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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Parque Nacional de Banff, Canadá - Um dos lugares mais bonitos do mundo

I - Parque Nacional de Banff - Beleza a perder de vista.


parque nacional de Banff, Canadá
Parque Nacional de Banff, foto historiacomgosto


O Parque Nacional de Banff, no Canadá, é considerado um dos lugares mais bonitos do mundo. Ele é constituído de parques com montanhas, lagos, pinheiros, animais silvestres e uma preservação exemplar. O parque constiuido por uma área de 6.641 km2 tem uma das estradas mais belas do planeta. A Icefields parkway. 
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É um parque tanto para quem gosta de esquiar e o visita no inverno, como para quem gosta de trilhas, canoagem, ou apenas acampar e passear pelas belas áreas. No segundo caso, a visita é no verão.


II - As famosas Rock Mountains


As montanhas rochosas são uma fantástica formação que se estende do México ao Canadá.  A sua formação se iniciou a cerca de 150 milhões de anos atrás, quando a placa tectônica do pacífico se moveu para o leste, juntando-se a rocha derretida da placa norte americana e formou a cordilheira ocidental. Durante várias glaciações ao longo de milhões de anos, a cordilheira foi sofrendo erosão e os sedimentos foram se acumulando na costa leste da cordilheira. Mais recentemente, há cerca de 50 milhões de anos, a placa do pacífico continuou a se mover forçando a cordilheira para leste, comprimindo as rochas sedimentares e levando-as a formar então as Montanhas Rochosas. (Guia Visual Folha).




foto dos campos, estradas e lagos no parque foto de lago com montanhas ao fundo


foto de pinheiros com montanha ao fundo

Os quatro parques das Montanhas Rochosas: Nas montanhas rochosas encontram-se quatro parques, Banff, Yoho, Jasper e Kootenay. O mais famosos deles é o de Banff, mas todos ficam razoavelmente perto e a escolha de como explorá-los depende muito do tempo disponível. Para um período de quatro a cinco dias aconselhamos concentrar os passeios na região de Banff que é a mais visitada. Em 1984, os quatro parques foram declarados patrimônios culturais da humanidade pela UNESCO


Mapa resumido da região mostrando o trecho de Banff a Jasper
Mapa resumido da região encontrado em Explorerockies.com
De Banff até Jasper a distância é de 291 Km. Para ver mais detalhes da estrada e das atrações da região você pode ter acesso ao seguinte link:

https://www.canadianrockies.net/wp-content/uploads/2009/02/banff-national-park.pdf


III - A chegada em Calgary


foto da cidade de CalgaryA chegada nas montanhas rochosas pode ser feita por várias maneiras. Uma delas é  tomar um Trem a partir de Montreal / Toronto. A opção mais prática é tomar o Avião para Vancouver, Edmonton ou Calgary. Calgary é o ponto mais perto para se iniciar o passeio por Banff. Os vôos vindo de NYC ou Toronto tem a seguinte duração:
- De Toronto para Calgary os voos levam cerca de 04 horas .

- De NYC para Calgary a distancia é de 3259 km. Os vôos normalmente incluem uma parada e demoram em torno de 07 horas. Em ambos os casos a passagem custa cerca de US$ 200,00.


Calgary já foi sede de Olimpiada de Inverno e portanto é uma região muito tradicional para a prática de ski. Além disso, hoje em dia é uma cidade industrial impulsionada pela industria de petróleo. 

Calgary tem bons hotéis e são relativamente baratos. A nossa recomendação é  chegar cedo, alugar um carro no aeroporto e ir direto para Banff. A distância é de cerca de 120 km levando cerca de 1,5 h.

IV - A sede de Banff


O parque nacional de Banff cobre uma área de 6.641 km2 e tem algumas das mais belas paisagens do Canadá. As montanhas rochosas canadenses, que estão distribuidas ao longo do parque, são locais de habitação de várias formas de vida selvagem e também de glaciares, lagos e rios. Banff foi o primeiro parque nacional do Canadá e foi fundado em 1885.  

A vila de Banff  conta com apenas 4 Km2 e sua população em 2007 era de 8.721 pessoas

Férias em Banff

Um grande número de famílias canadenses costuma pegar um Motorhome e passar as férias em Banff explorando as várias opções de lagos e caminhadas.

Para quem não vai de Motorhome, Banff tem excelentes opções de hotel na sua vila. Extremamente charmosa e com restaurantes maravilhosos é um lugar perfeito para se esquecer das pressões da vida diária.



rua do centro da charmosa vila de Banff com as montanhas ao fundo
centro da Vila - www.independentbanff.com
















Hotéis:

Uma ótima opção na Vila de Banff é o Caribou Lodgge Hotel. Sem ser luxuoso, é bem confortável, e por ser costruído em madeira tem todo o charme da região. 

foto do Caribou Lodge Hotel no centro da vila de Banff
Caribou Lodge Hotel


















Banff Spring Hotel

Não deixe de visitar o Banff Spring Hotel. É o cartão postal da cidade. No inverno, ele está coberto de neve e no verão e primavera, seus jardins maravilhosos estão cheios de flores.
foto aérea do cinematográfico Banf Spring Hotel
Banfspringshotel.net





















Gondolas de Banff e Montanha Sulfurosa


O primeiro passeio da região é a visita à Montanha Sulfurosa. As gondolas de Banff transportam os visitantes para uma altura de 2.281 m acima do nivel do mar em cerca de 08 minutos.  Chegando ao topo,  temos uma visão aberta de 360 graus para todo o cenário das montanhas rochosas. Na cúpula, três terraços de observação oferecem visões incríveis das montanhas, lagos e trilhas.



