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quarta-feira, 27 de março de 2024

Arte e Fé - Quinta feira da Semana Santa, Ciclo B - Quadro de Tintoreto, "Jesus lavando os pés dos discípulos".

I. - Quinta feira Santa



A  Quinta-feira Santa relembra a última ceia que Jesus tomou com seus Apóstolos, em preparação à Páscoa. Durante a Ceia, Jesus surpreendeu a todos ao se levantar e lavar os pés de cada um dos Apóstolos, mostrando que a autoridade só pode ser entendida como serviço aos outros.

Depois da purificação, Jesus instituiu a Eucaristia, repartindo o pão e o vinho, transformados em seu Corpo e Sangue. Depois da Ceia, Jesus saiu com seus discípulos e foi para o outro lado do riacho do Cedron, onde havia um jardim. Judas Iscariotes também conhecia este lugar e levou uma tropa e alguns guardas dos chefes dos sacerdotes que prenderam Jesus e o levaram para Anás, começando, assim, o seu calvário. (fonte: Portal PUC Campinas)

Evangelho (Mc 14, 12-16.22-26)

No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus:

«Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».

Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:

«Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: "O Mestre pergunta: Onde está a sala, em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?". Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso».

Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa.

Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse:

«Tomai: isto é o Meu corpo».

Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus:

«Este é o Meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».

Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras.


II  - O quadro de Tintoretto - Museu do Prado, 1548 a 1549, 

"Jesus lavando os pés dos Apóstolos"


       Tintoretto, “Christ Washing the Disciples’ Feet,” 1548–1549, Museu do Prado


III. - Reflexão baseada no Quadro - Daniela Zsupan - Loyola University


A interpretação dramática de Tintoretto de Cristo lavando os pés dos discípulos nos convida a entrar em um grande salão, com arquitetura suntuosa e vistas esplêndidas. Tintoretto nos tira do contexto histórico da Jerusalém do primeiro século para mostrar a atemporalidade do acontecimento. Jogando ainda mais com o tempo, sua grande cena coloca lado a lado o passado, o presente e o futuro. A atenção cuidadosa a essas cenas justapostas nos convoca a navegar pela narrativa visual em forma de U, da direita para a esquerda.

No canto superior direito, obscurecido pela penumbra, está o passado recente: a cena da refeição da Última Ceia. Em primeiro plano está o presente – o momento do lava-pés. Tintoretto reproduz a mesa de jantar para sublinhar uma ligação com a refeição, cujos vestígios ainda perduram como se vê no pão e na jarra. O artista também reduz o tempo entre o lava-pés de Pedro, canto inferior direito, com o efeito que isso deve ter produzido no resto dos discípulos. Eles são convidados a participar do ritual também e, nesta cena, isso ocorre de uma só vez.

Os discípulos e suas variadas respostas ao lava-pés são o foco visual da cena. Os dois ajudando a despir os pés um do outro demonstram urgência. A figura na parte inferior esquerda desfazendo firmemente as tiras das sandálias mostra obediência constante, assim como o discípulo atrás de Jesus removendo a meia. A figura sentada em oração contra uma coluna nas costas é um exemplo de discernimento. Os que ainda estão sentados à mesa significam observação e diálogo e, por fim, a figura mais distante e mais escondida nas sombras mostra suspeita e resistência. Ele provavelmente é Judas.

No canto superior esquerdo da cena, vemos uma vista sobre um pátio com piscina ladeado por arquitetura clássica, que conduz a perspectiva muito além através de um arco. Passando do primeiro plano para o fundo da vista, as imagens nos dão uma visão abreviada dos eventos que acontecerão após a Última Ceia. A urgência dos discípulos prenuncia a sua pressa no jardim quando Jesus é preso. Judas, permanecendo nas sombras, convida-nos para as horas mais sombrias da Paixão de Jesus que se seguirão. A piscina com o barco é a morte, uma reminiscência da antiga mitologia da vida após a morte, especificamente da travessia do rio Estige da morte para a eternidade. A quietude evoca mais o Sábado Santo do que a Sexta-feira Santa. O arco e o obelisco são ambos sinais de conquista e triunfo na arquitetura clássica, e aqui nos dão uma promessa de esperança eterna e da vitória que virá no Domingo de Páscoa. Esta pintura é, portanto, um excelente convite a todo o Tríduo Pascal.

