calvário. Em 1592 os frades ganharam a capelinha onde moravam e também uma  outra casa maior de outro devoto. Novas doações permitiram a construção de um modesto convento e a ampliação da igreja. Duas invasões holandesas aconteceram, uma entre 1624 e 1625, e a outra em 1638, o que interrompeu as obras de ampliação do convento. Nessas invasões o convento foi usado como o quartel general das tropas que derrotaram os holandeses. Após a guerra o prestígio da ordem  na cidade cresceu fazendo que aumentasse em muito as doações para a construção do convento e da Igreja. 

Historia de Salvador - Igrejas do Carmo - ordem 1a e 3a
Igreja Ordem 1a(esq) e Ordem 3a(direita)

Igreja do Carmo (esquerda)
No interior da igreja, onde predomina o estilo neoclássico, o destaque é para  o conjunto do sacrário e frontão do altar, ambos de prata. O conjunto igreja e convento foi um dos mais atingidos pela ação do tempo  e cupim. Atualmente eles foram recuperados estando a igreja aberta a visitação, e no local do Convento hoje funciona o Hotel Pestana (5 estrelas).



Igreja da Ordem Terceira do Carmo
A ordem terceira do Carmo foi criada em 1636 e o seu primeiro prior foi o Governador Geral, Pedro da Silva. A entidade era submetida ao rigoroso estatuto dos seus monitores espirituais, os frades carmelitas (ordem primeira) con-forme tradição de Portugal. Eles decidiram erguer sua própria igreja em 1644. O terreno foi doado pelos irmãos carmelitas  ao lado da igreja do convento, mas como se situava em um barranco, houve a necessidade de reforço extra nas estruturas. A igreja ficou pronta antes do final do século XVII.

Historia de Salvador - escultura do Senhor Morto, igreja 3a do Carmo
Escultura do Senhor Morto
As obras artísticas principais do templo foram feitas por Francisco das Chagas, O Cabra. Ele foi contratado em 1758 para esculpir as três imagens de Cristo, entre as quais, "O Senhor Morto". No contrato havia uma cláusula curiosa de devolução do dinheiro pelo artista, caso os contratantes não gostassem de resultado. Consta que o resultado foi tão apreciado que os contratantes pagaram um gratificação extra pela obra. Ele fez depois uma quarta escultura "Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços"

As quatro esculturas foram das poucas que escaparam do incêndio que destruiu a igreja em 21/03/1788.

Elas escaparam porque era véspera de sexta-feira santa e elas estavam sendo preparadas em outro local para a procissão do dia seguinte.

A reconstrução foi iniciada no mesmo ano mas de uma forma lenta, o que levou a igreja a ser reaberta sem a sua fachada estar pronta em 1803. A fachada somente seria concluida 52 anos depois.


b) Igrejas de São Francisco (Ordem Primeira e Ordem Terceira)


Igreja de São Francisco, Salvador
Igreja de São Francisco - Vista externa
historia de salvador
Interior da Igreja de São Francisco

Considerada uma dos mais marcantes exemplos da arquitetura barroca no Brasil, a Igreja de São Francisco em Salvador, junto com o convento anexo, é um excelente retrato do período onde Salvador era a capital do Brasil. A parte interna da igreja toda revestida de talha dourada, os painéis de azulejo que revestem as paredes de parte da igreja e do convento, e a profusão exuberante de formas arabescas, chamam a atenção pela sua grandiosidade. É um contraste que não se sabe explicar até hoje, com o próprio lema da ordem, que são os votos de pobreza.