foto de gôndolas / teleférico nas montanhas sulfurosas, essa com vista para o vale azulado com o céu  e as montanhas foto do teleférico da montanha sulfurosa com vista pra a vegetação de pinheiros



Lagos nos arredores de Banff


- Lake Louise

Formado há cerca de 10.000 anos, no final do último período de glaciação, o Lake Louise tem águas de uma cor azul bem acentuada. Essa cor provém do déposito de sedimentos glaciais, conhecidos como pó de rocha, que ficam suspensos logo abaixo da superfície. 

foto do lake louise com suas águas verde esmeralda


Além de sua beleza natural, o Lake Louise também é conhecido  pelo imponente hotel "Chateau Lake Louise" que está localizado em uma de suas margens. Tomar um chá ou sorvete na sua cafeteria é um programa imperdível no final de tarde.

- Peyto Lake

Um pouco mais adiante de Lake Louise está o mirante de Peyto Lake. Após cerca de 15 min da caminhada nos deparamos com a bela vista das águas azuis do Peyto Lake. 


foto do Peyto Lake do alto da montanha vendo o lago esverdeado abaixo
Peyto lake, foto historiacomgosto

É visível também a diminuição da área ocupada pelas águas ano após ano. Como o lago é formado pelo degelo das águas das montanhas vê-se claramente o efeito do aquecimento.

- Moraine Lake

Menos famoso que o Lake Louise, mas nem por isso menos bonito, o Lago Moraine tem características semelhantes. Existem muitas trilhas saindo do lago e nas suas margens pode-se encontrar alojamento e canoas para alugar. A canoagem aqui é um dos pontos altos do passeio. 


foto do Lago Morraine com pessoas na borda foto do Lago Morraine mostrando apenas a água de cor  esmeralda

foto do Lago Morraine tirada de dentro do kaique mostrando a água esverdeada e as montanhas ao fundo
Morraine lake, foto historiacomgosto


V - As estradas dentro do parque


No parque de Banff, estando parado ou se locomovendo de um lago a outro, é difícil decidir qual paisagem é mais bonita. Sempre margeando lagos e com visões das montanhas rochosas o cenário é sempre magnifico.


foto da estrada no verão com os pinheiros esverdeados foto da estrada com pinheiroe e as montanhas rochosas ao fundo

foto da icefield parkway com pinheiros do lado, um lago esmeralda na frente e as montanhas rochosas ao fundo
Icefields Parkway, foto historiacomgosto


A Icefields Parkway que atravessa o parque e faz a ligação com o parque de Jasper é em si uma própria atração. Ela foi construída na década de 1930, durante o período da depressão econômica, como forma de gerar empregos. Ela foi projetada como uma estrada voltada para a apreciação da natureza e foi um pouco expandida para o traçado atual em 1960.


VI - A opção de Jasper


Jasper é o maior dos quatro parques da região, com 10.878 Km2,  e também o que tem o relevo mais acidentado.

O caminho de Banff  para Jasper, é pela "Icefields parkway" que como o nome antecipa, praticamente congela no inverno. Entretanto, ao mesmo tempo que se torna um pouco perigosa, ela  é também considerada uma das estradas mais belas  do mundo. Jasper é uma das maiores estação de esqui do canadá e como tal bastante frequentada no inverno.

 A Columbia icefield que se estende entre os parques de Banff e Jasper forma a maior área coberta por gelo das montanhas Rochosas com cerca de 325 km2 de extensão. 

 No verão, ao contrário da região de Banff,  a estrada e a cidade de Jasper não tem o mesmo charme, mas para quem quer ter uma aventura completa, custa pouco dar essa esticada.

Mapa da estação de esqui de Jasper


mapa com as pistas de esqui das montanhas de Jasper
Jasper no inverno - www.skiingjasper.com

estação de teleférico no alto da ontanha de Jasper
Mesmo sem neve, no verão, quem for a Jasper deve fazer o passeio de gondola até o topo da montanha para se ter uma visão de toda a área. Você pode também ter a sensação de estar chegando perto do Alaska. Afinal de contas são apenas mais 3.000 km para a região mais gelada do planeta com poucos lugares habitados nessa região.





No caminho entre Banff  e Jasper você ainda tem as seguintes atrações:

Geleira de Columbia Icefields


A geleira de Columbia Icefields  localiza-se na fronteira dos parques de Banff e Jasper. Ela é uma das maióres acumulações de gelo e neve ao sul do Círculo Àrtico e abrange uma área aproximada de 325 Km2 e chegando a profundidades que variam de 300 a 360 metros. O acúmulo contínuo de neve alimenta oito geleiras incluindo a de Athabasca que é visível da estrada Icefield Parkway. Passeios em transportes especiais (Icefield Explorer) são disponíveis e com durações variáveis. Mais detalhes podem ser obtidos diretamente 
Aqui01

foto dos ônibus que fazem a visitação para as geleiras no caminho de Jasper a Banff


Athasbaska Falls


                          Queda de água em correderia no Athasbaska falls


VII - Vida Animal nos parques



foto de alces andando pelos parques de Jasper


Não é somente "propaganda". No parque existem ursos, alces, veados e outros bichos soltos vivendo em seu habitat natural. Portanto, não é recomendável andar sozinho por lugares mais desertos,  pois podemos cruzar com esses animais. Quando estamos dirigindo carro ou motorhome, podemos ver os animais cruzando a pista em algum local das estradas. Com cuidado é um atrativo adicional.