 

Commentary is by Daniella Zsupan-Jerome, director of ministerial formation at Saint John's University School of Theology and Seminary.


IV. - Quem foi Tintoretto

Tintoretto, nome artístico de Jacopo Robusti (Veneza, ca. 1518 — 31 de maio de 1594), foi um dos pintores mais radicais do maneirismo. Por sua energia fenomenal em pintar, foi chamado Il Furioso, e sua dramática utilização da perspectiva e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do Barroco. Seu pai, Battista Comin, era tintore (tingia seda), o que lhe valeu o apelido.

Tintoretto, autoretrato,



Tintoretto saiu pouco de Veneza, ele amava todas as artes, tocava vários instrumentos musicais, alguns de sua invenção, desenhou roupas e adereços para o teatro, era versado em mecânica e era uma companhia agradável. Dificilmente admitia algum amigo no local de trabalho e mantinha suas ideias e modelos escondidos dos olhares, mesmo de seus assistentes. Usava, por insistência da esposa, a roupa de um cidadão de Veneza.

A obra de Tintoretto era desigual, às vezes pintava muito rápido, com uma capacidade impressionante de trabalho. Seus contemporâneos diziam que Tintoretto em algumas obras era igual a Ticiano, em outras era pior que Tintoretto.

A comparação da Última Ceia de Tintoretto com a de Leonardo dá uma demonstração instrutiva sobre como o estilo artístico moveu-se durante o Renascimento. Leonardo é todo clássico response. A disciplina se irradia de Cristo em simetria matemática. Nas mãos de Tintoretto, o mesmo evento é dramaticamente distorcido, enquanto as figuras humanas são elevadas pela erupção do espírito humano. Pelo dinamismo de sua composição, seu uso dramático da luz e seus efeitos de perspetiva, parece um artista barroco antes da hora. (fonte Wikipedia)

V. Mensagem do Papa sobre o Lava Pés -  2023

“O rito do lava-pés não é folclore, mas nos diz como devemos ser”. "Todos podem escorregar, Jesus nos ama como somos". É a mensagem que o Papa Francisco deixa aos jovens na sua breve homilia durante a missa em Coena Domini (Missa do lava-pés), no Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo.

Bergoglio, em sua homilia pronunciada sem texto, recorda Jesus lavando os pés dos Apóstolos: "Os discípulos ficaram espantados quando viram Jesus fazendo trabalho de escravo. Se nós ouvíssemos isto de Jesus, iríamos imediatamente nos ajudar uns aos outros, mas em vez disso nos fazemos de espertos, aproveitando-se um do outro. É bonito ajudar, isso nasce de um "coração nobre"". Cada um de vocês pode dizer: "mas, se o Papa soubesse o que eu tenho dentro. Mas Jesus nos ama como somos, Ele não tem medo de nossas fraquezas. Ele quer nos acompanhar, nos levar pela mão. Farei o mesmo gesto de lavar os pés, mas não é folclore, é um gesto que anuncia como devemos ser".


''Na sociedade - a reflexão - há muitas injustiças: pessoas sem trabalho, pessoas que trabalham e são pagas pela metade, famílias desfeitas. Cada um de nós pode escorregar e isso nos dá a dignidade de ser pecadores. É por isso que Jesus quis lavar os pés para ajudar uns aos outros. Assim, a vida é mais bonita". E Francisco conclui: "Eu espero conseguir porque não consigo andar bem, mas vocês pensem: Jesus lavou os meus pés''.