Os primeiros franciscanos chegaram em Salvador em 1587 e instalaram-se em casinhas pequenas, anexas a uma pobre capela dedicada a São Francisco, no local onde hoje está a portaria do Convento. Em 1590, os franciscanos começaram a construção de um pequeno convento. Com o aumento da comunidade franciscana, em 1686 foi lançada a primeira pedra do convento atual. Em 1708 foi colocada a pedra fundamental da Igreja de São Francisco. A Igreja foi inaugurada em 1713 mas a construção  foi concluída em 1723 e processo de decoração durou até 1750;
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco


A ordem terceira de São Francisco foi fundada em 1635 pela nata da sociedade baiana, oficiais militares, altos funcionários do governo e comerciantes. A construção da igreja somente foi iniciada em 1702, ao lado da igreja da ordem primeira. Nesse ano os irmãos do convento se preocupavam em construir um novo convento em substituição ao primitivo do final do século XVI. O destaque da Igreja é a sua fenomenal fachada, esculpida em pedra arenito com simbologia barroca.
historia de salvador
 Igreja São Francisco - Ordem Terceira

c) Igreja dos Dominicanos


Os leigos dominicanos se consituiram no Brasil antes da chegada dos frades e irmãs. Desde 1700, se constituiu em Salvador uma confraria de leigos da Ordem Terceira, que continua viva e atuante com uma bela igreja dedicada a São Domingos, no Terreiro de Jesus, bem no centro da capital baiana. Os religiosos dominicanos chegaram ao Brasil há pouco mais de cem anos.


Igreja de São Domingo, ordem terceira, Historia de Salvador
Vista externa da Igreja da Ordem terceira de São Domingos
vista interna igreja São Domingos, Salvador
Vista interna da Igreja


d) Catedral Basílica (antiga Igreja dos Jesuítas)


Uma  construção com muitas características europeias, é uma excelente criação do mundo lusitano do século XVII. Quarto edifício construído no local pelos Jesuítas em cinquenta anos, ele não guarda nenhuma semelhança com a primeira igreja de paredes de taipa e cobertura de palha, levantada pelo grupo de Jesuítas, liderados por  Manuel da Nóbrega, que desembarcou junto com Tomé de Souza em 1549. A construção da edificação atual se iniciou em 1604 e terminou quase cem anos depois. O revestimento interno e o da fachada são em pedra lioz trazida de Portugal. No espaço interno se destacam a abóbada de berço,  e o retábulo lateral do século XVI. A capela mor e a sacristia também são consideradas obras de arte.



Historia de Salvador, Vista da Catedral Basilica
Catedral Basílica


d) Igreja Conceição da Praia

Construída também em pedra lioz, a igreja foi pré-fabricada em Portugal, a partir de 1736, e somente foi concluída na primeira metade do século XIX. O custo foi um dos maiores de todas as igrejas baianas.

 As peças de cantaria, que embelezam a fachada foram transportadas como lastro das caravelas, em incontáveis viagens pelo Atlântico.

Esses blocos eram todos numerados para orientar os construtores em Salvador. Antes dessa construção definitiva, a capelinha da Conceição foi uma das mais antigas da cidade remontando à fundação de Salvador.

Historia de Salvador, Igreja de Nossa Senhora de Conceição da Praia
Igreja de Nossa Senhora de Conceição da Praia

O Papa João Paulo II, quando esteve em Salvador em outubro de 1991, fez questão de rezar o Angelus na capela-mor da Igreja de Nossa Senhora de Conceição da Praia.

e) Igreja de Nosso Senhor do Bonfim


O Senhor do Bonfim, segundo a tradição católica, é uma figuração de Jesus Cristo  em que ele é venerado na visão de sua morte. A Igreja de Nosso Senhor do Bonfim é o maior centro de devoção religiosa de Salvador, embora ele não seja o padroeiro da Bahia nem de Salvador. A padroeira da Bahia é Nossa Senhora da Conceição, e o padroeiro de Salvador é São Francisco Xavier.

Em 1744, mudou-se para Salvador, após aposentar-se, o capitão de mar-e-guerra português, Theodósio Rodrigues de Freitas. No ano seguinte ele trouxe de Setúbal, a imagem do Senhor do Bonfim, que ele mandara esculpir em razão de uma promessa feita durante forte tempestade. 

A promessa era que em caso de sua sobrevivência, ele traria para o Brasil a imagem da sua devoção. Ela foi abrigada inicialmente na Igreja da Penha até a finalização da construção da parte interna da Igreja do Bonfim, que aconteceu em 1754.