VIII - Referências:


Canadá: Guia Visual da Folha de São Paulo
Orgão Oficial de Turismo em Banff -  https://www.banfflakelouise.com/
Página de Turismo do Canadá
Mapas da Regiãohttps://www.canadianrockies.net/wp-content/uploads/2009/02/banff-national-park.pdf
Google Maps
Reserva de Hotéis - https://www.booking.com
Dicas independentes de Banff - https://www.tripadvisor.com.br/Tourism-g154911-Banff_Banff_National_Park_Alberta-Vacations.html



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sete Povos das Missões

I - As Missões Jesuíticas no sul do Brasil


Não se pode estudar a história do Brasil ou os modelos sociais de vida em comunidade, em qualquer lugar do mundo, sem se deter para estudar o modelo implantado nas Reduções Jesuíticas  no período entre 1550 e 1750. Durante esse tempo, cerca de um milhão de indígenas, de alguma forma viveram sob a orientação espiritual dos Padres Jesuítas. Além da  convivência fraterna, trabalho comunitário, e divisão de bens, eles viveram a experiencia da evangelização, o aprendizado de artes e ofício, e a prática da agricultura e pecuária entre outros. Entretanto, essa experiencia humanística se chocou diretamente com os objetivos imediatos dos colonizadores. Esses, almejavam o enriquecimento com a exploração das riquezas da nova terra e suportado pelo trabalho escravo dos indígenas. E como sempre,  a corda arrebentou do lado mais fraco.


igreja de sao miguel das missoes
Igreja de São Miguel das Missões, foto historiacomgosto


Os Povos Guaranis                    


A partir de um processo de migração iniciado na região amazônica e na região litorânea do atlântico, os povos guaranis ocuparam vasto território nas regiões contíguas da bacia do Prata.

No início do século XVI, época dos primeiros contatos, a população guarani provavelmente chegava ao número de 1.500.000 a 2.000.000 de pessoas. Em 1537, Gonzalo de Mendonça chegou ao Paraguai pelo atual território do sul do Brasil e, em seu retorno, fez contato com um grupo guarani, fundando Assunção que, séculos depois, se tornaria a capital do Paraguai.

Na medida em que avançavam continente adentro, as expedições de conquista espanholas encontraram diferentes populações guaranis em territórios aos quais os espanhóis passaram a chamar de províncias.  Essas províncias abarcavam uma vasta área, que ia da costa ao sul da cidade de São Vicente, no Brasil, até a margem direita do Rio Paraguai e desde o sul do Rio Paranapanema e do grande Pantanalou lagoa dos Xaraies,até as Ilhas do Delta junto da atual cidade de Buenos Aires. (fonte Wikipedia)

Para o povo guarani o solo era sagrado. Ele era considerado uma transformação de seus antepassados, que ao morrerem se convertiam em terra. Essa apego, era um dos principais obstáculos encontrados pelos jesuítas, ao procurarem convencer numerosas tribos dispersas a se reunirem em um mesma redução.



indios guaranis dançando
                           foto do site www.tp1.com.br, portal de noticias do sudoeste de MS

Os guaranis como filhos da natureza não se preocupavam com o dia de amanhã. Eles não eram dotados de espírito criativo. Caracterizavam-se por uma certa irresponsabilidade e volubilidade. O povo guarani é descrito como um povo guerreiro, antropófago, em casos de vitória bélica e de vingança e, apesar disso, prendado, de índole dócil e acolhedora. A imolação de um guerreiro valente e hostil era revestida de um sinistro e monstruoso ritual. (ref:Dom Estanislau Krautz)

Existiam  muitos escritores e poderosos que afirmavam que esses indígenas não eram pessoas humanas. O Papa Paulo III, em 1537, mediante a Bula Apostólica, Veritas Ipsa, interveio com firmeza em favor da humanidade dos povos indígenas.


O modelo reducional

Existem opiniões divergentes quanto a origem do modelo de organização reducional. Alguns historiadores como Serafim Leite se fundamentam nas experiências das aldeias brasileiras, enquanto que os seguidores de Pablo Hernandez recorrem às doutrinas espanholas implantadas em Juli, no Peru. Rabuske argumenta que o modelo inicial das reduções se inspirou nas doutrinas de Juli e que se orientou pelas diretrizes emanadas dos concílios limenses, que definiram a organização eclesiástica da América  espanhola.

No Brasil a catequese missionária se iniciou no período da colonização, primeiramente com os franciscanos que faziam o agrupamento em aldeias com a finalidade de fixar os ensinamentos e posteriormente com os jesuítas que tinham também a preocupação de proteger os índios do avanço das Bandeiras. Logicamente que a catequese nas colônias seguia o ideal de evangelização mas tinha que atender também os interesses e diretrizes dos reinos aos quais estavam ligados. Foi assim que  no Paraguay o modelo de agrupamento Missionário foi fortemente incentivado, devido a preocupação dos espanhóis de conter os avanços portugueses. Ele se iniciou em Assunção e logo se espalhou  para as regiões do Rio Grande do Sul e Paraná que na época pertenciam ao Governo Espanhol. No Brasil, a caça aos índios para que trabalhassem como escravos foi fortemente aumentada no período das bandeiras.

maquete modelo das reduções
maquete do modelo das reduções 

II - Reduções - Primeiro Ciclo (1609 a 1641)


No Paraguai, os franciscanos foram os primeiros organizadores de evangelizações coletivas, no periodo entre 1580 e 1615. Eles fundaram quatorze povos, e acompanhavam dez aldeias, em fase prévia de constituir-se em reduções. Frei Bolanos e Frei Alonso Buonaventura permaneceram na área até 1589, quando lhes sucederam os padres Ortegas e Fields vindos da província Jesuitica no Brasil.