VI. - Referências


Wikipedia - Tintoretto
Arte e Fé - Loyola Press


segunda-feira, 18 de março de 2024

Sorrento, ponto de passagem especial

 1. - Introdução

A

A história de Sorrento é uma mistura das civilizações que aqui floresceram. Os gregos antigos foram os primeiros a serem seduzidos por sua beleza, chamando-a de "Syrrentum", um nome que ecoa as sereias mitológicas que, segundo a lenda, habitavam suas águas. Diz-se que essas criaturas encantavam os marinheiros com seus cantos hipnóticos, atraindo-os para a costa rochosa de Sorrento, onde encontravam seu destino nas mãos da natureza implacável.

Visão de Sorrento, wiki.en


Com o passar dos séculos, romanos, bizantinos, normandos e espanhóis deixaram sua marca nesta terra, cada um contribuindo para o rico mosaico cultural de Sorrento. As ruínas romanas, igrejas medievais e palácios renascentistas contam histórias de um passado glorioso, enquanto as estreitas ruas mostram a vida e as tradições do presente.

Entretanto, Sorrento não é apenas um relicário de história e cultura. É principalmente um santuário de belezas naturais, onde a magia se manifesta em cada esquina. Os penhascos dramáticos se erguem majestosamente sobre o mar azul-turquesa, oferecendo vistas de tirar o fôlego que inspiraram poetas, pintores e sonhadores ao longo dos séculos. Os jardins exuberantes e os pomares de limões dourados exalam um perfume doce, uma promessa etérea de felicidade e serenidade.

2. - História resumida de Sorrento


A história de Sorrento é rica e multifacetada, marcada por influências de diversas civilizações ao longo dos séculos. Vamos percorrer os principais fatos históricos, desde a sua fundação até os dias atuais, destacando os principais protagonistas e eventos de cada época.

  • Fundação e Era Antiga: Século VIII a.C.: Acredita-se que Sorrento foi inicialmente habitada pelos Italiotas, ou seja, os povos gregos que se estabeleceram no sul da Itália. A cidade era conhecida como Surrentum.
  • Século V a.C.: Os oscos, um dos povos itálicos, tomaram a região, deixando suas marcas na língua e na cultura local.
  • Século IV a.C.: A cidade passa a fazer parte da esfera de influência de Roma. Durante o domínio romano, Sorrento floresceu, tornando-se um resort popular entre os patrícios romanos, como é evidenciado pelas luxuosas villas que pontilham a costa.
Os romanos

  • Idade Média:455 d.C.: A cidade sofre com as invasões dos vândalos.
  • Séculos IX-XI: Sorrento enfrenta constantes ataques de sarracenos e normandos. No entanto, durante este período, a cidade consegue manter uma certa autonomia, graças à sua posição estratégica e às fortificações construídas para se defender dos invasores.
  • 1133: Sorrento é conquistada por Roger II da Sicília, tornando-se parte do Reino Normando da Sicília.
  • Renascimento e Idade Moderna: Século XV: Sob o domínio de Fernando I de Aragão, Sorrento conhece um período de paz e prosperidade. A cidade se torna um centro de humanismo e cultura, atraindo artistas, poetas e filósofos.
Fernando I de Aragão

  • 1558: Sorrento é saqueada pelos otomanos sob o comando de Piyale Pasha, um evento traumático que leva à reconstrução e fortificação da cidade.
  • Era Contemporânea:Século XIX: A cidade se transforma em um importante destino turístico durante o Grand Tour, atraindo escritores, artistas e aristocratas de toda a Europa, incluindo personalidades como Lord Byron, John Keats e Friedrich Nietzsche.
  • Unificação da Itália (1861): Sorrento é incorporada ao Reino da Itália. Durante este período, a cidade continua a florescer como um destino turístico, beneficiada pela sua beleza natural e patrimônio histórico.

Garibaldi, unificação italiana

  • Século XX: Sorrento e a Costa Amalfitana se consolidam como destinos turísticos de elite. A cidade sofre danos durante a Segunda Guerra Mundial, mas se recupera rapidamente, continuando a atrair visitantes de todo o mundo.
  • Dias Atuais: Sorrento mantém seu charme histórico, com suas ruas estreitas, igrejas antigas e vistas deslumbrantes do Mar Tirreno. A cidade é conhecida por sua produção de limoncello, artesanato e como ponto de partida para explorar a Costa Amalfitana, Pompeia e o Monte Vesúvio.