Igreja do Senhor do Bonfim, Historia de Salvador
Exterior da Igreja com seus degraus
interior da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Historia de Salvador, Bahia
Interior da Igreja do Senhor do Bonfim



O exterior apresenta uma parte da fachada com dois andares, sendo o segundo totalmente revestido de azulejos portugueses que datam de 1873. O interior neoclássico atual (século XIX), substituiu o barroco original e foi feito então um novo altar-mor e as imagens de quatro nichos.

A lavagem da Igreja teve início em 1773, quando os integrantes da "irmandade dos devotos leigos" obrigaram os escravos a lavarem a Igreja como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim, no segundo domingo de janeiro, depois do Dia de Reis.

 Com o tempo, adeptos do candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá. A Arquidiocese de Salvador, então, proibiu a lavagem da parte interna do templo e transferiu o ritual para as escadarias.  Durante a lavagem as portas de Igreja permanecem fechadas. As baianas despejam água nos degraus ao som de toques e cânticos africanos.

VI - Influências Étnicas


Escravidão  

Com a implantação dos engenhos de açúcar, os portugueses precisavam de mão de obra para fazer o serviço pesado da plantação, colheita e trabalhar nas moendas e fornos. Logo constataram que os indígenas não suportavam esse regime de trabalho. Também, com as constantes guerras, e a catequização jesuítica, era cada vez mais difícil o aprisionamento de índios. Os portugueses recorreram então ao tráfico de escravos da África para o Brasil, sendo Salvador o principal ponto de partida e chegada dos desumanos navios  negreiros. 

Tratados de maneira desumana, mal alimentados e frequentemente espancados, os escravos foram forçados também a adotarem a religião e os costumes portugueses. Muitas vezes para fugir a proibição, os escravos adotavam santos católicos como representação de suas divindades, o que deu origem ao sincretismo religioso existente principalmente na Bahia. 

Salvador é a cidade com maior número de descendentes africanos do mundo, sendo eles principalmente de origem Iorubá, vindo da Nigéria, Togo, Benin e Gana. No Brasil, Salvador é o centro da cultura afro-brasileira.


VII - Elevador Lacerda



elevador Lacerda, Salvador, Bahia
Elevador Lacerda

Desde a fundação da cidade, em 1549, o deslocamento de cargas, mercadorias e pessoas, entre a cidade alta, com sedes administrativas e residências, e a área portuária, onde chegavam os navios, se apresentava como um problema. Os jesuítas, no século XVII antes da invasão holandesa, já haviam montado um guindaste, apelidado "Guindaste dos Padres", onde hoje se encontra o plano inclinado "Gonçalves", para transportar materiais para construção/ampliação de seus conventos. Várias outras ordens religiosas também fizeram o mesmo. 

Em 1869, o empresário baiano Antônio de Lacerda e o engenheiro Augusto Frederico, seu irmão, começaram a construção do Elevador Hidráulico da Conceição, que foi inaugurado em 1873 e também ficou conhecido como Elevador do Parafuso. A partir de 1896, passou a se chamar Elevador Lacerda, em homenagem aos seus criadores. Na época, além de ser o mais alto, era também o primeiro elevador público do mundo. Com a chegada da eletricidade, o mecanismo hidráulico foi substituído por um elétrico, em 1906.
foto antiga do elevador Lacerda, Salvador
Elevador Lacerda

VIII - Mercado Modelo e Segundo Distrito Naval

Mercado Modelo
Mercado Modelo
O Mercado Modelo é, atualmente, um mercado de artesanato que reúne uma grande variedade de artigos como bonecos(as) de barro, instrumentos musicais típicos como berimbau e padeiro, além de rendas  e temperos diversos. No passado, em seu porão -  que atualmente é aberto a visitação - ficavam os escravos vindos da África enquanto aguardavam serem leiloados. O porão é repleto de placas de concreto com cerca de 30 centímetros de altura do chão, para que o turista possa ali passear mesmo quando a maré está cheia.