No Brasil, os jesuítas vinham formando Aldeamentos de indígenas, com o objetivo de evangelização, desde 1549

Desde o início, apesar de na região espanhola haver uma legislação contrária, ocorria violento choque entre a corrente humanitária, representada pelos missionários indigenistas, e a corrente mercantilista dos escravagistas colonizadores portugueses e espanhóis.

II.1 - Padre Roque Gonzalez  


quadro do padre roque gonzalez segurando uma pequena cruz
Padre Roque Gonzalez
Padre Roque Gonzalez, nasceu em Assunção, Paraguai em 1576, filho de Bartolomeu Gonzalez e Maria de Santa Cruz. Desde a infância, Roque sentia-se chamado ao sacerdócio. Desejava ser missionário entre os indígenas. Em torno de 1598 foi ordenado presbítero. Em 1609 pediu permissão para entrar na Companhia de Jesus, a fim de poder dedicar toda sua vida à missão entre os índios. Após trabalhar com os belicosos guaicurus que ameaçavam destruir Assunção, em 1611 partiu para o sul do Paraguai, a um povo em formação: Santo Inácio Guaçu. Obteve preciosas informações com os padres franciscanos frei Bolanos e frei Alonso.

Padre Roque valorizou as sementes do evangelho já presentes nas tradições culturais dos guaranis tais como vida e índole comunitária, usufruto coletivo de todos os bens, trabalho conjunto,  uso da língua indígena e adoração de Tupã, um único Deus. Preservou o caráter místico, lúdico e festivo da religião: o ritual, danças, encenações, festas, procissões, competições qe enchiam os dias as semanas e o ano todo, muito mais que os antigos rituais noturnos nas aldeias e florestas.

Empenhou-se incansavelmente pela superação do vício da embriaguez, tanto em voga entre os indígenas. Estimulou a introdução ao trabalho em grupo, implantou também o cultivo de artes e ofícios.

Por sua ação sistemática e persistente Padre Roque consolidou o sistema reducional. Transformou Santo Inácio Guaçu em redução modelo de todas as reduções jesuíticas.

II.2 - Primeiras Reduções


Na primeira etapa histórica, as reduções começaram a expandir-se em quatro áreas geográficas:


- Bacia do rio Paraná
- Região do Guaíra entre os rios Paraná e Paranapanema
- Terra dos Intantines
- Bacia do Rio Uruguai

cruz missioneira na missão de são miguel
Cruz Missioneira

A partir de 1619 o Padre Roque foi incumbido pelo seu superior de fundar novas reduções na bacia do Uruguai. Em 08/12/1619 fundou a redução de Nossa Senhora da Conceição (Concepcion de la Sierra). No dia 03 de maio de 1626, após várias tentativas de exploração e  muita negociação com o cacique local, Padre Roque teve a graça de implantar a cruz missioneira no atual Rio Grande do Sul.



Fundou a redução de São Nicolau. Aí celebrou a primeira missa registrada nesse estado. Em 1627 partiu para organizar o povo de Nossa senhora da Candelária, á margem esquerda do rio Ijuí. 

No mesmo ano fundou a redução de São Francisco Xavier nas proximidades da atual cidade de São Borja. Depois de outras fundações, no dia 01 de novembro de 1628, Padre Roque acompanhado pelos Padres   Afonso Rodrigues, instalou sua derradeira redução, em Caaró. Dedicou-a a "Todos os Santos". 

No dia 15/11 de 1628 o Padre Roque foi impiedosamente massacrado por indígenas não cristãos, emissários do poderoso cacique Nheçu. Com esse protomártir tombou também o Padre Alfonso Rodrigues. Dois dias mais tarde foi trucidado com requintes de crueldade, o Padre João Castilho em Assunção do Ijuí. 

Os primeiros mártires da igreja no Brasil são os Padres Roque, Afonso e João. Eles foram beatificados por Pio XI em 28/01/34  e canonizados por João Paulo II em 16/05/1998. Prodigiosamente, a relíquia do coração de São Roque está preservada até os dias de hoje. Está guardada na Igreja do Cristo Rei no colégio Jesuíta em Assunção. (ref: Dom Estanislau)

II.3 - As Missões Jesuítas no Guairá


As primeiras missões Jesuítas na atual área do Brasil foram localizadas no  Paraná, a beira do Rio Paranapanema.

No início dos anos de 1600, os portugueses  aproveitando-se do período da "união dinástica aeque principaliter" entre Portugal e Espanha, atravessavam a linha de Tordesilhas tanto em busca de ouro como de escravos, para as plantações de cana de açúcar da Capitania de São Vicente. Os índios guaranis por sua vez usaram a região do Guayrá, que era muito densa em florestas e selvas, para fugirem dos comerciantes de escravos portugueses e também dos "encomendeiros" do Paraguai.

mapa das missões jesuítas no Guairá
                                             Fonte: Wikipedia - autor gráfico: Breno Klamas

Em 1558, passaram a explorar o Guayrá, os padres jesuítas Manuel Ortega e Thomas Fields, que eram conhecedores da lingua Tupi, semelhante ao Guarani, pois já haviam missionado anteriormente no Brasil, mas logo depois os jesuítas foram direcionados às áreas mais remotas de Assunção.