Ao longo de sua história, Sorrento foi palco de eventos significativos e lar de várias figuras importantes, incluindo o poeta Torquato Tasso no século XVI. A cidade reflete um legado de resiliência e beleza, atraindo visitantes com sua rica história, cultura vibrante e paisagens deslumbrantes.


3. - Principais locais para visitar em Sorrento

Sorrento é uma cidade repleta de história e cultura, com muitos de seus pontos turísticos refletindo séculos de desenvolvimento. Vamos revisar os principais locais para visitar em Sorrento, adicionando informações sobre suas datas de construção e seus fundadores, sempre que disponíveis:
  • Il Vallone dei Mulini (Vale dos Moinhos): Este local encantador remonta ao século X, embora o moinho abandonado visível hoje tenha sido construído no início do século XIX. O vale era originalmente usado para moer trigo, com a energia fornecida pela força da água.

Vale dos Moinhos, foto idealista.pt


  • Marina Grande: Embora a Marina Grande seja um porto natural que tem sido usado desde tempos antigos, a configuração atual do porto de pesca e a comunidade que o rodeia desenvolveram-se ao longo de séculos, sem uma data específica de construção ou um único fundador.

  • Marina Piccola: è da Marina Piccola que saem a maior parte dos ferry-boats e barcos para a Costa Amalfitana.
Marina Piccola, wikipedia en
  • Cattedrale di Sorrento: A construção da catedral atual começou no século XV, especificamente no ano de 1474. A catedral foi dedicada a São Filipe e São Tiago e é resultado da evolução de construções religiosas anteriores no mesmo local.

Foto Expedia.com
  • Chiostro di San Francesco (Claustro de São Francisco): Este belo claustro foi construído no século XIV, fazendo parte de um complexo religioso que também inclui a Igreja de São Francisco de Assis. A construção do claustro é atribuída à ordem franciscana, que teve uma presença significativa em Sorrento.
Claustro de São Francisco, dreamstime


  • Corso Italia: O Corso Italia é a principal rua de Sorrento e, como tal, tem evoluído com a cidade ao longo dos séculos. Não há uma "data de construção" específica, pois a rua reflete o crescimento contínuo e as mudanças de Sorrento ao longo do tempo.

  • Museo Correale di Terranova: Este museu foi fundado no final do século XIX, especificamente em 1924, por Alfredo e Pompeo Correale, últimos descendentes de uma das famílias mais nobres de Sorrento, que decidiram legar sua casa e coleções ao público.
  • Bagni della Regina Giovanna: Este local natural, com suas ruínas romanas, tem sido um ponto de interesse desde a antiguidade. A piscina natural e as estruturas associadas não têm uma data de construção específica, mas as ruínas próximas datam do período romano.

Banho da Rainha Giovana, foto Italia.it

  • Belvedere di Sorrento (Mirante de Sorrento): Como um ponto de vista natural, o Belvedere di Sorrento não tem uma "data de construção". No entanto, a área tem sido equipada e melhorada para visitantes ao longo dos anos, especialmente no século XX.

  • Basilica di Sant’Antonino: A basílica original foi construída no século XI, dedicada a Sant'Antonino Abate, o santo padroeiro de Sorrento. A igreja foi reconstruída e ampliada em várias ocasiões desde então.
  • Piazza TassoPiazza Tasso é um lugar central e praça em Sorrento, no sul da Itália . A praça leva o nome do poeta Torquato Tasso (1544–1595).

    Na praça principal, conhecida como Largo da Casta, encontra-se a Igreja Carmelita Barroca del Carmine, pintada de amarelo, que guarda no seu interior uma pintura de Onofrio Avellino da Virgem Maria com São Simão Stock e anjos. Na praça ergue-se uma estátua de S. Antonino Abbate. A rua comercial Via San Cesareo sai da praça para o oeste.