Salvador - quartel dos fuzileiros navais
Segundo Distrito Naval / Capitania dos Portos ao fundo


IX - Praias de Ondina / Pituba


praia de Ondina, Salvador, bahia
               Hotéis na Praia de Ondina
praia de Ondina, Salvador, Bahia     Esculturas no calçadão da praia de Ondina


As praias urbanas de Salvador, apesar de bonitas, não são apropriadas para o banho, devido a sua caracterpistica de mar aberto. A exceção fica para a praia da barra que tem uma pequena enseada. 


X - Salvador atual


Nos dias de hoje, Salvador é a terceira maior cidade do Brasil, com cerca de 2,5 milhões de habitantes. Salvador cresceu muito, mas junto com o crescimento permanece a desigualdade social. Na cidade convivem bairros com excelentes indicadores de IDH, comparáveis com a Noruega,  com outros de indicadores piores que a Africa do Sul, Guiné e Tajiquistão.

historia de salvador
Bairros em torno da rodovia principal de escoamento
historia de salvador
condomínios de apartamentos e escritórios 
Salvador - rodovia de acesso ao aeroporto
rodovia de acesso aeroporto x centro
metrô de superfície, Salvador, Bahia
Visão do metrô de superfícíe que corta Salvador 


Estadio da Fonte Nova, Historia de Salvador, Bahia
Estádio da Fonte Nova - Localização bastante central

Com a copa do mundo foi construído um novo estádio de futebol e o governo prometeu finalizar o sistema de metrô de superfície que vai melhorar muito o tempo de deslocamento da população.

XI - Culinária de Salvador


Acarajé, Vatapá, Caruru, Bobó de Camarão, Peixada à Baiana, são os pratos mais característicos da culinária baiana. A maioria deles tem a influencia africana e todos utilizam também bastante azeite de dendê como seu tempero principal.

Receita de Acarajé copiado do site www.cadernetadereceitas.com/acaraje

Modo de preparo


Escolha o feijão. Coloque em um processador e deixe pulsar rapidamente para que se quebrem levemente. Cuidado para não triturar os feijões em excesso. Deve-se somente quebrá-los grosseiramente, pois essa operação ajuda na retirada das cascas. Colocar os feijões em uma tigela e cobrir com água fria. Deixar de molho por cerca de 1 hora, esfregando regularmente com as mãos para que as casquinhas dos feijões se soltem e subam a superfície. Vá escorrendo a água para eliminar as casquinhas. Completar com mais água e deixar novamente de molho, até conseguir eliminar totalmente as cascas. Escorrer bem, eliminar a água e colocar os feijões novamente em um processador. Acrescentar a cebola picada grosseiramente, colocar 1 colher (chá) de sal e uma pitada de pimenta-do-reino branca. Bater até obter uma massa cremosa, porém consistente. Se necessário, acrescentar um pouquinho de água. Colocar cerca de 1/2 litro de azeite de dendê em uma panela pequena. Esquentar. Colocar a massa do acarajé novamente em uma tigela e bater bem com uma colher de pau para aerar a massa. Vá fritando o acarajé ás colheradas, dois a dois no máximo. Fritar até que estejam bem dourados. atenção para não fritar em óleo muito quente pois podem ficar crus no centro. servir os acarajés recheando com vatapá, molho vinagrete e outras guarnições.


acarajé bahiano, historia de Salvador, Bahia
Acarajé - cadernetadereceitas.com/acaraje


Ingredientes:
- 01 quilo de feijão fradinho
- azeite de dendê para fritura
- pimenta do reino
- 01 cebola média
- sal








Para receita baiana de bobó de camarão visite https://cadernetadereceitas.com/bobo-de-camarao/

XII - Referências


1. - Eles formaram o Brasil - Fabio Pestana Ramos e Marcus Vinícius de Morais
2. - Basílicas e Capelinhas - Biaggio Talento e Helenita Holanda
3. - Caderno de Viagem "Salvador" - Pablo de la Riestra
4. - Wikipedia - Baía de todos os santos / Salvador
5. - Brasil: Uma História - Eduardo Bueno
6. - Caderneta de Receitas - www.cadernetadereceitas.com.br