Somente em 1608,  o governador do Paraguai, Hernando Arias de Saavedra, recebeu ordens do rei para direcionar os jesuítas para o Paraná, Guayrá e para a região dos Guaicirus. 
Em 1610, os padres jesuítas José Cataldino e Simon Mazet fundaram as primeiras reduções. A de Nuestra Señora de Loreto nas margens do Paranapanema, e San Ignácio Mini,  na área chamada Itambaracá.
Em 1612 chagaram ao Guayrá os padres Antonio Ruyz de Montoya e Antonio de Moranta. Em 1622, Ruiz de Montoya foi nomeado Superior da missão de Guayrá. 
No período entre 1622 e 1628, os jesuítas fundaram mais de onze reduções no Guayrá.

II.4 - Confronto com Bandeirantes e retirada dos povos indígenas



quadro do bandeirante Domingos Jorge velho com uma arma na mão
Domingos Jorge Velho
A partir de 1627 começaram os ataques bandeirantes em busca de indígenas. Inicialmente  fora das reduções, e a partir de 1629, eles começaram  a atacar também as reduções do Guairá. Em 1628, os Bandeirantes Antônio Raposo Tavares e Manoel Preto construíram um forte na margem esquerda do Tibagi.

Em 1631, os indígenas que sobreviveram aos constantes ataques, ficaram concentrados nas duas únicas reduções restantes intactas (Loreto e San Ignacio Mini). P
ara fugir à caçada dos Bandeirantes, os cerca de 12 mil indígenas e 700 embarcações, foram conduzidos pelo padre Antonio Ruyz de Montoya,  rio abaixo pelo Paranapanema e, em seguida, pelo Paraná. 

Perto das Sete Quedas, "encomenderos" da Ciudad Real tentaram impedir a expedição. Os índios passaram as quedas por terra e jogaram na água suas embarcações, perdendo a maioria delas. Ali se uniram a eles cerca de 2000 Guaranis provenientes das reduções de Tayaoba guiados pelo Padre Pedro Espinosa. Após grandes dificuldades e divididos em grupos que avançaram por terra e pelo rio, conseguiram atingir as reduções de Natividad del Acaray y Santa María del Iguazú, onde receberam ajuda para continuar pelo o Paraná Em março de 1632 refundaram San Ignacio Mini e Nossa Senhora do Loreto nas margens do córrego Yabebyry.  Apenas 4.000 Guaranis conseguiram, chegar. Essa fuga, uma das maiores da história, ficou conhecida como "Êxodo Guayrenho".

Os Bandeirantes atacaram em 1631 e 1632 a Ciudad Real del Ciudad Guayrá e Villa Rica do Espírito Santo. Em 1632 conquistaram a Villa Rica e finalmente em 1638 a Ciudad Real Guayrá foi arrasada terminando com o domínio espanhol no Guayrá.


O avanço sistemático dos Bandeirantes pelo leste e a passividade das autoridades espanholas - pois tentavam evitar conflitos dentro da “união dinástica aeque principaliter” – obrigou os espanhóis do Guayrá a recuar para a margem direita do rio Paraná.  (ref: Wikipedia)

II.5 - Batalha do Mbororé


Em 1640, o próprio Papa Urbano VIII decretou a excomunhão dos caçadores de índios. O documento que formalizava a condenação foi trazido pelo Padre Diáz Tano.

Uma Bandeira enorme foi preparada em São Paulo para resgatar prisioneiros de ataques anteriores e vingá-los com a destruição total das missões. No entanto, um jesuíta, padre Diaz Tano, que estava no Rio de Janeiro por esse tempo, sabedor da bandeira, mandou emissário dar notícia dela aos missioneiros. Assim tiveram os padres das Missões tempo para se fortificarem.

Para enfrentar os Bandeirantes preparou-se um exército de 4.000 índios armados. A bandeira se compunha de trezentos portugueses e dois mil e quinhentos índios infiéis, frecheiros. O comandante da Bandeira era Jerônimo Pedroso de Barros. Os paulistas faziam vasta presa de índios pelo caminho.

Após um combate feroz, em 28 de março de 1641, os bandeirantes se puseram em fuga pelas matas e serras íngremes da região. Os bandeirantes, na fuga, tiveram que enfrentar o ataque de tigres, falta de alimentos e todo tipo de doenças tropicais das florestas.

Posteriormente, até os anos de 1650, todas as outras novas tentativas de ataque dos bandeirantes foram rechaçadas.

II.6 - O fim do primeiro ciclo missioneiro


Com os ataques dos bandeirantes, e a destruição quase completa das Missões do Guaíra (Paraná), Tape (Rio Grande do Sul) e Itatim (Mato Grosso do Sul) o sonho das missões se desvaneceu com a triste constatação do genocídio praticado contra os povos indígenas.  Houve uma dispersão generalizada e sobreviveram praticamente a população indígena da área missioneira da bacia do Paraná e de Corrientes, na Argentina. Em 1647 os números dos índios reduzidos apontam para  em torno de vinte e oito mil e setecentos.

III - Segundo ciclo - O auge, "Os Trinta Povos" (1682 a 1767). 