    Também perto da Piazza Tasso fica o Palazzo Correale, agora também um museu, Museu Correale .
Piazza Tasso, pinterest, foto de


  • A produção de Limoncello: O limoncello é uma tradição de longa data em Sorrento, com suas origens exatas  perdidas na história. No entanto, acredita-se que a produção deste licor de limão começou no final do século XIX ou início do século XX.
lemoncello in Il Convento

Cada um desses locais oferece uma janela para a rica tapeçaria histórica e cultural de Sorrento, desde antigos vales de moinhos e portos de pesca até majestosas catedrais e claustros medievais. A cidade é um verdadeiro tesouro de descobertas para qualquer visitante.


3. Pequeno Mapa de Sorrento




4. - Como ir para Positano e Costa Amalfitana

Para ir a Positano de Sorrento por mar, pode-se tomar o trajeto do Porto de Sorrento, conhecido como Marina Piccola. Esse porto è facilmente acessível do centro de Sorrento, seja a pé, de ônibus ou um funicular /ascensor da Praça Tasso, o coração da cidade.   

O serviço é operado por diversas companhias de navegação. Durante a estação turística, de Abril a Outubro, tem mais horários disponíveis.    

As companhias são NLG (Navigazione Libera del Golfo), Alilauro, e Positano Jet, tra le altre.  

Meios de Transporte em Sorrento

No entanto, Sorrento é relativamente pequena e caminhar por ela oferece a oportunidade de apreciar a bela arquitetura e as vistas. Para aqueles que preferem evitar escadas ou terrenos íngremes, há alternativas como o uso de ônibus locais ou um pequeno serviço de ônibus (minibus) que conecta diferentes partes da cidade. Além disso, há um elevador (ascensore) que liga a Piazza Tasso, o coração de Sorrento, à Marina Piccola, proporcionando uma opção conveniente para evitar a caminhada íngreme.

https://www.ferryhopper.com/pt  horários 9:15, 10:00h, 10:30h, 11:00h


5. - Referências

Wikipedia - Sorrento

ChatGpt - Locais e eventos históricos em Sorrento


terça-feira, 5 de março de 2024

Palermo, dos fenícios até a unificação italiana.

 1. - Introdução


No litoral do Mar Tirreno, encontramos essa cidade cuja história é tão rica e complexa quanto os mosaicos que adornam suas igrejas bizantinas. Palermo, não é apenas a capital da Sicília; ela é um epicentro de civilizações, um caldeirão de culturas que se fundiram ao longo de séculos para criar uma tapeçaria urbana diferenciada. A importância histórica de Palermo transcende a mera cronologia de eventos; ela é um testemunho vivo das movimentações humanas que moldaram o Mediterrâneo e, por extensão, o mundo.

Palermo, foto dreamstime.com

Desde os seus primeiros dias como um porto fenício até se tornar o cobiçado prêmio de impérios, Palermo viu o nascimento e a queda de dinastias, sobreviveu a conquistas e reconquistas, e emergiu como um farol de tolerância e coexistência cultural em tempos frequentemente marcados pela divisão e conflito. Cada camada de seu passado, de seus muros antigos e palácios opulentos a suas igrejas normandas e mercados árabes, conta uma história de intercâmbio e influência, de poder e resistência.

A cidade foi mais do que uma testemunha passiva da história; ela foi uma participante ativa, moldando e sendo moldada pelos povos que nela se estabeleceram. Os fenícios trouxeram comércio, os romanos, estrutura; os bizantinos, fé; os árabes, inovação; os normandos, unificação; e assim por diante, até os tempos modernos, onde Palermo enfrenta os desafios da contemporaneidade mantendo seu rico patrimônio.

A importância de Palermo reside sobretudo na sua capacidade de ilustrar a complexidade da experiência humana. Ela serve como um lembrete de que a cultura, a arte, a ciência e a religião podem florescer mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras, e que a diversidade, longe de ser uma fonte de divisão, é uma fonte de força e beleza. Palermo é, em muitos aspectos, um microcosmo da história mediterrânica e mundial, um lugar onde o passado é sempre presente, convidando-nos a explorar, aprender e, acima de tudo, a apreciar a riqueza da herança humana. (fonte Chat GPT)


2. - Resumo Histórico


2.1 Fundação e Domínio Romano (8º século a.C. - 5º século d.C.)

A história de Palermo começa com os fenícios, navegadores e comerciantes que, no 8º século a.C., estabeleceram um porto que serviria como um elo vital no comércio mediterrâneo. A cidade, conhecida então como Ziz, floresceu sob o domínio romano após a Primeira Guerra Púnica em 254 a.C., tornando-se um centro próspero até a queda do Império Romano no século V d.C.

  • Aníbal Mago: General cartaginês que, segundo relatos, fundou um assentamento no local que viria a ser Palermo durante as Guerras Púnicas.
  • Sérvio Túlio: Embora não diretamente relacionado a Palermo, como rei de Roma, ele expandiu o império, o que incluiu a Sicília após as Guerras Púnicas.


2.2 A Era Bizantina e a Conquista Árabe (535 - 1072)


Com a divisão do Império Romano, Palermo caiu sob domínio bizantino em 535, marcando o início de uma era de fortificações. 

O personagem da era bizantina foi Belisário: General bizantino que reconquistou a Sicília

  • ília dos ostrogodos no século VI, reintegrando-a ao Império Bizantino.

Conquista Árabe

No entanto, foi a conquista árabe, iniciada em 831 e concluída em 1072, que transformou profundamente Palermo. Os árabes introduziram novas técnicas de irrigação, cultivando laranjas, limões e cana-de-açúcar, e fizeram de Palermo a capital do Emirado da Sicília, transformando-a em uma das cidades mais esplêndidas do Mediterrâneo, conhecida como "a cidade dos 300 minaretes".

As principais construções do período foram:

  • La Kalsa: O bairro histórico de La Kalsa, com suas ruas estreitas e mercados, reflete o planejamento urbano árabe.

Palermo, La Kalsa

  • Banho Árabe (Hammam): Embora raros, alguns banhos árabes ainda podem ser encontrados, testemunhando o estilo de vida e as práticas sociais da época.


O personagem de destaque nesse período foi Asad ibn al-Furat: Jurista e general árabe que liderou a conquista islâmica da Sicília no século IX, estabelecendo a presença muçulmana na ilha.

2.3 O Esplendor Normando: A Fusão de Culturas (1072 - 1194)


A chegada dos normandos em 1072, liderados por Roberto Guiscardo e seu irmão Rogerio de Hautervile (Roger I), marcou o início de um período de esplendor sem precedentes. 

Roger II, filho de Roger I, fundou o Reino da Sicília em 1130, unificando a Sicília, a Calabria e Puglia, e fazendo de Palermo sua capital. Sob seu reinado, a cidade tornou-se um centro de cultura e aprendizado, um lugar onde cristãos, muçulmanos e judeus coexistiam pacificamente. 

A Catedral de Palermo e o Palazzo dei Normanni, com sua deslumbrante Capela Palatina, são testemunhos da grandeza normanda.

  • Catedral de Palermo: Iniciada em 1185, é um exemplo da arquitetura normanda que incorpora elementos árabes e bizantinos.
catedral de Palermo, panormus.es

  • Palácio dos Normandos (Palazzo dei Normanni): Originalmente um forte árabe, foi expandido e transformado em uma deslumbrante residência real pelos normandos. Dentro dele, a Capela Palatina, com seus mosaicos bizantinos, é um dos exemplos mais impressionantes da síntese cultural normanda.
Palacio dos Normandos

  • Igreja Martorana (Santa Maria dell'Ammiraglio): Fundada em 1143, é famosa por seus belos mosaicos bizantinos e uma fusão de elementos arquitetônicos normandos, árabes e bizantinos.
Igreja Martorana, wikipedia

  • Igreja de San Giovanni degli Eremiti: Notável por suas cúpulas vermelhas que refletem a influência islâmica, foi construída em 1132 e é um símbolo da coexistência das culturas normanda e árabe.