Cerca de trinta anos depois da destruição das missões na região do Guaíra, Itatim e Tape, grupos de padres e irmão jesuítas se uniram para reavivar o projeto missioneiro. No fundo eles sonhavam em construir uma réplica das comunidades primitivas do início do Cristianismo onde tudo era partilhado. Esse foi o projeto de vida para as comunidades cristãs guaranis. Os trinta povos se sistuavam da seguinte forma:


mapa dos trinta povos das missões argentina, brasil e uruguai
 a) No Paraguai atual tivemos: Santo  Inácio-Guaçu, Cosme e Damião,  Trindade, Jesus, Santa Rosa, Encarnação;  São Tiago Apóstolo; Nossa Senhora da Fé.

 b) Na Argentina atual: Santo Inácio-mini,  Sant´Ana, Loreto, Candelária, Corpus  Christi, Conceição; São Carlos, São José,  Apóstolos, Santa Maria Maior; São Xavier,  Mártires; São Tomé; Santa Cruz e Japeju.


 c) No Rio Grande do Sul: São Francisco  de Borja, São Nicolau  Bispo, São Luiz  Gonzaga, São Lourenço  Mártir, São  Miguel Arcanjo, São João Batista e Santo  Angelo Custódio.




ruínas de são inácio mini
Ruínas de San Ignácio Mini - Argentina














I




V - O Tratado de Madrid



Portugal sempre quis ter o domínio das terras fronteiriças ao sul do Brasil. A Espanha por sua vez era incomodada pela posse por Portugal da colônia de Sacramento, por onde os portugueses faziam contrabando de mercadoria vindo da área espanhola sem pagar impostos ao governo espanhol. Por isso foi realizado um acordo entre os dois reinos realizando a troca da colonia de sacramento pelas áreas hoje correspondendo a santa catarina, rio grande do sul e parana. Esse tratado chamado de tratado de Madrid teve um profundo impacto na vida das missões e dos índios guaranis.


Os espanhóis que até então consideravam os índios guaranis como vassalos do Rei e eles próprios incentivaram as missões jesuíticas,  não souberam ou não quiseram, levar em conta o bem estar e sobrevivência do povo que muitas vezes tinham guerreado pela Espanha. Tratava-se na realidade de 15 padres e cerca de 30.000 índios que deveriam ser transladados.


Os portugueses por sua vez não davam proteção aos índios e não os consideravam como personagens importantes na história. O que os portugueses queriam era as terras, o gado que tinha sido introduzido pelos jesuítas e agora abundavam na região e por último ainda pensavam que havia minas de ouro por ali.


O ambiente político de Portugal - Marques de Pombal e os Jesuitas


quadro do Marquês de Pombal
Marquês de Pombal
O Marquês de Pombal após o terremoto que destruiu a cidade de Lisboa, adquiriu grandes poderes devido a sua atuação firme na organização da força tarefa de reconstrução da cidade. Devido a isso tornou-se o homem forte do Rei. Pombal, com uma visão de evolucionismo, decidiu que Portugal deveria se integrar aos movimentos que apareciam em toda Europa do Iluminismo. 

Entre outras coisas Pombal atribuiu a Igreja e aos Jesuítas a responsabilidade por Portugal ser atrasado pois ele dizia que a religião levava às trevas. Outro motivo para a perseguição de Pombal, era que na realidade os Jesuítas estavam fazendo um excelente trabalho de catequização e com influencia crescente entre os índios e com reputação mundial. Até se falava no Império (Reino)  Jesuíta nas Américas quando se referiam às Missões

Por isso Pombal passou a perseguir os Jesuítas e acabar com a ordem era sua obsessão. Após um atentado ao Rei, em que Pombal atribuiu-o  a influencia dos Jesuítas, ele convenceu o Monarca a expulsá-los de todo domínio português, inclusive o Brasil. No dia 16 de setembro de 1659 os inacianos foram expulsos de Portugal

O ambiente Político da Europa - Voltaire, Montesquieu


Um misto de admiração e revolta cercava o trabalho das missões nas Américas. De forma geral, o que os europeus queriam era caracterizar a superioridade do homem branco civilizado, e, ao mesmo tempo usufruir das riquezas das colonias usando para isso de qualquer método. Os europeus quiseram considerar os índios como não humanos, selvagens e escravos. A Evangelização patrocinada pelos reis na realidade servia aos propósitos colonialistas da coroa. Era mais fácil escravizar índios "pacificados" ou evangelizados, que índios selvagens e guerreiros. 

Quando os Jesuítas passaram a entender as perspectivas dos povos indígenas e dentro desse ambiente evangelizá-los, defendê-los e constituir povos trabalhadores e produtivos passaram a entrar em conflito direto com os colonos e os conquistadores. Voltaire no seu livro o Cândido ironiza as missões jesuíticas e sua organização se referenciando a todo o momento, aos modos bárbaros dos índios e criticando os jesuítas por defende-los dos ataques bárbaros dos bandeirantes e causando a morte de pessoas da sua mesma raça, para defender os selvagens.


Data e prazos do Tratado


Foi nesse ambiente, e sem que muita gente participasse, que em 13 de janeiro de 1750, os dois reinos assinaram o "Tratado de Madrid" transferindo a colonia de Sacramento para os espanhóis e toda a região do Tape incluindo a região onde estavam os sete povos, na margem direita do rio Uruguai, para o reino de Portugal.