Os personagens do período normando são Roger I e Roger II.

2.4 Sob a Sombra dos Hohenstaufen e a Vesper Siciliana (1194 - 1282)


O final do século XII viu a ascensão da dinastia Hohenstaufen, com Frederico II fortalecendo o papel de Palermo como um centro cultural da Europa medieval. No entanto, a repressão contra a população local levou à revolta das Vésperas Sicilianas em 1282, um levante que marcou o fim do domínio alemão na Sicília.

Domínio Suábio

  • Castelo de Zisa: Construído por Guilherme I da Sicília, o Bom, no século XII, este palácio reflete a admiração normanda pela arte e arquitetura islâmica, incorporando elementos árabes em seu design.


  • Catedral de Monreale: Iniciada em 1174, sob Guilherme II, a catedral é uma das maiores realizações do período normando na Sicília, com impressionantes mosaicos que cobrem o interior, representando cenas bíblicas.


2.5 A Era Aragonesa e Espanhola: Entre a Opulência e a Opressão (1282 - 1713)

Sob o domínio aragonês e, posteriormente, espanhol, Palermo experimentou tanto a opulência quanto a opressão. O século XVII, em particular, foi marcado por revoltas contra a pesada tributação imposta pela coroa espanhola. A peste de 1624 e o subsequente declínio econômico levaram a um período de estagnação.

Período Aragonês

  • Palácio Chiaramonte-Steri: Construído no início do século XIV, reflete a arquitetura gótica-catalã, marcando o início da influência aragonesa na Sicília.
Domínio Espanhol
  • Oratório do Rosário de Santa Cita: Embora a construção original date de períodos anteriores, os esplêndidos estuques de Giacomo Serpotta, adicionados no final do século XVII, refletem a exuberância do Barroco Siciliano.


  • Palazzo Pretorio (Praetorian Palace): Conhecido também como Palazzo delle Aquile, foi grandemente expandido e renovado durante o domínio espanhol, refletindo o poder e a influência da Espanha em Palermo.


Personagens do período aragonês e espanhol:
  • Pedro III de Aragão: Conquistou a Sicília após as Vésperas Sicilianas, um levante popular contra o domínio angevino.
  • Carlos V: Como rei da Espanha e imperador do Sacro Império Romano-Germânico, sua política e guerras tiveram um impacto significativo na Sicília durante o domínio espanhol.

2.6 O Renascimento de Palermo: Unificação Italiana e Além (1860 - Presente)


A expedição dos Mil, liderada por Giuseppe Garibaldi em 1860, foi um ponto de virada, culminando na anexação da Sicília ao recém-formado Reino da Itália. O século XX viu Palermo enfrentar desafios, incluindo a devastação da Segunda Guerra Mundial e a luta contra a Cosa Nostra. No entanto, a cidade renasceu das cinzas, transformando-se em um vibrante centro cultural e turístico.

  • Teatro Massimo: Inaugurado em 1897, é um dos maiores teatros de ópera da Europa, representando o apogeu da arquitetura neoclássica na Itália.
Teatro Massimo, wikipedia


  • Mercado Vucciria: Embora o mercado em si seja muito mais antigo, ele se expandiu significativamente no século XIX, refletindo a vitalidade e a diversidade da vida urbana de Palermo.



Idade Contemporânea de Palermo - Personagens importantes
  • Giovanni Falcone e Paolo Borsellino: Juízes e heróis anti-máfia que dedicaram suas vidas a combater a Cosa Nostra em Palermo, ambos assassinados em 1992.


3. - Outros pontos de visitação ou destaque em Palermo 


- Capela Palatina




- Cúpula da Igreja Monreale



4. - Referência


https://panormus.es/Palermo/Via-Vittorio-Emanuele/Catedral-de-Palermo.html

La Cappella Palatina, fatta costruire da Ruggero II di Sicilia, con porte normanne, archi arabi, cupola bizantina, e il tetto ornato con scritte arabe