Foi dado o prazo de seis meses para que os povos guaranis, que compunham  os sete povos, abandonassem toda a sua moradia e criação e se transferissem para o outro lado da margem onde começava o reino espanhol. Lembramos que a população das missões girava em torno de trinta mil índios e cerca de 15 padres.

V - Os Sete povos das Missões


Das trinta missões que faziam parte do complexo da bacia do prata, pelo Tratado de Madrid, sete passaram a fazer parte do território brasileiro e receberam a ordem do governo português de desocupação imediata das áreas habitadas e sua transferência para o lado do rio pertencente as terras da Espanha.

As sete missões na sua ordem de fundação foram:

a) São Francisco de Borja (1682) Pe. Francisco Garcia
b) São Nicolau (1687) - Pe. Roque Gonzalez de Santa Cruz(* 1626)
c) São Luiz Gonzaga (1687) Pe. Miguel fernandez
d) São Miguel Arcanjo (1687)* - Pe Cristovão de Mendoza (1632?)
e) São Lourenço Mártir (1690) - Pe Bernardo de La Vega
f) São João Batista (1697) - Pe. Antonio Sepp
g) Santo Ângelo Custódio (1706) - Pe. Diogo Haze

Das sete missões, o que resta para se ver hoje são as ruínas bem preservadas da São Miguel Arcanjo, as ruínas de São João Batista e a cidade de Santo Ângelo, com sua réplica da Igreja de São Miguel. Mostramos abaixo um pouco do estado atual:

V.1 - São Miguel Arcanjo


As ruínas mais importantes, relacionadas aos Sete Povos, são as de São Miguel Arcanjo. Declarada "Patrimônio da  Humanidade" pela Unesco, ela conserva praticamente intacta a parte frontal e os vão internos da Igreja, que era o ponto de referência da comunidade.

ruínas internas de São Miguel Arcanjo
Ruínas de São Miguel Arcanjo, foto HistoriacomGosto


cruz missioneira em frenta da igraja de são miguel das missões
cruz missioneira
fachada da igreja de são miguel das missões
igreja de São Miguel das Missões
interior da igreja de são miguel das missões
interior da Igreja de São Miguel

Como mostrado acima, o povo de São Miguel Arcanjo tem sua origem numa aldeia fundada ainda no primeiro ciclo, em 1632, pelo padre Cristóvão de Mendonza. Foram forçados a migrar para a margem direita do rio Uruguai. Em 1687, São Miguel não retornou para o local onde estivera anteriormente, mas para onde hoje se situa, na cidade de São Miguel das Missões. Esta redução se diferenciou das outras não somente administrativamente, mas pela rigidez do traçado imposto nas suas instalações. A igreja foi construída majestosamente como um símbolo de fé, poder e grandeza e, como tal, foi edificada para resistir inclusive ao fogo.

vista lateral interna da igreja de são miguel das missões
Vista lateral da Igreja
museu de são miguel com obras sacras do período missioneiro
Museu nas ruínas de São Miguel


Museu de São Miguel Arcanjo

Projetado por Lúcio Costa em 1938, o museu das missões foi construído por Lucas Mayerhofer, entre 1938 e 1940, quando também dirigiu as obras de estabilização da igreja. O museu abriga a coleção das imagens sacras do período missioneiro.

museu de são miguel externo - sete povos das missões
museu de São Miguel
esculturas no museu de são miguel - sete povos das missões
esculturas no museu de São Miguel



V.2 - São João Batista


missão de são joão batista
Missão de São João Batista, foto historiacomgosto




campo na missão de são joão batista A redução de  São João Batista foi fundada pelo padre jesuíta  Antônio Sepp em 1697. O padre Sepp era detentor de várias habilidades artísticas que passavam pela música, pintura, arquitetura e escultura. Além disso o padre Sepp era geólogo e minerador, tendo sido o pioneiro na fundição de ferro no sul do Brasil.

A redução de São João Batista fica no município de Entre-Ijuís a cerca de 40 km da Santo Ângelo. campo na área da missãode são joão batista


V.3 - Santo Ângelo


Catedral na cidade de Santo Ângelo
Catedral de Santo Ângelo, foto historiacomgosto


A Redução de Santo Ângelo, fundada em 1706, foi a última redução construída pelo ciclo missioneiro. Destruída na guerra guaranítica, hoje é uma cidade de referência no sul do estado. A sua Igreja Matriz mostrada na foto, foi construída em cima das ruínas da igreja anterior, e seguindo o projeto da Igreja de São Miguel das Missões;

Detalhe: Todas as igrejas das Missões são voltadas para o norte, com exceção da de Santo Ângelo que foi construída voltada  para o sul.



Interior do Museu de Santo Angelo referente aos sete povos das missões
Museu de Santo Ângelo , foto historiacomgosto


VI - A guerra guaranítica



Aos padres jesuítas foi cobrado o voto de obediência, e mesmo em desacordo e tendo tentado reverter a situação, eles foram obrigados a cumprir a ordem de mudança para o outro lado do rio. Apesar de no início, por respeito aos padres, os indígenas começassem a se movimentar, logo em São Nicolau começou o movimento de resistência e que se espalhou para todas as missões.  Para os índios guaranis essa ordem soava incompreensível por vários motivos:


a) Eles tinham feitos acordos com o reino da Espanha, tinham lutado por seu Reino e não entediam como as suas terras agora tinham sido trocadas com os portugueses sem eles serem consultados.


b) Para os Guaranis as terras eram um bem inegociável e portanto não podia ter dono. Além do mais, se um dono existisse, seriam as pessoas que a ocupavam e dela sobreviviam, no caso eles.

c) Os Guaranis tinham na sua cultura, que quando a pessoa morria ela se transformava em terra. Portanto ali estavam os seus antepassados e eles não queriam se afastar deles.

d) Evangelizados pelos padres, eles argumentavam que, se Deus os chamou da selva para as  Missões, o homem não podia os tirar dali. Deus não ia querer que eles saíssem.


estátua de Sepé Tiaraju
Estátua de Sepé Tiaraju
O trabalho de demarcação das fronteiras se iniciou em 1753. Os índios guaranis, tendo como um dos líderes Sepé Tiaraju, anunciam a sua decisão de não se retirar e impedem os trabalhos de demarcação das terras.  Sepé Tiaraju justifica a resistência ao tratado em nome do direito legítimo dos índios em permanecer nas suas terras. Ele comanda milhares de nativos até ser assassinado na Batalha de Caiboaté, em fevereiro de 1756. É dele a frase: "Esta terra tem dono".

Em resposta ao movimento dos índios de impedirem a demarcação das fronteiras, Portugal e Espanha se unem e mandam tropas para enfrentar os nativos.

A guerra se inicia em 1754, até que os dois exércitos, fortemente armados,  se juntam na fronteira com o Uruguai e dizimam os batalhões indígenas em maio de 1756, pondo fim a resistência guarani.

VII - O Povo Guarany, hoje, na área das Missões


Já em contato com o mundo moderno, hoje eles  não tem mais os vastos campos de onde tirar sua alimentação e sobrevivência. Colocados na civilização em que temos que disputar a nossa existência em função daquilo que podemos produzir, os Guaranis em nada lembram o povo glorioso que já foram. Vivem em uma área doada pelo governo do estado com aproximadamente 27 famílias e cerca de 200 habitantes, sendo a metade de crianças. Os Guaranis tem escola, pequeníssimas plantações, e praticam um artesanato precário, de onde tentam obter dinheiro na venda para as pessoas que visitam a Redução de Santo Ângelo. 


centro comunitário dos povos guaranis assentados ao redor de santo angelo
centro comunitario 
escola indígena dos povos guaranis assentados ao redor de santo angelo
escola indígena

familia com artesanato
familia com artesanato
forma de preparo do feijão para almoço nas casas do indígenas
forma de preparo do feijão


VIII - Filme - "A Missão"


Belíssimo filme inglês dirigido por Roland  Joffé e escrito por Robert Bolt. Com Jeremy Iron no papel do Padre Jesuíta, Irmão Gabriel, e Robert de Niro vivendo como Rodrigo Mendonza.

Resumo:O Padre Jesuíta Gabriel (Jeremy Irons) vai para a terra dos Guaranis, na América do Sul, com o propósito de converter os nativos ao Cristianismo. Com um trabalho árduo de catequese, ele constrói uma missão e aos poucos vai conquistando a confiança dos indígenas. Um dos "irmãos" que o auxilia nessa tarefa é Rodrigo Mendoza (Robert De Niro), um comerciante de escravos em busca de redenção. Nesse período é assinado um tratado que transfere o território das missões da Espanha  para Portugal envolvendo a colônia de Sacramento.  O governo português quer capturar os nativos para o trabalho escravo e dominar suas terras. Mendoza e Gabriel protegem a missão, discordando da realização da tarefa.


A trilha sonora também é belíssima e foi criada por Enio Morricone. Abaixo mostramos um trecho do filme com a música "Gabriel's Oboé";


O filme foi ganhador de vários prêmios como Oscar de melhor fotografia, Palma de Ouro no festival de Cannes, Globo de Ouro pela melhor trilha sonora, entre outros; 



                                            Trailler do filme A Missão - Youtube


IX - Informações Úteis


portal estrada das Missões
portal estrada das Missões
Como chegar


Para Visitar a área remanescente dos Sete Povos das Missões, deve-se ir a Santo Ângelo. Pode-se ir de carro, ônibus ou avião partindo de Porto Alégre. Os ônibus são várias vezes ao dia e o percurso é de aproximadamente 600 km. De avião temos um vôo diário da NHT saindo de Porto Alégre às 21:00 h e com uma duração de cerca de 2:30 h.


De Santo Angelo para São Miguel das Missões a distância é de 60 km com estrada asfaltada.


Vejam onde fica São Miguel das Missões



Exibir mapa ampliado


Hotéis: 

pousada em Santo Angelo perto de São Miguel das Missões
pousada 
São Miguel: Pousada das Missões (foto)

Ideal para quem quer visitar as Missões de São Miguel. Fica apenas a 100 metros da entrada das ruínas. É bom visitar as ruínas de dia, e voltar a noite para ver o show de "Som e Luzes". Imperdível.

Em frente das ruínas há um pequeno restaurante, simples mas correto, onde pode-se comer um saboroso peixe frito "Piava" do rio Uruguai.


X - Referências


Livros / Artigos:

- Missões Jesuíticas - Guaranis, Síntese Histórica - Dom Estanislau Amadeu Krautz

- Wikipedia - Missões Jesuíticas, Trinta Povos, Sete povos, Os Guaranis, Guerra M´bororé

- Brasil - Uma História - Eduardo Bueno

Filme: "A Missão" de Robert Joffé;  

foto com cena do filme as Missões onde o padre toca uma flauta
cena do filme